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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Degradação!

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

A qualquer português de bom senso não passa despercebida a degradação a que se assiste no espaço público a que nem os mais importantes órgãos de soberania escapam. E, porém, quando parecia ter-se atingido o fundo eis que aparece quem, gostando de chafurdar escava mais um pouco e coloca mais abaixo a fasquia já tão baixa que se julgaria impossível descer um pouco mais.
Quando o segredo de justiça já se tornou uma anedota, deixando a impressão que o seu desrespeito não seria possível sem a colaboração ativa ou, pelo menos, passiva de quem dele deveria cuidar e ser o seu guardião e defensor, eis que, mais do que os “pormenores” mais delicados e mediáticos dos processos, vêm a público, com grande pompa e circunstância, revelações da vida particular de responsáveis públicos que nem suspeitos são… apesar de aparecerem em escutas tão insistentes e duradouras que mais parecem espionagem e devassa da vida privada ou reservada. E quando se esperava um clamor generalizado de toda a classe política eis que surgem, os que já são habituais pela sua apetência para navegar em atoleiros, reclamar a urgência nacional e imperativa de ter de levar ao Parlamento o ex-Primeiro Ministro porque, pasme-se, o que disse em público não coincide com o que terá afirmado em privado. E quem bate no peito e rasga as vestes é quem, sem ensaiar, sem se retratar já disse, a propósito do que quer que seja, tudo e o seu contrário. Mas, mesmo que assim não fosse, não resisto a desafiar quem quer que seja a submeter-se a um polígrafo para avaliar, nas mais diversas matérias, as inúmeras contradições com as conversas reservadas e as declarações afirmativas sobre coisas importantes ou apenas banais.
Já sobre os tratamentos de favor, a existirem, devem, obviamente, ser investigados e escalpelizados e, havendo procedimentos ilegais, abuso de poder ou indícios de corrupção, tráfico de influências e compadrio, tratar de os expor e condenar, se condenáveis. Porém, mesmo nestes casos, não vale tudo. Sem querer tomar o partido de quem quer que seja, só por si, o ensejo de um governante querer ser útil e responder afirmativamente a um pedido dramático de que tenha conhecimento, não pode ser condenado, logo à partida. Mas, mais grave que isso, mais desprezível, mais mesquinha, mais indigna é a avidez de querer explorar o sofrimento alheio, para proveito próprio e descrédito de putativos adversários, como aconteceu com a chamada para depor na Assembleia da República, de Daniela Martins, a mãe das famosas gémeas brasileiras. Antes de me insurgir contra a duvidosa utilidade de ter uma pessoa sofrida e sofredora a ser bombardeada com perguntas inquisitórias sobre a legalidade do seu comportamento, sobre a justeza da sua luta pela saúde dos seus entes mais queridos não posso deixar de fazer um desafio a todos e cada um dos meus leitores: identifiquem uma, apenas uma, mãe que, perante o drama de ter duas filhas bebés, vítimas de uma doença terrível, incapacitante e degenerativa, não se propusesse fazer tudo quanto estivesse ao seu alcance para lhe minorar o sofrimento. Esse deveria ser o primeiro passo, o exame qualificativo de quem quer que seja, que, no café, no jardim, no emprego ou na Assembleia da República, tivesse de apresentar para a poder interrogar sobre o seu empenho, a sua determinação, a sua luta. Em nome de quem é que um deputado da nação a questiona, com considerações de juízo reprobatório sobre a existência de uma mensagem eletrónica a agradecer a alguém que,,, pasme-se… nem conhecia.
É assim tão inverosímil?
Não creio.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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