terça-feira, 10 de novembro de 2020

Restauração e comércio temem efeitos "desastrosos" do recolher obrigatório ao fim-de-semana

 As novas medidas impostas com o novo estado de emergência não agradam à restauração e ao comércio.
Os proprietários destes estabelecimentos contestam em particular o recolhimento após as 13 horas aos sábados e domingos nos próximos dois fins-de-semana, nos 121 concelhos com maior risco de transmissão da Covid-19.

Luís Portugal, que tem um restaurante em Bragança, considera que a medida terá efeitos desastrosos e teme que muitos restaurantes não consigam resistir.

“É desastroso para a restauração, é anunciar a morte da restauração em Portugal, porque as medidas estão a ser tomadas sem base científica. O sector tem um peso enorme na economia nacional e a nível local e estamos com quebras na ordem dos 95%. Já nos tinha sido tirado um fim-de-semana que tinha um impacto muito significativo, o dos santos. O governo, ao tomar a posição de encerramos à uma da tarde, nos dois próximos fins-de-semana, é a mesma coisa que nos dizer para encerrar. Temo que para grande parte da restauração vai ser uma autêntica desgraça nos próximos tempos”, afirmou.

Maria João Martins, proprietária de um café e pastelaria em Bragança, fala de uma crise que começou há meses e que estas medidas ajudam a aprofundar. “A nossa preocupação não vem só de hoje, já se arrasta desde Março, mas temo-nos aproximado a passos largos de uma crise muito grande no sector da restauração. Apesar de nos manterem abertos querem “fechar os clientes” e não sobrevivemos sem os clientes. É de lamentar o que se vai passar nos próximos dois fins-de semana. Sábado e domingo à tarde são momentos em que ainda se faz algum negócio e assim vai complicar-se ainda mais aquilo que aparentemente já não tem salvação. Estamos a caminhar a passos largos para a ruína do comércio tradicional”, afirma.

Dina Mesquita antevê que as reservas sejam canceladas no hotel que gere em Bragança e não vai abrir o restaurante nos próximos dois fins-de-semana, porque entende que não compensa. “As medidas implicam fechar ao fim-de-semana, não é exequível ter uma porta aberta com duas horas de trabalho no máximo e ter o restaurante a trabalhar tem sempre custos elevados, acho que as pessoas vão ficar em casa e fazer um recolher obrigatório durante todo o fim-de-semana. Em princípio não vamos abrir, porque o take-away só pode ser feito até à uma da tarde a partir daí tem de ser feito em regime de entrega em casa e as encomendas não são suficientes para manter a porta aberta”, referiu.

A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança também já demonstrou a sua preocupação com estas medidas, que apelida de absurdas. A presidente da ACISB, Maria João Rodrigues, considera que as restrições contribuem para a morte lenta do comércio e da restauração. “Pensamos que é uma morte lenta que estão a infringir a estas actividades. A economia vai sofrer muito, nomeadamente a restauração e o comércio, vão ter quebras enormes de vendas. Não deveriam ter sido impostas medidas tão restritivas nestes horários, porque estes empresários já estão no limite. A lufada de ar fresco que tiveram nos meses de Junho e Agosto e agora é impensável para eles continuar”, afirmou.

Com a entrada em vigor do novo Estado de Emergência, em 121 concelhos com risco elevado de transmissão da Covid-19 está proibida a circulação na via pública, em dias de semana, entre as 23 e as 5 horas e nos próximos dois fins-de-semana a partir das 13 horas.

Há excepções, como deslocações em e para o trabalho, regresso a casa, situações de emergência, passeio higiénico ou de animais de estimação e fazer compras. No distrito as medidas aplicam-se em Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Vila Flor. 

Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro

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