Segundo Miguel Pimenta, especialista na conservação da natureza, reintegrar esta espécie implicaria mudar mentalidades e reconstituir o habitat. "Para se reintroduzir o urso ou para ele entrar naturalmente, há todo um trabalho gigantesco a fazer. Tem que haver sensibilização. As pessoas têm que aceitar o urso e depois há um plano enorme que tem que ser feito que é o coberto vegetal. A zona não tem capacidade para acolher uma população de ursos reprodutora".
O urso-pardo desapareceu do país pela alteração do habitat e também pela caça. Há cerca de dois anos surgiram marcas de patas e colmeias destruídas, no Parque Natural de Montesinho, em Bragança, o que fazia prever que o urso estaria de volta à região. Feitas análises, ficou mesmo comprovado, mas Miguel Pimenta acredita que foi apenas uma visita pontual. "A análise genética comprovou. Mas creio que foi uma incursão, penso que haja mais e que já tenha havido e ninguém tenha dado conta porque o urso é um animal furtivo, que anda de noite e pouco durante o dia. É pontual, neste momento, e é possível que seja cada vez mais pontual. A regressão da população humana na zona e a recuperação do habitat é favorável ao regresso do urso".
A iniciativa é promovida pela Palombar-Conservação da Natureza e do Património Rural, sediada em Vimioso. Depois do crescimento de população do urso-pardo em Espanha e da possibilidade de visitar pontualmente a região, José Pereira, presidente da Associação, explica que o intuito é discutir e preparar a população para a sua vinda. "Pretendemos preparar as pessoas e lançar o desafio para a discussão, reflexão, conversa e partilha de experiências daquilo que pode ser o cenário em Portugal, como está a acontecer aqui na Espanha, nomeadamente na Galiza. A reflexão prevê lançar algumas bases para, caso se justifique, começar a preparar a preservação do urso".
Para Rui Dias, também da organização, este é apenas um ponto inicial de muitas outras iniciativas ligadas ao urso-pardo. "Gostamos de acreditar que esta é uma pequena etapa inicial porque não se falava há mais de 150 anos do urso. Depois surgirão outras, à medida daquilo que for também a evolução das populações espanholas que são aquelas que poderão significar a fixação do urso em Portugal".
O último urso-pardo em Portugal foi abatido, no Gerês, em 1843. “E se o Urso-Pardo Voltar?” foi discutido, ontem, em Bragança.
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