Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
A classe política, auto intitulada de democrática e fiel depositária da chamada ética republicana, não se cansa de alertar a sociedade contemporânea dos riscos perigosos da ascensão e preponderância dos extremismos populistas.
Ora, ao contrário do que aconteceu no século passado, os extremistas de direita (o extremismo de esquerda parece estar fora de moda) estão a ganhar relevância e alcançar as cadeiras do poder, através do democrático sufrágio em urna. Quer dizer que, apesar dos inúmeros avisos e do uso e abuso das ferramentas que o poder coloca ao dispor de quem o exerce, os governos, ditos moderados, do centro político são preteridos pelos ideários radicais, malgrado as incertezas e os riscos que, assumidamente, trazem consigo. Não é preciso ter grandes dotes de comentador político para deduzir que nesta opção não conta só o pretenso mérito das novas propostas, mas igualmente, quiçá com maior preponderância, o demérito daqueles que nos governam. E, quanto a isto, a observação do quotidiano, é de uma eloquência absoluta e arrasadora. A classe política não cai no confronto com os seus adversários, pelo contrário, destrói-se a si própria, por sua iniciativa, descredibilizando todos os pilares do que garantia serem os fundamentos da ética e confiabilidade. O tempo pré-eleitoral é fecundo em exemplos claros e ostensivos:
O aumento do imposto de circulação automóvel, tendo sido absolutamente indispensável para o necessário e inadiável combate pelo clima, afinal pode ficar tal como está e já não espantaria ninguém que, mercê de saldo orçamental adequado até pudesse ser transformado em diminuição. O mesmo ministro que garantiu ser incomportável a recuperação do tempo retirado à carreira profissional dos professores vem agora, na qualidade de ministro, ainda em funções plenas garantir que uma determinada opção de fação político-partidária vai permitir, não só essa recuperação, mas igualmente a de todos os funcionários públicos. Com tal desfaçatez que quase apostaria que se dele dependesse, igualmente todos os trabalhadores teriam, até ao próximo dia 10 de março, um amento salarial substancialmente expressivo. Para não se atrasar na corrida do eleitoralismo demagógico, o putativo líder da oposição, garante que o que há pouco tempo afirmava ser uma irresponsabilidade inaceitável (a tal recuperação) é afinal um direito e um dever que cumprirá exemplarmente depois de 10 de março, claro. E, mais do que isso, promoverá um aumento substancial das pensões de reforma, mesmo que o que efetivamente pretende fazer é um ajuste da inflação para uma parcela reduzida dos beneficiários.
Para não ficar atrás, o mais alto dignitário da Nação que, ainda há bem pouco se arrogava de intransigente defensor da responsabilização direta e indireta dos detentores de cargos públicos, forçando até ao limite a exoneração de um ministro, mais do que pela sua atuação, mas pelas condenáveis cenas pouco edificantes dos colaboradores do seu gabinete e que não hesitou um segundo em aceitar a demissão do Primeiro-Ministro pela eventual contaminação pela proximidade a personalidades suspeitas de tráfico de influências, tem um julgamento bem diverso, no propalado do tratamento das gémeas luso-brasileiras. O notório caso de tratamento de exceção, em todos os degraus da administração pública por onde tramitou, não tem, ao que parece, nenhum autor concreto pois ninguém fez nada para que assim acontecesse… quando sabemos bem que assim não acontece, mesmo sob pressão justa e justificada dos pretendentes a tratamento idêntico. O único agente concreto, pelo que hoje se sabe, é um tal doutor Nuno que, sendo filho do Presidente, seria inconcebível que tivesse, nessa condição, tratado do assunto com responsáveis governamentais… com quem tratou… em que outra condição, seria, que não aquela?
Ora, ao contrário do que aconteceu no século passado, os extremistas de direita (o extremismo de esquerda parece estar fora de moda) estão a ganhar relevância e alcançar as cadeiras do poder, através do democrático sufrágio em urna. Quer dizer que, apesar dos inúmeros avisos e do uso e abuso das ferramentas que o poder coloca ao dispor de quem o exerce, os governos, ditos moderados, do centro político são preteridos pelos ideários radicais, malgrado as incertezas e os riscos que, assumidamente, trazem consigo. Não é preciso ter grandes dotes de comentador político para deduzir que nesta opção não conta só o pretenso mérito das novas propostas, mas igualmente, quiçá com maior preponderância, o demérito daqueles que nos governam. E, quanto a isto, a observação do quotidiano, é de uma eloquência absoluta e arrasadora. A classe política não cai no confronto com os seus adversários, pelo contrário, destrói-se a si própria, por sua iniciativa, descredibilizando todos os pilares do que garantia serem os fundamentos da ética e confiabilidade. O tempo pré-eleitoral é fecundo em exemplos claros e ostensivos:
O aumento do imposto de circulação automóvel, tendo sido absolutamente indispensável para o necessário e inadiável combate pelo clima, afinal pode ficar tal como está e já não espantaria ninguém que, mercê de saldo orçamental adequado até pudesse ser transformado em diminuição. O mesmo ministro que garantiu ser incomportável a recuperação do tempo retirado à carreira profissional dos professores vem agora, na qualidade de ministro, ainda em funções plenas garantir que uma determinada opção de fação político-partidária vai permitir, não só essa recuperação, mas igualmente a de todos os funcionários públicos. Com tal desfaçatez que quase apostaria que se dele dependesse, igualmente todos os trabalhadores teriam, até ao próximo dia 10 de março, um amento salarial substancialmente expressivo. Para não se atrasar na corrida do eleitoralismo demagógico, o putativo líder da oposição, garante que o que há pouco tempo afirmava ser uma irresponsabilidade inaceitável (a tal recuperação) é afinal um direito e um dever que cumprirá exemplarmente depois de 10 de março, claro. E, mais do que isso, promoverá um aumento substancial das pensões de reforma, mesmo que o que efetivamente pretende fazer é um ajuste da inflação para uma parcela reduzida dos beneficiários.
Para não ficar atrás, o mais alto dignitário da Nação que, ainda há bem pouco se arrogava de intransigente defensor da responsabilização direta e indireta dos detentores de cargos públicos, forçando até ao limite a exoneração de um ministro, mais do que pela sua atuação, mas pelas condenáveis cenas pouco edificantes dos colaboradores do seu gabinete e que não hesitou um segundo em aceitar a demissão do Primeiro-Ministro pela eventual contaminação pela proximidade a personalidades suspeitas de tráfico de influências, tem um julgamento bem diverso, no propalado do tratamento das gémeas luso-brasileiras. O notório caso de tratamento de exceção, em todos os degraus da administração pública por onde tramitou, não tem, ao que parece, nenhum autor concreto pois ninguém fez nada para que assim acontecesse… quando sabemos bem que assim não acontece, mesmo sob pressão justa e justificada dos pretendentes a tratamento idêntico. O único agente concreto, pelo que hoje se sabe, é um tal doutor Nuno que, sendo filho do Presidente, seria inconcebível que tivesse, nessa condição, tratado do assunto com responsáveis governamentais… com quem tratou… em que outra condição, seria, que não aquela?
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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