O “Castelo de Vila Flor” localizava-se na freguesia, vila e concelho de Vila Flor, distrito de Bragança, em Portugal.
Tinha como função a defesa da povoação e deste trecho do caminho de Santiago na região. Do conjunto resta-nos hoje apenas um pequeno troço da primitiva cerca da vila, e o chamado Arco de D. Dinis. Inscreve-se na Região de Turismo Nordeste Transmontano.
História
O castelo medieval
Admite-se que, à época da Reconquista cristã da península Ibérica, a povoação foi fundada por volta do século XI, dentro da política de repovoamento do território promovida pelos reis de Castela. Sede de Concelho, foi inicialmente conhecida como "póvoa de além Sabor", uma vez que se situava além daquele rio, com relação ao reino de Castela.
Compreendida nos domínios do Condado Portucalense, passou a integrar o território português quando da sua emancipação política.
O topónimo Vila Flor é pela primeira vez referido documentalmente na carta de foral passada por Diniz I de Portugal (1279-1325) elevando a povoação a vila (24 de maio de 1286). Reza a tradição local que, quando da sua passagem a caminho da raia mirandesa, indo receber a sua noiva, D. Isabel, o soberano ficou tão impressionado com a exuberância da paisagem e a variedade das flores campestres, que a rebatizou como “Vila-Flor”. No mesmo ano nova vila recebeu a concessão de toda a parte norte do termo de Santa Cruz de Vilariça. Datará deste período a construção do castelo, citado pelo próprio soberano já em 1295, numa carta resolvendo uma contenda entre os concelhos de Vila Flor e Torre de Moncorvo por "razom da fortaleza que mandei fazer em essa vila da torre de meencorvo, e porque eu mandey que metesedes as terças das eigrejas de vila frol primeyramente, e depois que er metesedes as terças da torre de meencorvo na fortaleza de vila frol".
Fernando I de Portugal (1367-1383) doou a vila a João Rodrigues Portocarreiro (1381).
A povoação tomou impulso ao final do período medieval ao acolher famílias judaicas expulsas de outras regiões da Europa, e que aqui desenvolveram a agricultura, o comércio e as manufaturas de curtumes e ourivesaria.
Do século XVI aos nossos dias
Manuel I de Portugal (1495-1521) passou-lhe o Foral Novo (4 de maio de 1512), reformando o anterior. A nova política com relação aos judeus em Portugal, entretanto, afugentou essa população, o que conduziu ao abandono de domicílios e de ofícios e ao declínio da vila.
No século XVIII registou-se a demolição da torre reaproveitando-se a sua pedra para a construção da nova Igreja Matriz.
Na segunda metade do século XIX, por iniciativa da Câmara Municipal, foi demolida uma das portas da cerca (1861), assim como a porta do Rossio, que se abria para o largo do mesmo nome (1868). Em 1875 PINHO LEAL referiu:
"(…) no local que hoje occupa a egreja matriz e que é o ponto culminante do bairro murado (...) houve em tempos remotos um castelo ou torre de menagem. Tendo cahido em ruinas e tornando-se inutil depois da invenção da artilheriam não mais restauraram aquellas obras de defesa e com a sua pedra construíram a egreja anterior á egreja actual, no mesmo sitio do castelo ou da torre" (Op. cit., p. 732.)
O mesmo autor refere ainda a existência, junto à Porta da Vila, de um pequeno lanço das velhas muralhas, tendo contígua uma casa de dois andares (reformada em nossos dias), e denotando grande antiguidade, parecendo ter sido uma torre ou fortim para defesa da dita porta. (Op. cit.)
Em 1944 as vistorias para elaboração do processo de eventual classificação do castelo de Vila Flor constataram que somente restava o arco da Porta Sul (ou de D. Dinis), assim como uma estrutura anexa que faria parte da cerca. Esse conjunto encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto nº 40.361, publicado no Diário do Governo, I Série, n.º 228, de 20 de outubro de 1955.
Nos anos de 1961-1962 um dos proprietários da casa que se adossa à Porta reportou o estado de ruína da estrutura, tendo solicitado à Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) uma intervenção. Sem resposta, em março de 1964, formulou uma queixa, da derrocada de uma parte do imóvel, em virtude do mau tempo, declarando-se estar perante situação de perigo. Entre 1964 e 1965 teve início o processo de compra do imóvel pelo Estado, tendo a DGEMN iniciado, em 1965, os trabalhos de desafogo da muralha e consolidação do arco da porta. Na ocasião foi demolido o prédio em ruína e efetuada a limpeza do terreno libertado e a consolidação do cunhal do prédio contíguo, entre outros.
Em 1999 a Câmara Municipal procedeu o arruamento, a quando do licenciamento pelo Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR).
Do conjunto resta apenas uma portada de arco apontado granítico, onde são visíveis os entalhes para o encaixe das portas, designada por Porta da Vila ou de D. Dinis, defendida por uma torre semicircular, virada a sudeste., construída em pequenos blocos de granito e xisto. Existe ainda uma pequena parte de pano de muralha, mas encontra-se, na sua maioria, embebida na malha urbana, e, por isso, imperceptível. O ligeiro declive é compensado por grandes degraus, calcetados à portuguesa.
Características
Na cota de 537 metros acima do nível do mar, o castelo, urbano, seria constituído pela torre de menagem (PINHO LEAL, 1875:732) e por uma cintura envolvente de muralhas, na qual se rasgavam originalmente cinco portas. Dessas portas restam apenas os vestígios de uma, denominada como Porta Sul ou Arco de D. Dinis, em arco apontado, com as dimensões de 3,5 metros de largura por 4 metros de altura, defendida por duas torres de planta semicircular.
Existem ainda vestígios de um adarve, ou caminho de ronda. A torre e os panos murários que restam são construídos em alvenaria de xisto miúdo.
in:fortalezas.org
Sublime, história para não esquecer
ResponderEliminar