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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Humberto Mauro, um brasileiro

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)

Foi um dos pioneiros do cinema brasileiro. Fez filmes entre 1925 e 1974, sempre com temas brasileiros. Foi a inspiração principal da geração do Cinema Novo. Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha eram seus admiradores declarados.

Filho de Gaetano Mauro, imigrante italiano, e de Teresa Duarte, mineira culta e poliglota, Humberto Mauro nasceu na Zona da Mata mineira dois anos depois da histórica sessão cinematográfica promovida pelos irmãos Lumière, em Paris. Portanto, Humberto Mauro (nasceu em Volta Grande [MG], em 30 de abril de 1897 e faleceu no Rio de Janeiro em 5 de novembro de 1983), foi um dos pioneiros do cinema brasileiro. Fez filmes entre 1925 e 1974, sempre com temas brasileiros.

Ainda criança, mudou-se com a família para Cataguases (MG). Humberto Mauro é autor do mais significativo ciclo regional do cinema brasileiro, iniciado em 1926, em Cataguazes (MG), com "Na Primavera da Vida". Durante seus últimos anos de vida, Mauro foi a inspiração principal da geração do Cinema Novo. Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha eram seus admiradores declarados. Mesmo sem dirigir, deu colaboração informal a cineastas como o próprio Nelson, para quem escreveu os diálogos em tupi de “Como era gostoso o meu francês”, para os atores Paulo César Saraceni e Alex Vianny.

Começo - O ciclo de Cataguases 

Desde cedo se dedicou à música, tocando o violino e o bandolim. Interessado também em mecânica ingressou no curso de engenharia em Belo Horizonte, que abandonou um ano depois para voltar a Cataguases. Como as linhas de transmissão de eletricidade chegavam à região, trabalhou na instalação de energia elétrica nas fazendas.

Foi para o Rio de Janeiro em 1916, onde trabalhou como eletricista, retornando a Cataguases em 1920. Neste mesmo ano casou com Maria Vilela de Almeida (Dona Bebê), com quem permaneceria casado pelo resto da vida.

Em 1923, passou a se interessar por fotografia. Adquiriu uma câmera Kodak de Pedro Comello (pai da atriz Eva Nill), imigrante italiano a quem convenceu a se instalar em Cataguases como fotógrafo e de quem se tornaria amigo inseparável. Ambos compartilhavam de uma paixão pelo cinema, principalmente pelos filmes americanos de aventura. Admirava D.W. Griffith e King Vidor.

Em 1925, Mauro e Comello compraram uma câmara cinematográfica de 9,5 mm, marca Pathé, com a qual Mauro filmou um curta-metragem cômico de apenas 5 minutos de duração. Mostraram esse filme a comerciantes locais, tentando convencê-los a investir numa companhia produtora de filmes em Cataguases. Com o apoio financeiro de Homero Domingues compraram uma câmara de 35 mm e centenas de metros de filme. Mas o filme que resolveram fazer ficou inacabado.

Ainda em 1925, com a participação do negociante Agenor Cortes de Barros, fundaram em Cataguases a Phebo Sul América. Em 1926, realizam "Na Primavera da Vida",  e em seguida "Thesouro Perdido", um filme nos moldes dos filmes de aventura americanos, com muitas e complicadas cenas de ação. Foi premiado como o melhor filme brasileiro de 1927. Este filme contou com a única participação nas telas da mulher de Mauro, com o nome artístico de Lola Lys. Com o sucesso de Thesouro Perdido, Mauro pôde ampliar sua produtora, rebatizada de Phebo Brasil, e desenvolver filmes de acordo com sua visão pessoal. Seu trabalho seguinte, Brasa Dormida, é uma bem sucedida mistura de aventura e romance, com excelente aproveitamento dos cenários naturais, em que não falta uma excitante (para os padrões da época) cena erótica. Lançada em 1929, foi distribuída para todo o país.

Seu longa-metragem seguinte, seu último para a Phebo, Sangue Mineiro é considerado sua obra-prima em Cataguases. Lançado em julho de 1929, percorreu todo o país com sucesso de crítica e público. Aqui ele deixa de lado a aventura e faz um filme intimista, em que os únicos conflitos são os do coração.

Mauro manteve estreitas ligações com poetas e escritores modernistas da época, especialmente com os integrantes do chamado Movimento Verde. Criado em Cataguases após a Semana de Arte Moderna de 1922, tinha como integrantes Rosário Fusco, Francisco Inácio Peixoto, Ascânio Lopes e Guilhermino César, dentre outros, que eram responsáveis pela edição da Revista Verde, um dos marcos da literatura modernista brasileira.

Com o surgimento da Cinédia, em 1929 ele vai para o Rio de Janeiro e começa a trabalhar com Adhemar Gonzaga, dirigindo as primeiras produções do estúdio, “Barro Humano” e "Lábios sem beijos", mostrando domínio na técnica do cinema falado.

O sucesso desses filmes tornou a Cinédia o estúdio mais importante da época. Em 1931 foi lançado Mulher, na qual Mauro atuou como câmera, cabendo a direção a Octavio Gabus Mendes. Seu filme seguinte, Ganga Bruta, teve dificuldades na sua realização que se prolongou de 1931 a 1933. Era um filme de estrutura narrativa revolucionária para a época, com flashbacks e cortes rápidos.

