A conjuntura fez mudar muitas coisas. Não se ficou pelo arrastar mais pessoas para a situação de pobreza ou de dificuldade económica. Segundo a directora-técnica da Cáritas Diocesana de Bragança, hoje em dia, há cada vez mais pessoas da classe média a passar dificuldades e os pedidos que chegam à instituição já não se baseiam só em apoio à alimentação. As despesas são cada vez mais difíceis de suportar para muitas pessoas.
“Eu acho que o pior ainda está para vir. Com o inverno a chegar, eu creio que os pedidos de ajuda vão aumentar no que respeita a facturas de electricidade, gás. Os rendimentos das famílias não vão chegar”, afirmou Cristina Figueiredo.
Comparando o ano passado com este, a directora-técnica diz que os pedidos que ali chegam estão a aumentar, mas de forma ainda pouco significativa. Ainda assim, Cristina Figueiredo está preocupada com os próximos tempos, já que o cenário vai ficar complicado para muita gente.
“O que se está a notar é que famílias da classe média estão a passar dificuldades. Até há uns anos não tínhamos por hábito fazer pagamento de rendas, neste momento, em situações urgentes estamos a fazê-lo. Também situações de estudantes que não conseguem suportar as propinas e a renda”, referiu
Em Junho deste ano houve uma redução significativa de pessoas apoiadas pela Segurança Social. Se em Outubro de 2021, a Cruz Vermelha de Bragança entregava cabazes alimentares a 130 pessoas abrangidas por este fundo, em Outubro deste ano passaram a ser apenas 83. De acordo com o presidente, Duarte Soares, isto fez aumentar a ajuda da instituição a pessoas que não estão referenciadas e não só.
“Aquelas famílias que deixaram de receber o apoio aos mais carenciados e por outro lado temos as pessoas que não estão tipificadas perante a Segurança Social por não reunirem toda a documentação para poderem usufruir de benefícios, estou a falar de migrantes”, explicou.
Há um ano a Cruz Vermelha de Bragança apoiava 21 agregados familiares não referenciados e este ano apoia 24. Os alimentos são de doações feitas à instituição. Duarte Soares diz que têm sido cada vez menos devido ao aumento dos preços.
“Existe essa rede que é o Banco Alimentar da Cruz Vermelha, mas que tem um fim e muitas vezes notamos na própria sede que há uma grande escassez de alimentos. Fazemos campanhas de angariação com alguma frequência em superfícies comerciais. Nota-se que há algum retrair da doação de alimentos, que é legítimo porque um cabaz custa agora o dobro de há um ano”, frisou.
Por isso, o presidente da Cruz Vermelha de Bragança apela à boa vontade dos brigantinos que queiram ajudar com alimentos, como leite, massa, arroz e enlatados, mas também artigos de higiene e detergentes.
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