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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Os Moinhos de Água na Terra Fria Transmontana

Moinho do Bleu em Outeiro - Bragança
Quanto custa recuperar este património?
Trocos meus amigos...trocos.
Foto de Paulo Rodrigues
Moinhos e Azenhas são dois termos que designam engenhos hidráulicos, respectivamente de roda horizontal e de roda vertical, que se sabe terem sido introduzidos em diferentes versões, não completamente discerníveis, pelos romanos e pelos árabes. Uns e outros proliferam em todas as áreas montanhosas sulcadas por linhas de água de regime torrencial, podendo adiantar-se que, ainda em 1965, só nas Beiras, Alto Douro e Trás-os-Montes se registavam oito mil.
Destes engenhos, interessam-nos particularmente os de roda horizontal, bem adaptados ao regime torrencial dos ribeiros de montanha, que quase secam no estio. Por isso mesmo a sua actividade anual se reduzia a pouco mais que os meses de Inverno. Eram estes moinhos os mais correntes na Terra Fria Transmontana, utilizados na moagem do cereal (centeio, trigo e milho) havendo outros, semelhantes mas muito mais raros, usados na fiação do linho e na serração de madeira.
Estes moinhos de roda horizontal são de rodízio, com penais não ocorrendo nesta região os de sistema de turbina por rodete submerso.
O edifício, de pequena dimensão, não ultrapassando 5 x 7 metros, é constituído por paredes muito resistentes em alvenaria de xisto ou granito, conforme a natureza geológica do local e com cobertura de duas águas geralmente em lajetas de lousa ou com tosco telhado. Localiza-se nas margens ou pelo menos na proximidade das linhas de água de forte caudal, onde é possível criar um açude, que alimenta uma levada que o vai accionar.
Moinho de àgua de Vale da Cile em Outeiro-Bragança
Foto de Paulo Rodrigues
O engenho motor - o rodízio - é uma roda horizontal (cabaço) com cerca de dois metros de diâmetro, que tem inserida uma numerosa série (geralmente 20) de palas côncavas (penas) centrada num eixo vertical (pela ou árvore). A água da levada, repuxada em jacto por um orifício do cubo, é dirigida contra as penas fazendo rodar o rodízio e a pela, que está solidária com a mó e lhe transmite o movimento.
Os moinhos de roda vertical ou azenhas, muito mais raros na Terra Fria Transmontana, são constituídos por uma grande roda vertical de duplo aro lateral, enquadrando palas que são propulsionadas pela corrente da levada, fazendo-a girar e transmitindo esse movimento às mós.
A disposição no interior do edificio reserva o sobrado à moagem propriamente dita, sendo o exíguo espaço quase todo ocupado pelas mós ou pedras (pouso e andadeira), pela tremoia e a sua sustentação, onde se acumula o grão, pelo aliviadouro, que comanda a engrenagem do rodízio e pelo pejadouro, que controla a saída da água do cubo (ou canal). O nível subjacente ao sobrado, geralmente conhecido por cabouco, inferno ou aguadouro insere todo o mecanismo do rodízio e conduz a água.
Interior do Moinho do Bleu - Outeiro-Bragança
Não vão muitos anos que se viam ainda na Terra Fria Transmontana bastantes moinhos em plena actividade. A maioria deles eram designados "Moinhos do Povo" e pertenciam à população de cada uma das aldeias, sendo geridos e mantidos pela comunidade local e utilizados à vez de acordo com o regulamento aprovado pelo Concelho do Povo. Cada aldeia, conforme a sua dimensão e produção, tinha um, dois ou três moinhos junto às ribeiras mais próximas quando o seu regime hídrico se ajustava convenientemente e, em regra, não muito longe.
Num levantamento levado a efeito em 1979 pelo Centro de Estágio de Educação Visual da Escola Preparatória de Bragança identificaram-se, só neste concelho, 77 moinhos em laboração e muitos já desactivados, alguns até em ruínas. Hoje a situação é muito mais gravosa, tendo sido possível registar na mesma área apenas 54 e, ao que se crê, todos eles inactivos ou com alguma actividade não regular. O estado de conservação é, na generalidade, mau ou mesmo de ruína.
Na Terra Fria Transmontana a maioria dos moinhos de água localizam-se na rede de afluentes e subafluentes do Sabor e do Tuela, com maior concentração a norte da cidade de Bragança. No sul desta região são praticamente inexistentes, registando-se alguns perto de Izeda, na Ribeira de Vilalva.

in:rotadaterrafria.com

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