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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 20 de abril de 2021

A MINHA RICA CASINHA

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Nos tempos da minha juventude, o trabalhador – em geral a família vivia do seu salário, – era mal pago, mesmo assim, muitos possuíam pé-de-meia.
Da magra féria, o obreiro, se era poupado, guardava parte, para o sustento da família, e depositava o restante, receando o desemprego, e na vaga esperança de um dia adquirir casinha.
Preferia aforrar na Caixa Geral de Deposito ou noutra Caixa, que desse juros mais elevados, que os bancos, com a vantagem de aceitarem pequenas quantias.
O desejo de quase todos, principalmente os que pertenciam à classe média (qual a quantia mínima necessita a família, nos nossos dias, para pertencer à dita classe?) era virem a possuir a casa própria. Cantinho que pudessem dizer que era seu.
Pergunto agora: valerá a pena comprar a casinha?
No final do século XX, li num jornal do interior, a história de dois irmãos. Um trabalhador; outro valdevinos, que fazia biscates e vivia à custa do salário da mulher.
O trabalhador, comprou andar e ficou a pagar mensalidades ao banco.
O outro, construiu barraco, nos subúrbios.
O trabalhador, aforrava tudo; nem féria tinha. O valdevinos ausentava-se: no Verão para as morenas areias algarvias, e no Inverno, feriava na Serra da Estrela, ou ia para Serra Nevada.
Um dia, as autoridades, demoliram o barraco, e deram-lhe apartamento confortável, a renda simbólica.
Entretanto o trabalhador, mourejava para pagar sua rica casinha, fazendo grandes sacrifícios, aforrando tudo que podia, para cumprir as mil obrigações.
Perguntava o articulista: valerá a pena comprar casinha? Ter que pagar: impostos, derramas, obras, condomínio, seguros etc.…etc. … Vendo assim as coisas, direi que não…
A vida sempre foi, e será dos espertos, e não de quem trabalha e aforra; e quem governa, parece gostar, por vezes, mais do valdevinos, que do trabalhador honrado e honesto. Quem saberá a razão?

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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