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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

DANOS IRREVERSÍVEIS NO VALE DO TUA

A paisagem agreste e de fragaredos está-me na retina da infância. Para quem, até aos 11 anos não tinha outro horizonte além da aldeia e pouco mais, aquela paisagem selvagem e um rio entalado e contorcido entre as fragas abria-me os olhos para outras realidades, quando viajava na terceira-classe de bancos de madeira do comboio.

Dos meus condiscípulos só o António Serrano, filho de um escrivão judicial de Murça, viajava em segunda-classe, em bancos de napa, mal cheirosa. Eu achava aquilo uma estragação de dinheiro e a privação da companhia dos amigos. E recebia o rótulo de «copinho de leite».

Essa paisagem de saudade no «camboio do Tua» acabou e com ela morre a obra-prima da engenharia ferroviária lusa oitocentista. Sinto as palavras do «Pinóquio» a dizer ao Presidente da EDP que o Tua precisava de betão. A luta tem sido desigual e de muitas falsas promessas, mas desde filmes, concentrações, manifestações e participações, até para a UNESCO, têm tentado travar o dinheiro viciado.

Com o avanço da barragem vamos ficar mais pobres no campo cultural e turístico e os ganhos energéticos nunca cobrirão os da potencialidade turística da ferrovia. Estivesse o comboio do Tua a deslizar pelos centenários carris e as revistas de turismo mundial já o tinham badalado, como uma forte alavanca do Douro vinhateiro. Com este embalse, o clima propício ao licoroso sol engarrafado duriense, vai perder brilho, finura e espírito.

Até o famoso surfista, Garrett McNamara, das ondas gigantes da Nazaré aderiu à causa, liderada pela «Plataforma Salvar o Tua». Artistas solidários lavraram documentários, vídeos e canções em letra e música d’"Um dos sítios mais lindos que vi"... Mas, as rádios e os meios de comunicação engajados ao capital desavergonhado e selvagem ignoram esta criação musical e o grito das fragas e da memória de uma região abandonada.

Jorge Lage
in:diario.netbila.net

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