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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Histórias Infantis - Mofreita/Vinhais

Quando éramos mandados pelos espanhóis, na Mofreita resolveram mandar alguém para aprender a  língua castelhana. Dai que todos os mais ricos e letrados queriam ser os eleitos, mas os que  mandavam queriam que fosse alguém que já tivesse alguns conhecimentos da língua.. 
Entretanto no ajuntamento, enquanto isto se discutia, responde um da assistência: 
“Eu já sei dizer qualquer cousa!” 
“Então que sabes dizer?” 
“Nós los outros” 
Nisto responde outro lá do fundo do ajuntamento: 
“Eu também sei dizer alguma cousa!” 
“Então que sabes dizer?” 
“Claro é”. 
“Grandes estudantes! Estes já vão. Mais alguém sabe dizer umas histórias daquelas mais antigas  espanholas?” 
“Eu ainda sei dizer qualquer cousa.” 
“ E o que sabes dizer?” 
“Tem usted muita razon!” 
Assim, foram os três estudar para Espanha, indo parar a Catalunha. Ao chegar tiveram logo a  infelicidade de encontrar um homem morto, tiveram dó e ficaram a ver o que lhe passava. Mas, nisto  veio a guarda civil espanhola que lhes perguntou: 
“ Quem matou el hombre?” 
“Nós los outros” 
“Vossotros?” 
“Claro é” 
“Si, si mui claro, mas a palisa que vai levar não sabe usted no que se mete!” 
“Tem usted muita razon!” 
Levaram os pobres portugueses perante as autoridades, dando início à investigação: 
“Quem matou el hombre?” 
“Nós los outros” 
“Então está visto! Não temem a palisa (porrada) que vão levar?” 
“Tem usted muita razon!” 
Desta forma e com a culpa formada dos portugueses os espanhóis desataram à porrada neles como  era de lei naquela altura. Devolveram-nos depois à terra deles a Vinhais todos esmurrados. 
Quando os da Mofreita viram os seus conterrâneos todos negros, perguntaram o que se tinha  passado, tendo os guardas respondido que se encontravam naquele estado por terem confessado  um crime. Os da aldeia pediram para ver os chicotes dos guardas, aproveitando a posse destes para 
desatar a bater nos espanhóis. Os guardas perguntavam se o povo não tinha vergonha de bater em  autoridades, tendo o povo respondido a esta provocação com uma acção: despiram as fardas dos  guardas, retirando-lhes a posição de autoridades, até que estes fugiram.

RECOLHA 2005 SCMB, EURICO FERNANDES, Idade: 71. 
Localização geográfica: MOFREITA

CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005 
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO 
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA

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