António Ferreira é um habitante desta aldeia do distrito de Bragança e avançou à Lusa que já fez contas ao caudal desperdiçado. Se aproveitado, acredita que, num ano normal de pluviosidade média durante o inverno, seria possível criar uma reserva de água estratégica que daria para três anos de regadio e consumo público.
“Poderia ser construída uma pequena barragem, mas com grande potencial de armazenamento para este território. Mesmo que haja três anos de seca contínuos, o abastecimento para vários fins era garantido”, indicou o também especialista na construção de estações de tratamento de água e outros sistemas relacionados com o meio ambiental.
Em entrevista à Lusa, as pessoas que se reuniram num café da localidade garantiram que esta água da Saíça é de “qualidade reconhecida” e corre livremente há cerca de 40 anos através de um riacho que desagua no rio Douro, sem qualquer aproveitamento ao longo do seu percurso. Contaram ainda que o ano de 2022 foi de muita falta de água mas esta nascente nunca secou e apresentou sempre “bastante caudal”.
Para fazer um primeiro aproveitamento de parte desta água que corre a céu aberto, a junta de freguesia construiu uma fonte onde muita gente se vai abastecer “tal é a sua frescura”, apesar do difícil caminho de acesso.
Sobre a água da Saíça, contam os mais velhos da aldeia que é fresca e muito boa, como relatou Mavilda Almeida, acrescentando que é melhor do que a que vem da barragem do Palameiro, considerando por isso importante devolvê-la à aldeia.
O presidente da Junta de Freguesia da Lousa, António Martins, disse que a Saíça foi a principal fonte de abastecimento de água de “qualidade” à aldeia durante muitos anos, só que desde meados da década de 80 do século passado ficou ao abandono após a construção da barragem do Palameiro que abastece um conjunto de aldeias vizinhas.
“A canalização que levava a água a aldeia, devido à pressão no sistema de abastecimento, tinha muitas ruturas, o que provocava muitos inconvenientes à população e foi necessário arranjar uma outra alternativa, com o município de Moncorvo a apostar na construção de uma barragem no Palameiro que abastece para além da Lousa, Cabeça Boa, Castedo e Horta da Vilariça", disse.
De acordo com o autarca, após esta solução, o ponto de abastecimento da Saíça ficou ao abandono, estando agora a pensar-se no aproveitamento da água com elaboração de projetos de construção de criação e mini-hídricas para regadio, abastecimento à população e combate aos fogos florestais.
O autarca garante que desde o momento que entrou em funcionamento a barragem do Palameiro, deixou de haver problemas de abastecimento de água em quantidade e qualidade na Lousa e aldeias vizinhas.
“De momento, há uma concertação de esforços entre a associação de regantes, junta de freguesia e município para a elaboração de um projeto no local da Saíça para a construção de uma mini-barragem/charca que depois faça distribuição da água por vários pontos do território da freguesia utilizando a gravidade”, explicou.
Em comunicado, a Junta de Freguesia da Lousa avançou que já adquiriu os terrenos onde as antigas instalações de abastecimento de água da Saíça estão implantadas
“Após a compra, a junta de freguesia efetuou diligências no sentido de ali construir uma charca/barragem, o que não aconteceu porque o Governo não abriu a possibilidade de candidaturas para tal”, vincou o presidente da junta de freguesia da Lousa, António Martins.
O autarca recordou que há cerca de um ano, um grupo de agricultores tomou a iniciativa de criar a Associação de Regantes da Lousa, a quem a quem a Junta de Freguesia presta apoio total desde a primeira hora.
Segundo António Martins, a Câmara de Torre de Moncorvo acolheu de bom grado a iniciativa e tem desenvolvido ações que possam conduzir ao total aproveitamento das águas da nascente da Saíça, tendo para o efeito previsto no orçamento de 2023 uma verba destinada a suportar a elaboração de todos os estudos e candidaturas a fundo estatais/comunitários.
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