Depois de dirigir a Voz do Carnaval (1933), seu primeiro musical, troca a Cinédia pela Brasil Vita Filmes (1934), um estúdio fundado pela atriz Carmen Santos, estrela de vários filmes de Mauro. Na nova casa, fez Favela dos Meus Amores (1935) e Cidade Mulher (1936).

Em 1933, Humberto Mauro fez o primeiro filme falado para os estúdios da Cinédia, de Adhemar Gonzaga: “A Voz do Carnaval”, com Carmen Miranda!

Em 1936 a carreira de Humberto sofreu mudança, ele se rendeu ao documentário. A pedido do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, o professor Edgar Roquete Pinto criou o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) e convidou Humberto Mauro, que filmou mais de 300 documentários de curta, entre 1936 e 1964: Dia da Pátria, Lição de Taxidermia, Vacina contra Raiva, A Velha a Fiar e Higiene Doméstica, e, a série As Brasilianas, na qual registrou exibições de músicas folclóricas.

Cinema: Filmografia de Humberto Mauro

1. Longas-metragens

1925 - Valadião, o Cratera
1926 - Na Primavera da Vida
1927 - Thesouro Perdido
1928 - Brasa Dormida
1930 - Lábios sem Beijos
1930 - Sangue Mineiro
1933 - A Voz do Carnaval
1933 - Ganga Bruta
1935 - Favela dos Meus Amores
1936 - Cidade-Mulher
1937 - O Descobrimento do Brasil
1940 - Argila
1952 - O Canto da Saudade

2. Curtas-metragens (feitos para o INCE)

1945 - Brasilianas: chuá-chuá e casinha pequenina
1948 - Brasilianas: azulão e pinhal
1954 - Brasilianas: aboio e cantigas
1955 - Brasilianas: engenhos e usinas
1955 - Brasilianas: cantos de trabalho
1955 - Brasilianas: manhã na roça: o carro de bois
1956 - Brasilianas: meus oito anos
1956 - O João de Barro
1958 - São João Del Rei
1964 - A Velha a Fiar
1974 - Carro de bois

Índice
1 - Começo - O ciclo de Cataguases
2- Cinédia
3 - INCE
4 - Filmografia
4.1 - Longas-metragens
4.2 - Curtas-metragens
5 - Literatura
6 - Referências
7 - Ligações externas

INCE

A convite de Edgar Roquette-Pinto, Mauro se junta ao Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), onde de 1936 a 1964 realizou mais de 300 documentários de curta-metragem [1] sobre temas tão variados como astronomia, agricultura e música.

Enquanto trabalhou no INCE , Mauro dirigiu apenas três longas metragens: O Descobrimento do Brasil (1937), com música de Villa-Lobos, Argila (1940) e Canto da Saudade (1952), onde também trabalhou como ator, num papel secundário.

Afastado do cinema desde 1974[2], quando fez o curta-metragem "Carro de Bois", passou a viver em seu sítio Rancho Alegre, em Volta Grande, onde morreu, aos 86 anos, quase que completamente cego, após uma forte pneumonia. Há de se lembrar de que o grande Amácio Mazzarope, oriundo dos circos e programas radiofônicos, era tão fã de Humberto Mauro que, o primeiro programa que ele fez na TV Tupi de São Paulo (primeira estação de TV do Brasil, foi o programa “Lá no Rancho Alegre”,  em homenagem a Humberto Mauro.

Apesar de não ter feito carreira internacional, devido às limitações da época, foi homenageado no Festival de Cannes como um dos cineastas mais importantes do século XX.

Eis o que Ana Paula Galdini pesquisou e disse: Década de 30, cinematografia mais constante. Humberto Mauro destaca-se.

Em 1933, o primeiro filme falado para os estúdios da Cinédia, de Adhemar Gonzaga: A Voz do Carnaval com Carmen Miranda. É considerado um semi documentário, utiliza cenas reais, gravadas ao vivo e que são mescladas com cenas de estúdio.

Documentou favela em outro semi documentário, Favela dos Meus Amores. Imagens de um morro carioca, com a participação de uma escola de samba, a Portela.

Em 1936 a carreira de Humberto sofreu mudança, ele se rendeu ao documentário. A pedido do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, o professor Edgar Roquete Pinto criou o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) e convidou Humberto Mauro. Filmou mais de 300 documentários de curta, entre 1936 e 1964: Dia da Pátria, Lição de Taxidermia, Vacina contra Raiva, A Velha a Fiar e Higiene Doméstica, e, a série As Brasilianas, na qual registrou exibições de músicas folclóricas.

Bibliografia

.Literatura a respeito do autor do dicionário Tupi x Português (Humberto Mauro).
.Paulo Emílio Sales Gomes: Humberto Mauro - Cataguases - cinearte. Editora Perspectiva, São Paulo, 1974.
.André Di Mauro : Humberto Mauro - O Pai do Cinema Brasileiro , Editora Ideias Ideais, Rio de Janeiro, 1996.
.Ronaldo Werneck: Kiryrí Rendáua Toribóca Opé - Humberto Mauro Revisto por Ronaldo Werneck, Editora Arte Pau Brasil, São Paulo, 2009.

Antônio Carlos Affonso dos SantosACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 9 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de 5 outros publicados em antologias junto a outros escritores.

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