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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 6 de março de 2018

Frechas

FRECHAS Banhada pelo rio Tua, na sua margem esquerda, a cerca de uma dezena de quilómetros e para SSE da cidade "Princesa do Tua", há uma aldeia que tem o nome de Frechas. É também sede de uma freguesia formada por mais duas anexas: Cachão (ou Vila Nordeste) e Vale da Sancha.
Frechas foi Vila e teve concelho próprio, extinto em 1836, passando nessa data para o actual. D. Manuel I deu lhe foral em 10 3 1513. Faziam parte do Governo local (civil), dois Juizes ordinários, vereadores com seus oficiais, subordinados ou ouvidores de Vila Flor. Ao Governo militar assistia o capitão de uma Companhia de Ordenanças, subordinada ao capitão de Vila Flor. Foi seu donatário, de juro e herdade, o Sr. da Casa de Vila Flor, que na vila de Frechas apresentava o ofício de tabelião. Entrava nela em correição o Corregedor de Torre de Moncorvo. Eclesiasticamente, a antiga freguesia era uma Vigararia ad nutum da apresentação do reitor de S. Lourenço de Libela. O seu orago é o S. Miguel. O povoamento do seu termo perde se no tempo, pois os vestígios arqueológicos são variados, e testemunham diferentes épocas de ocupação. É o caso do povoado fortificado chamado Fraga do Castelo em Vale da Sancha. Em 28 de Janeiro de 1875 passou a ter escola primária, embora já o Diário de 1852 deixa supor que já a tinha.
Reparemos nos dados sócio económicos em 1796 com algum interesse: 224 homens, 203 mulheres, 2 barbeiros, 3 eclesiásticos seculares, 1 pessoa literária, 3 sem ocupação, 2 negociantes, 1 cirurgião, 26 lavradores, 24 jornaleiros, 3 alfaiates, 5 sapateiros, 5 carpinteiros, 1 ferreiro, 4 moleiros, 1 barqueiro arrais, 12 pastores, 10 criados e 9 criadas. Em 1950 tinha 823 habitantes. Na década seguinte tinha 8 produtores de azeite abastados, 2 armazéns de azeite, (no Cachão), Casa do Povo, 4 mercearias e 2 minas de arsénio, ouro e prata, e 1 professora.
Mas em 1981 eram 1794, o que não se pode separar de dois factos importantes: o desenvolvimento do Complexo agro Industrial do Cachão e o regresso de ex colonos africanos após a independência dos territórios portugueses em 1974/75. Depois, em 1991 eram 1.471 residentes e, em 2001 ultrapassava ainda o milhar: 1139. Destes 543 eram homens. A grande maioria destas pessoas dedicam se à agricultura e um pouco à pecuária. Noutras actividades, apenas alguns na área do Cachão ou na cidade. Tem bons terrenos lateralmente ao rio Tua, atravessados pela Ribeira que vai desaguar ao rio ,bem perto da povoação, para o seu lado sul.
Por isso, a par de uma agricultura aprendida de geração em geração, também se vê alguma mecanização. Carroças e tractores ou carrinhas. Charruas e arados, enxadas, mas também estufas e técnicas agrícolas mais modernas. Produzem abundantemente azeite, vinho, hortaliças, frutas e cereais. Há alguma pecuária: 5 rebanhos de ovelhas e um de cabras, bem como alguns muares para os trabalhos rurais. Em 1995 tinha 5 cafés, 3 mercearias, 1 sapataria, 2 negociantes, 1 marceneiro, 1 alfaiate, 1 ferrador, 1 sapateiro, 1 padeiro, isto na aldeia de Frechas. As casas da freguesia apresentam, em muitos casos, o seu tipicismo regional, com xisto, rés do chão e primeiro andar, escadas exteriores. Sobressaem algumas construções apalaçadas, como as do Turismo Rural para o fundo da povoação, na rua virada para o rio, ou no Terreiro de Santa Ana, uma Casa Brasonada com capela lateral nascente e a data de 1768.
Outras Casas Transmontanas apalaçadas e ricas, como a Casa dos Araújos junto à Capela de S. Sebastião com a data de 1961, ou a outra do lado, pela Rua de S. Sebastião cuja data de 1957 mostra bem o seu estilo. Logo na Rua da Estação, que dá acesso à aldeia, a partir da E. N. Mirandela/Vila Flor, encontramos à direita: um cruzeiro, a escola pré primária e primária com o seu jardim fronteiriço, a sede da Junta de Freguesia. Lá mais à frente, depois de passarmos por entroncamentos de várias ruas que vão dar a esta principal, como a rua das Alminhas com nicho em azulejo, chegamos ao Largo do Pelourinho. Àquele Largo vão ter e partem outras ruas que também são fundamentais para o movimento local: a de S. Miguel que segue para a Igreja e para o Bairro de N.ª Sr.ª de Lurdes, e a outra que parte em direcção contrária e dirigida à Rua do Rio e Rua de Santa Ana. A juntar a outras secundárias para outros sentidos que vão embocar nestas, ficamos com a forma como se estendeu o seu povoamento. O Pelourinho, indiferente aos dias que passam, ostenta bem o símbolo da autonomia judicial que Frechas tinha quando era concelho. Tem 5 degraus também em granito, de forma quadrada, onde assenta o Corpo do Pelourinho. Depois, tem forma octogonal com esquinas quebradas, e flores esculpidas por elas acima, numa altura de 4,60 metros. O capitel, em forma de cruz grega, termina em 4 braços: dois em carantonha, um em florão e o 4.° em furo. Sobre o capitel assenta um paralelepípedo ornado na parte norte por duas caras, uma das quais barbada e coroada: nele está uma figura feminina, o escudo nacional orlado por 5 castelos, e na outra face o escudo dos Sampaios. Completa o conjunto, um cilindro de vários ornatos, dispostos em 4 faixas. A Igreja é imponente, com Torre Sineira de 4 sinos, lateral esquerda, para o lado que dá
