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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 25 de junho de 2024

OS FIDALGOS - Família Bragançãos

 Extractos dos Livros de Linhagens a propósito dos fidalgos deste apelido, os quais desempenharam um importante papel durante a primeira dinastia:

«D.Mendo Alão de Bargança filhou por força huma filha d’elrey d’Armenia que hia em romaria a Santiago, e fege nella D. Fernão Mendes o yelho e D. Ouriana Mendes: e êste (59) casou com filha d’elrey D. Affonso de Castella o que ganhou Toledo, e fege nella D. Mem Fernandes; e este D. Mem Fernandes foi casado com D. Sancha Viegas filha de D. Egas Gosendes de Riba Douro, e fege nella D. Fernão Mendes o bravo e Ruy Mendes, que cegou entrante à lide que ouve com seu irmão D. Fernão Mendes, porque lhe jurara em Santa Maria de Moreirola que nom fosse contra elle, e porque passou o juramento que fizera em Santa Maria de Moreirola cegou entrante á lide e morreo em ella.
Este D. Fernão Mendes o bravo foi o que matou sa madre na pelle da ussa, e poselhe os cães, porque lhe baralhara com a barregan: e este foy o que cortou o dedo, porque criou o usso, com huma azagua: e este foi o que levou por frema d’elrey D. Affonso o primeiro rey de Portugal a irmã que tinha casada com D. Sancho Nunes de Barbosa em terra de D. Gonçalo de Sousa o bom, porque se riram del ante elrey, por huma pouca de nata que lhe corria pela barba sendo hi comendo: e este foi o que se exerdou a sa morte pela infanta que assi houve: e este foi casado com huma dona e fege nella D. Pedro Fernandes; e este D. Pedro Fernandes foi casado com huma dona, e fez em ella D. Vasco Pires Veirom e D. Garcia Pires e D. Nuno Pires e D. Tereja Pires; e este D. Garcia Pires Veirom foi casado com D. Gontinha Soares Carnesmás, filha de D. Soeiro Mendes Mãos-d’aguia e da condeça D. Elvira da Faya, e fege nêlla geraçom como de susu he escrito: D. Vasco Peres Veirom foi casado, e fez Nuno Vasques e D. Orraca Vasques; e esta D. Orraca Vasques casou com D. Vasco Fernão Pires Pelegrim irmão dos Lumiares, e lidimo, mas foi de outra madre, e fege nella Orraca Fernandes e Sancha Fernandes Meminha sandia: e esta D. Orraca Fernandes foi casada com D. João Garcia de Sousa o Pinto d’Alegrete, e fege nella geraçom como he dito. E D. Nuno Vasques foi casado, e fez geraçom como dito he: e este Nuno Vasques ouve hum filho e huma filha que ouve nome Orraca Nunes, e foi casada com Fernão Rodrigues Cabeça-de vaca; e este Fernão Rodrigues Cabeça-de-vaca fez filho Pero Fernandes e Fernão Fernandes e João Fernandes Cabeça-de-vaca.
E o sobredito D. Garcia Peres Ladrom irmão de D. Vasco Veirom foi casado com Gontinha Soares e fege nella Fernão Garçia; e este Fernão Garçia fez cavalleiro Nuno Martins de Chacim, e fege nella D. Pero Garcia o que... e emprenhou sa irma D. Maria Garcia, e ouve ende hum filho, e ouve nome Martim Tabaya, e fege nella Elvira Garcia; e esta Elvira Garcia foi casada com D. Ordonho Alvares das Asturias, e fege nella geraçom como de susu he dito.
E D. Pedro Garcia filho de D. Garcia Peres Ladrom foi casado com huma dona, e fege nella D. Tereja Pires de Bargança; e esta D. Tereja Pires foi casada com D. João Martins Avana filho que foi de D.Martim Pires da Maya, e fege nella D. Aldonça; e esta D. Aldonça foi casada com D. Gil Vasques de Soverosa filho que foi de D. Vasco Gil, e fege nella D. Guiomar Gil e D.Marqueza Gil: e este D. Gil Vasques foi o que mataram na lide de Gouvea: e esta D. Guiomar Gil e Marqueza Gil foram casados e fizeram geração como de suos he dito. E esta D. Tereja Pires foi barregan de Lourenço Martins de Berredo, e fege nella Alda Lourenço; e esta Alda Lourenço foi casada com Martim de Barbosa irmão de Fernão Pires; e despois foi esta D. Tereja Pires(60) freira de Cistel. E a sobredita D. Tereja Pires filha de D. Pedro Fernandes de Bargança ouvea por barregan o infante de Molina, e fege nella D. Berenguela e D. Leonor: esta D. Berenguela ouvea elrey D. James d’Aragão, e delles diziam que a recebera, e outros que nom: e D. Leonor foi casada com D. Affonso Garcia de Celada, e fege nella João Affonso e a mulher de Pero Dias de Castanheda.
E o sobredito Nuno Pires filho de D. Pero Fernandes de Bargança, ouve por barregan a Maria Fogaça, e fege nella Ruy Nunes e Froilhe Nunes; e esta Froilhe Nunes foi casada com Martini Pires de Chacim, casamento desaguisado, e fege nella Nuno Martins e Alvaro Martins» (61).

