“Trata-se de um modelo pioneiro entre todos os conhecidos até ao momento onde a energia é produzida pelos municípios, sem taxas nem impostos”, explicou a Lusa o diretor geral do Agrupamento de Cooperação Territorial (AECT) Duero-Douro, José Luís Pascual.
Este modelo permite que, mediante a instalação de painéis fotovoltaicos em telhados dos edifícios pertencentes às autarquias, se possa produzir energia elétrica que depois é injetada na rede de distribuição.
De acordo com o responsável, para que este projeto fosse viável, foi criada em 2017 a primeira cooperativa de energia transfronteiriça Efiduero Energy SCEL.
“O autoconsumo coletivo apresenta-se como uma alternativa aos modelos tradicionais utilizados pelos grandes grupos produtores de eletricidade e contribui para travar o monopólio de produção energética existente em Portugal e Espanha”, vincou aquele responsável.
Segundo José Luís Pascoal, o objetivo é executar uma centena de instalações de autoconsumo em concelhos como Vinhais, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro, Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança. Já no distrito da Guarda, o projeto será instalado em Vila Nova de Foz Côa e Sabugal, sendo estes alguns dos municípios portugueses onde se espera começar a executar o projeto até ao final de 2021.
Esta iniciativa tem também em funcionamento 200 instalações em várias localidades de Salamanca, Zamora e na zona transfronteiriça com Portugal, onde o AECT Duero-Douro realizou um investimento de 3,5 milhões de euros.
De acordo com dados enviados à Lusa pelo AECT Duero-Douro, uma família média em Espanha e Portugal paga atualmente 300 euros por Megawatt /hora na fatura da luz, quando as famílias das localidades de Salamanca e Zamora onde o modelo já está a ser implementado pagam 24 euros por pela mesma potência distribuída.
“Concretamente, estas instalações são de 15.75 kW e constam de 35 painéis de 450W. Através do autoconsumo coletivo estarão a beneficiar desta energia tanto as autarquias como as empresas ou particulares com contrato de energia elétrica nas localidades”, concretizou José Luís Pascoal.
Para o responsável pelo AECT Duero- Douro, isto é uma realidade graças ao sistema de produção de energia elétrica em autoconsumo coletivo.
O projeto tem como objetivo promover o desenvolvimento rural através da eficiência energética e do desenvolvimento sustentável.
“Trata-se de um projeto pioneiro baseado na criação de um sistema que promova a independência energética das pequenas comunidades rurais convertendo-as num polo de atração de investimento de empresas e por conseguinte na criação de emprego. Tudo através de uma fonte de energia renovável e amiga do meio ambiente como a energia solar”, concretizou o responsável.
Através deste projeto, estima-se que o conjunto total das instalações pode produzir ao ano 5.000 megawatts por hora e reduzindo as emissões de CO2 em 4.537,42 toneladas por ano. Em termos monetários, a poupança situar-se-ia em 1.176.323 euros por ano.
O projeto prevê que uma centena destas instalações se execute em Espanha, das quais mais de 50 já se encontram em funcionamento em algumas localidades.
O AECT Duero-Douro foi criado em 2009 com cerca de duas centenas de entidades associadas e desde então tem vindo a desenvolver varias iniciativas no território transfronteiriço das províncias de Salamanca e Zamora no lado de Espanha e nas regiões portuguesas de Trás-os-Montes, Douro e Beira Interior Norte do lado português .
O seu principal objetivo é o de impulsionar o desenvolvimento rural através de diferentes projetos europeus de cooperação transfronteiriça.
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