acesso do adro para o cemitério.
Do outro lado, um bonito pináculo frontal, contrabalança o desequilibro harmonia] de formas da estética do edifício. Sobressaem ali os portais, as esquinas e os cunhais em granito bem aparelhado. Bem como duas pequenas aberturas ovais, com conchas a ornamentar nas partes superior e inferior, como se fossem dois olhos por onde os santos do seu riquíssimo altar mor e laterais com a talha dourada recebessem a luz do dia ou o luar das noites quentes de Agosto. O relógio vê se que é mais recente, mas não estraga a estética. De resto, as árvores do adro e o portão de entrada, dão um ar de local de culto e de respeito. Já na rua, mas paredes meias com a entrada, fica a Casa Paroquial com rústica escada exterior em granito. Frechas possui ainda outras estruturas e aspectos dignos de registo. A saber: a Capela da Sr.ª de Lurdes lá no cimo da povoação, as pontes da C. P. e da Ribeira. Esta, tipo românico, em pedra e de arco redondo, foi alargada há 6 anos. A Fonte do Rio, o Campo de Futebol, a Associação Cultural. O grande lavadouro público que ainda continua a ser o rio Tua, com as pedras de esfregar a roupa bem limadas. Nele, estão os restos de uma azenha junto do povo, já que a das Latadas foi destruída completamente há pouco mais de cinco anos a esta parte. As outras também já se não notam: eram mais 3 até ao Cachão e uma até às Latadas. Pelo que, em tempos ainda não muito distantes, os moleiros abundavam por ali, a par de alguns pescadores que iam vender o peixe na região.
A Festa principal é ao S. Miguel, e costuma realizar se a 29 de Setembro. Fazem parte desta freguesia as aldeias de: Frechas, Cachão e Vale da Sancha. Nas Latadas, lugar que lhe pertence, já viveram algumas famílias que se dedicavam à transformação do cereal na Azenha que ali estava. Era um apeadeiro da C. P, e tinha as casas dos celeiros, as casas dos animais e as residências, para além de uma casa pequena mas bem arranjada, para o funcionário da C. P. Culturalmente existe a Associação Cultural de Frechas, a de Vale da Sancha, o Grupo Etnográfico de Frechas e a Casa de Cultura e Recreio de Cachão.
O Cachão, sua anexa, ou Vila Nordeste como lhe chamou o Eng.º Camilo Mendonça que a fundou, é um local que gravita à volta das indústrias do Complexo Agro Industrial. Só que este, após o 25 de Abril entrou em declínio, em crises sucessivas, em desemprego dos seus milhares de trabalhadores, até que parou por completo. Agora estão ali instaladas outras indústrias que arrendaram as diversas instalações do antigo Complexo, administrado pelas Câmaras de Mirandela e Vila Flor. Ali há indústrias de lacticínios, de azeitona de conserva, de azeite, de sapatos, de tintas, óleos, mecânica. Contudo é o Matadouro da PEC o mais complexo e importante, pois ali são abatidos animais com carne de qualidade exportada para a Comunidade Europeia. Tem também um restaurante típico perto da Igreja que funciona numa casa adaptada, e junto do cruzamento para Vale da Sancha. O aglomerado de habitações cresceu à volta das construções industriais. O Bairro social, com as suas vivendas iguais, a rua principal com 4 estabelecimentos comerciais que é a estrada, a estação ferroviária, e a barragem agrícola que lhe fica perto, são os aspectos mais relevantes desta aldeia. Tem Jardim Infantil oficial desde 1998.
Vale da Sancha fica numa elevação para nascente de Frechas, e é composta por algumas dezenas de habitações, a maioria das quais de cariz rural, onde o granito surge com frequência. Tem lá no cimo do monte uma Capelinha vigiando toda a freguesia e não só. Em 1995 ainda havia 2 barbeiros, 1 ferreiro, 1 ferrador, 4 pastores, 2 negociantes, 2 sapateiros. A sua fonte logo à entrada é de granito e forma um recanto rústico. É nesse largo que se junto os locais nos tempos de lazer. Porém, em 1960 havia em vale da Sancha 2 lavradores/agricultores mais abastados, 1 mercearia, 1 minas de ouro e volfrâmio, 1 professora.

In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, coordenado por Barroso da Fonte.

1 comentário:

  1. Boas tardes, olhe que a festa da aldeia de Frechas ao S. MIGUEL, é dia 29 de Setembro e não 11 de Fevereiro como você tem escrito. 11 de Fevereiro é celebrada a festa de Nossa Senhora de Lurdes, no Bairro do mesmo nome. Obrigado.

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