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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Cutelaria - A arte de Francisco Cangueiro nos punhos de facas

De ponta mais ou menos aguçada, para uso diário ou para decoração, as facas de Francisco Cangueiro são talhadas à mão, tornando-as peças únicas. O ofício, que «nasceu de uma brincadeira», tornou-se profissão e há mais de 25 anos que de madeira, dentes e chifres saem trabalhados os punhos de facas, foles e outras peças.
Um pequeno martelo dá pancadas suaves num estilete que fere a madeira. Os instrumentos de trabalho são manuseados pelas mãos calejadas de Francisco Cangueiro. Com paciência e saber vai dando vida ao fole de madeira. Francisco Cangueiro dá expressão a diversos utensílios, mas a cutelaria marcou o início da sua vida. As facas que faz «são funcionais. As pessoas procuram para a cozinha, ou então para a caça», comenta.
Aliás, é nos caçadores que consegue algum do material para trabalhar. «Os chifres, por exemplo, são os caçadores que me trazem e dão em troca de faca», explica Francisco Cangueiro, acrescentado que «as madeiras e as lâminas compro-as».
Na fábrica de navalhas Fil MAN, em Palaçoulo, concelho de Miranda do Douro, de onde é natural, Francisco Cangueiro deu os primeiros passos no ofício. Paralelamente, o artesanato ia-se desenrolando como um passatempo. Aos poucos ganhou espaço e tornou-se o dia-a-dia. «Começou como uma brincadeira», conta Francisco, enquanto desvia o olhar do fole de madeira que está a esculpir, para mostrar a sua arte no decorrer da Feira de Gastronomia de Santarém.
Talhar punhos de facas foi durante muito tempo o passatempo deste artesão de 49 anos. «Madeira, dentes e cornos de animais, um martelo e um pequeno estilete era tudo quanto necessitava para dar forma aos punhos das facas», explica. O desenho sai no momento, são figuras que se assemelham ao homem, outros aproximam-se mais de seres sobrenaturais. Os clientes foram surgindo e «há mais de 25 anos que esta é a minha profissão», explica Francisco Cangueiro.
A sua arte foi ganhando contornos de negócio e os modelos multiplicam-se. As mãos laboriosas começaram, então, a talhar grandes pedaços de madeira dando corpo, por exemplo, a representações da última ceia. Começa a fazer quadros onde esculpe brasões e outras imagens. «E assim os foles» diz, apontando para o trabalho que agora tem entre mãos.
O filho começa a acompanhar Francisco Cangueiro nesta aventura pelos ofícios tradicionais. O artesão revela-se feliz e esperançoso ao confessar-nos o interesse do filho pela arte. «Tenho esperança de que ele continue», afirma. Aproximam-se curiosos, e potenciais clientes. É hora de nos despedirmos de Francisco Cangueiro e deixá-lo continuar a sua talha.

(Sara Pelicano)
in:cafeportugal.net

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