“Este ano temos o grande problema da seca que veio prejudicar muito a caça também. Certamente que muitos animais devem ter morrido devido à falta de água.
A nível da caça menor, já havia dificuldades em todo o país e não só aqui, mas na nossa região, onde o clima é muito mais agreste e seco, a caça leva um arrombo cada vez maior.
As próprias árvores autóctones daqui já estavam a secar no início do verão por falta de humidade, pois já há praticamente um ano que não chovia.
Não antevemos um ano venatório promissor. “
As doenças e as alterações climáticas têm afetado mais as espécies de caça menor e os efetivos vão diminuindo:
“É na caça menor, coelho, lebre e perdiz, que está o maior problema. A maior parte das zonas de caça já não têm praticamente coelhos.
A nível de caça maior ainda vai havendo alguma coisa, pois esta tem conseguido adaptar-se melhor à nova realidade das alterações climáticas, cada vez maior falta de sementeiras e tem sido imune às doenças, aqui na nossa região pelo menos, mas o mesmo já não se pode dizer em relação à caça menor.
Se nada for alterado, as pessoas tendem a desmoralizar, o que é normal, pois andar por lá todo o dia e não ver uma peça de caça é chato.
É um problema que nos ultrapassa e que acontece também no Sul, e em grande parte da Península Ibérica.”
E parece não haver outra solução a não ser encontrar uma vacina eficaz para a doença hemorrágica, que é a principal causa de morte do coelho-bravo:
“Para já, ainda não se descobriu uma forma de erradicar a doença. Refiro-me ao coelho mas parece que em algumas zonas do Sul também já estão a aparecer problemas nas perdizes e em algumas lebres.
Algumas zonas de caça têm insistido em repovoamento, mas já se viu que não dá resultado porque as populações doentes depois também a vão transmitir àqueles que são introduzidos.
Em vez de andarmos toda a vida à procura do problema, precisávamos de arranjar uma vacina que começasse a contrariar a doença, apostar fortemente nisso.
O Projeto + Coelho, a nível nacional, incidia muito na identificação do problema e muito pouco na solução, em arranjar uma vacina. O coelho é a base da caça menor e havendo efetivos já não há tanta pressão nas outras espécies.
Se o Estado apostasse fortemente nisso, haveríamos de encontrar uma solução.”
A semana passada a Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses reuniu com o Secretário de Estado das Florestas para apresentar esse e outros problemas do setor.
A época venatória em terrenos não ordenados começa a 2 de outubro.
A caça à rola-comum continua proibida até 2024.
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