Nos mesmos Livros de Linhagens II, Portugaliae Monumenta Historica, pág. 175, vem uma espécie de ilustração à linhagem dos Bargançãos e diz:

«D. Alam que foi clerigo filho-dalgo, e filhou a filha d’elrey de Armenia quando foi em oração a Santiago e foi sa hospeda em São Salvador de Castro de Avelaãs, 
e filhouha com seu 
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(59) Parece faltar Fernão Mendes.
60) Martins C.
(61) Portugaliae Monumenta Histórica, Os Livros de Linhagens, p. 165, título I. No tomo I das Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, p. 145, foram publicados estes livros com o título de Livro Velho das Linhagens de Portugal, e diz o autor que este é mais antigo do que o atribuído ao conde D. Pedro. Brandão, na Monarquia Lusitana, edição da Academia, tomo II, livro X, p. 26 e seg., diz que o Livro Velho das Linhagens foi escrito no ano de 1343[8].
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linhagem, e enviou as campanhas suas para sa terra, e ficou elle com ella, e fege nella dous filhos donde vieram os linhagens dos Bragançãos».

Depois, no Livro das Linhagens do conde D. Pedro, que é o IV dessa colecção, título 44, pág. 343, diz-se que:

«D. Diego Gomçallvez foi casado com Dona Orraca Meemdez, irmaã de dom Fernam Meendez o Bragançaão... e fez em ella dom Soer Diaz, e dom Joham Diaz de Freitas, e dona Eixamea Diaz que mordeo a bespa no cono e deu huum peido, e deu por beemçom a todos os de seu linhagem que matassem a bespa omde quer que a achassem: e fez este dom Diego Gomçalvez em esta dona.Orraca Meemdez sa molher suso dita outro filho que ouve nome Ruy Diaz d’Urrão».

