Os Pauliteiros de Miranda dançaram na área frontal do pavilhão de Portugal instalado nesta exposição mundial no dia que é dedicado às Nações Unidas e que não deixou os visitantes indiferentes ao som da gaita de foles, caixa de guerra e bombo. O característico bater dos paus e as castanholas de madeira, mostram que a sonoridade é importante para estas danças ancestrais.
Apesar de algum nervosismo e agitação inicial, entre as peças do traje e afinação de instrumentos, os Pauliteiros de Miranda, no distrito de Bragança, não deixaram os créditos por mãos alheias, sabendo que a sua imagem vai percorrer o mundo, através de num palco tão “privilegiado” como é a Expo Dubai 2020, numa altura em que estas danças procuram o estatuto de Património Imaterial da Humanidade.
Danças ou “lhaços” como o Assalto ao Castelo, 25 de Roda, Fado, entras do seu vasto reportório que assenta no cancioneiro e danças tradicionais do Planalto Mirandês não deixaram indiferentes quem se concentrou em frente ao pavilhão de Portugal para assistir a este evento tido como “único”.
A jovem Gabriela Rodrigues é a porta-estandarte dos Pauliteiros de Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, e que representam os vários grupos existentes no território do Planalto Mirandês e que garante que transportar este símbolo “é uma enorme responsabilidade”.
“É uma grande responsabilidade e acima de tudo um grande orgulho ser porta estandarte dos Pauliteiros. Falo por todo quando digo que o orgulho é enorme em poder levar as danças e os trajes a todo o mundo”, vincou .
Para Rui Preto, um dos dançadores do grupo que representa os Pauliteiros de Miranda na Expo Dubai 2020, disse que há muita responsabilidade de cada vez que se veste o traje de Pauliteiro.
“Hoje houve um pouco de nervosismo. Mas quanto maior o nervosismo, maior será o nível das nossas atuações. Agora esperamos atingir o patamar de Património Imaterial da Humanidade”, frisou o dançador.
Para o comissário-geral de Portugal para a Expo 2020 no Dubai, Luís Castro Henriques, não há melhor montra e esta foi uma oportunidade “ótima” para os pauliteiros de Miranda se mostrarem ao mundo.
“A Expo Dubai já contabilizou mais 700 mil visitantes, esta foi uma boa oportunidade para os nossos Pauliteiros surpreenderem os visitantes o que lhes dará uma grande força para a sua candidatura a Património Imaterial da Humanidade que está ser dinamizada de momento ”, vincou o responsável.
Os Pauliteiros de Miranda do Douro, cuja candidatura a Património Imaterial da Humanidade está a ser preparada, representaram hoje o destino Porto e Norte de Portugal na Expo 2020 Dubai, com duas atuações , numa ação conjunta do Turismo do Porto e Norte [TPNP] e da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal].
A origem da dança dos Pauliteiros não reúne consenso entre os investigadores.
“Esta terá nascido durante a idade do ferro, na Transilvânia, espalhando-se posteriormente pela Europa”, afiançam alguns.
Alguns autores, tal como o Abade de Baçal, defendem que a sua origem se deve à clássica dança pírrica guerreira dos gregos.
Este investigador, já falecido e tido como uma das maiores referências etnografia do Nordeste Transmontano, dizia que via poucas diferenças entre esta dança e a dança dos Pauliteiros tais como a substituição das túnicas pelas saias, o escudo pelo lenço sobre os ombros, os chapéus enfeitados e a utilização da flauta pastoril.
Mas a dança dos pauliteiros manifesta também vestígios de danças populares do sul de França e na dança das espadas dos Suíços na idade média.
Os romanos seriam os responsáveis pela propagação da dança pírrica a esta região.
Para caminhar ao tão desejado estatuto de Património Mundial da Humanidade já foi feito o registo no Matriz PCI - Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, para depois mais tarde se avançar com as formalidades da candidatura. Este registo é obrigatório desde 2018 e está praticamente pronto.
A Expo 2020 Dubai conta com a participação de 192 países e é a primeira a decorrer no Médio Oriente entre 01 de outubro e 31 de março e tida como “ o grande evento à escala mundial depois da pandemia”.
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