De acordo com o índice de preços que recolhe informações em portais imobiliários e páginas da internet de agências do setor, e que analisa 20 cidades de Portugal continental e ilhas, em Bragança os preços de quartos para estudantes oscilam entre os 129 e os 250 euros, mínimos e máximos.
De acordo com o mesmo estudo, em setembro de 2021, data mais recuada disponível desta compilação de dados, em Bragança o preço médio de um quarto era de 123 euros. Há três anos, o preço mínimo era de 92 euros e o máximo era 261 euros.
“Hoje em dia já começa a ter os mesmos valores do que o litoral (…). No futuro, pode ser um entrave para virem estudar para Bragança e isso preocupa-nos”, referiu à Lusa André Caldeira, presidente da Associação Académica do Instituto Politécnico de Bragança.
O representante da academia estudantil atestou que o custo de um quarto tem vindo a aumentar, sendo que neste momento há os que passam já “a casa dos 200 euros, muitos deles 220 ou 250”.
“E alguns deles com condições que não são as mais desejadas, principalmente em Trás-os-Montes, em que o frio no tempo de inverno se faz sentir”, continuou André Caldeira.
O jovem relatou que ainda continua a ser frequente “passar ou não recibo”, sendo que, em caso afirmativo, “o preço parece que dispara”.
“Devia haver uma tabela e controlo de alguma entidade para conseguir controlar essa parte do alojamento”, defendeu André Caldeira.
Gabriela Rente entrou em Arte e Design. É de Seia. Encontrar quarto em Bragança, disse, “não foi assim tão difícil, mas também não foi assim tão fácil”, porque os preços com que se deparou não foram os mais convidativos.
“Pago 220 euros, mais as despesas. Então, torna-se um bocadinho caro”, confessou a jovem, acrescentando que vinha prevenida para rendas entre os 150 e os 200 euros.
Maria Madaíl é de Aveiro e está no primeiro ano de Línguas para Relações Internacionais. Paga o mesmo do que Gabriela, 220 euros por um quarto.
“Como estamos mais longe, achava que ia ser muito mais barato. Com as despesas da escola e da alimentação, pago um balúrdio. E não tenho ajuda de bolsas”, partilhou Maria.
Já Francisca Camelo, de Celorico de Basto, aluna do segundo ano do curso técnico superior de Acompanhamento de Crianças, esteve num quarto a 175 euros mensais, mas optou neste período letivo por um a 200 euros, porque o anterior “ficava a meia hora” de distância da escola.
Com o bolo dos gastos a cada mês e sem direito a bolsa de estudos, Francisca admitiu que “está a fazer um esforço para estudar”.
O Instituto Politécnico de Bragança (IPB), com polos em Mirandela e Chaves, tem cerca de 10 mil alunos. Este ano, no total de todas as fases de acesso, registaram-se cerca de 2300 novas inscrições.
O presidente, Orlando Rodrigues, revelou que as camas que a instituição tem à disposição ainda não são suficientes para os bolseiros que têm, mas garantiu que estão a trabalhar nisso.
“O alojamento é uma dificuldade. Tem havido um desajustamento entre a oferta e a procura, uma vez que houve um crescimento acentuado nos últimos anos (…). Estamos a procurar resolver este problema com mais oferta de residências”, disse Orlando Rodrigues, relembrando que o IPB tem quatro residências em construção na região, que representam mais 500 camas a juntar às 350 já existentes.
O politécnico aderiu também ao programa governamental Alojamento Estudantil Já, anunciado este ano letivo, e que permitiu ao IPB adicionar cerca de 60 camas, 20 das quais estão, segundo foi informado pela Diocese Bragança-Miranda, no Seminário de S. José.
Os acordos Alojamento Estudantil Já previam criar, em todo o país, 709 alojamentos em 22 Pousadas da Juventude e em quatro unidades do INATEL.
O Governo também disponibilizou às instituições do ensino superior “5,5 milhões de euros para celebrarem protocolos com entidades, públicas, privadas ou sociais.
Contactado pela agência Lusa, o Ministério da Juventude e Modernização informou que “até ao momento foram ocupadas 222 camas em Pousadas da Juventude, num total de 673 disponibilizadas, e 6 camas em alojamentos do INATEL, num total de 36 disponibilizadas”.
Já através da linha de crédito foram contratadas 428 camas ao abrigo desta medida e cerca de mais 400 em fase de contratualização, segundo ainda o gabinete de Mariana Balseiro Lopes.
“Não chega, mas já é uma ajuda para estabilizar um pouco o mercado. De qualquer forma, os privados também estão a responder. Tem havido bastante investimento, de mais qualidade (…). Necessariamente, nos próximos anos, este problema resolver-se-á”, rematou Orlando Rodrigues.
Arrendar um quarto em Portugal tem um custo médio atual de 398 euros, segundo o mesmo observatório PNAES. Em oposição a Bragança, a cidade mais cara é Lisboa, onde um lugar para dormir custará em média a um estudante 485 euros.
Sem comentários:
Enviar um comentário