Passear pela cidadela e visitar o que esta tem para oferecer é uma forma de aprender as tradições desta região raiana e a sua história. As máscaras e os trajes dos caretos, as lendas, a gastronomia local reinventada, tudo isto cabe nas estreitas e bonitas ruas que compõem a cidadela de Bragança.
Castelo de Bragança. (Foto: Rui Manuel Ferreira/GI) |
Cenário de conflitos que se estenderam por vários séculos – com leoneses e castelhanos ao barulho – , Bragança ganhou a distinta Torre de Menagem que hoje é a sua caraterística mais reconhecível já no século XV. Mas as muralhas com as suas torres de vigia e a Torre da Princesa já existiam e continuam hoje firmes, delimitando a zona antiga da cidade, chamada de cidadela.
Esta é uma espécie de “aldeia”, por onde se entra pela estreita Porta da Vila e que se pode percorrer de uma ponta a outra em poucos minutos. Mas este aglomerado de casinhas em ruas tranquilas tem muito para ver.
O castelo de Bragança. (Fotografias: Rui Manuel Ferreira/GI) |
Entre-se no Museu Ibérico da Máscara e do Traje, que mostra em três pisos as tradições ligadas às festas dos rapazes ou dos caretos, que se celebram no inverno no nordeste transmontano e em toda a região raiana. As máscaras e fatos coloridos mostram as personagens típicas destas celebrações. Atualmente, além das exposições permanentes – Festas de inverno do distrito de Bragança, Festas de Inverno da província de Zamora e Festas de Carnaval – pode ser visitada a temporária “Máscaras Transmontanas”, dedicada ao artesão Amável Alves Antão, até ao fim de outubro.
O Museu Ibérico da Máscara e do Traje. |
Um pouco mais à frente, chega-se à Torre de Menagem onde se encontra instalado o Museu Militar. Subindo as estreitas escadas, fica a conhecer-se as vivências militares da cidade, até porque a maioria das peças foram doadas por habitantes que lutaram em várias campanhas em territórios africanos e na Primeira Guerra Mundial. Acessível, lá fora estão os adarves das muralhas que delimitam a leste a cidadela e a porta secundária. Ao lado estão ainda a Igreja de Santa Maria, que data do século XIV, tendo posteriores acrescentos, e o enigmático Domus Municipalis, edifício que remonta ao século XII, e que terá funcionado, entre outras coisas, como cisterna.
Cozinha criativa
O chef transmontano Luís Portugal apresenta no seu restaurante Tasca do Zé Tuga que tem a torre do Castelo e as muralhas como pano de fundo uma cozinha criativa baseada em bons produtos portugueses – a maior parte deles transmontanos e sazonais. O restaurante é um dos maiores chamarizes de Bragança intramuralhas e o chef gosta deste ambiente de aldeia. “As pessoas que aqui vivem são de famílias muito antigas e têm orgulho em ser da cidadela. Tratam-na bem”, considera o chef que se tornou conhecido há uns anos depois de participar no Masterchef. É Bib Gourmand no guia Michelin desde 2019.
Luís Portugal, chef e dono da Tasca do Zé Tuga. |
O restaurante é Bib Gourmand no guia Michelin desde 2019. |
Clássico da arquitetura
Não se encontra dentro de muralhas mas não deixa de ser um ícone da cidade. A Pousada de Bragança dirigida pelos irmãos Geada, onde também funciona o G, o primeiro Estrela Michelin de Trás-os-Montes, é um clássico da arquitetura do final dos anos 50. Foi desenhada por José Carlos Loureiro como um “grito de liberdade” deste arquiteto da escola do Porto. O edifício foi concebido sob uma ótica diferente do que era a estética da época, principalmente pelas enormes janelas que percorrem toda a extensão da sala e do restaurante, havendo assim uma vista panorâmica que enquadra o Castelo e a cidadela.
Os irmãos Óscar e António Gonçalves, do G Pousada. |
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