Disto parece concluir-se que esta D. Orraca Meemdez é a mesma irmã de Fernão Mendes, atrás mencionada, com o nome de D. Ouriana Mendes.
Fernão Mendes de Bragança, o bravo Rui Mendes e Nuno Mendes, seus irmãos, pelejaram na batalha do Campo de Ourique, como aponta a Memoria de Santa Cruz de Coimbra (62). Este autor tem como improvável o facto atrás relatado, sucedido com Fernão Mendes, o Bravo, e que é o seguinte: estando este com mais convivas de El-Rei D. Afonso Henriques, em Coimbra, se babou lapuzmente, escorrendo-lhe as gorduras pelos cantos da boca com a pressa da deglutição. E, porque escarneceram dele, tomou-se de tal sanha que, para o sossegar, teve El-Rei de lhe dar em casamento a mulher de Sancho Nunes Barbosa, sua própria irmã.
Pois eu, atendendo aos costumes da época, não acho inverosímil nada disto; um bravo Braganção desses tempos devia ser talhado por aquele feitio – lambão e despolido nas maneiras, falho de sentimentos, ciumento e lavado de escrúpulos de consciência. Não matou ele a própria mãe? Não deu a sua geração avultada cópia de barregãs? Não chegou um deles a conhecer a própria irmã? Não é em vão que desde tempos imemoráveis tinham nossos maiores por ídolo e por símbolo o porco...
Demais, em que repugnaria isto aos costumes da época, quando vemos um Afonso III passar a segundas núpcias durante a constância do primeiro matrimónio e no dia seguinte iria a terceiras se lhe dessem outro reino, como Duarte Nunes de Leão, parafraseando, dizia: «Não que um reino vale bem uma mulher»; um Pedro II, outro que tal Bragança, não arpoou a mulher ao próprio irmão? Dir-me-hão que isto era mancebia e como tal repugnaria às pessoas de qualidade e sentimentos cristãos, mas tal estado tinha garantias sociais consignadas nas leis e em contínua mancebia andavam os reis.
Depois Brandão acrescenta: «...e quanto a Fernão Mendes, o Bravo, intendemos ser casado com a infanta D. Sancha, irmã del-rei D. Affonso Henriques, da qual não teve filhos mas deixou-lhe o estado de Bragança, que era de seu senhorio, o qual por esta razão se uniu depois á corôa. Isto diz o conde D. Pedro. Mas do Livro antigo das Linhagens consta que Fernão Mendes, foi casado com D. Tereja Soares, filha de Soeiro Mendes, o Bom, e delles nasceu Pero Fernandes de Laedra pae de Vasco Pires e de Garcia Pires em que fala o conde D. Pedro e delles procedem os do apelido de Chacim.
Teve Pero Fernandes de Laedra muita parte dos estados de seu pae, como consta de escrituras da Sé de Braga e assi a terra de Brigança, que o conde diz ficara á infanta e por ella á corôa, devia ser alguma cousa tocante a suas armas. E porque aos escrupolosos não fique nesta materia duvida alguma, digo que em o Livro do Cabido da Sé de Braga a fol. 118 está uma carta de excommunhão do arcebispo D. João Peculiar contra Pedro Fernandes porque nas terras de seu senhorio, ocupava algumas tocantes á Sé de Braga; e vae fazendo menção particular das terras, que todas cahem nos termos de Bragança e Miranda que foram do estado de Fernão Mendes» (63).
O apelido de Chacim teria sido tomado da vila deste nome, talvez por permanecer por mais tempo na casa que ali possuíam (64) [9].

Continuam os Livros de Linhagens:

«Este Dom Garcia Pires de Bragamça que se chamou por sobrenome Ladrom foy casado com dona Gontinha Soarez, filha de dom Soeyro Meemdez Facha ao que disserom Manos d’Aguia e fez em ella dom Fernam Garcia, e que fez cavalleyro dom Nuno Martiimz de Chacim, e dom Pero Garcia que jouve com sa irmaã dona Moor Garcia e fez com ella semell... e dona Elvira Garcia que foy casada com dom Ordonho Alvarez das Esturas
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(62) BRANDÃO, Monarquia Lusitana, edição da Academia, tomo II, livro X, p. 26 e seg. Os Bragançãos tomaram parte muito activa nas guerras do tempo de D. Afonso Henriques, como aponta Brandão, 2, p. 19, 498.
(63) BRANDÃO,Monarquia Lusitana, edição da Academia, tomo II, livro X, p. 26 e seg.
(64) Ibidem.
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e ouverom semel... Este dom Pero Garcia suso dito foi casado com dona... e fez em ella dona Tereyia Pirez de Bragança e esta dona Tereyia Pirez foi casada com dom Joham Martins Avana, e fez em ella dona Aldomça Anes que foy borregaa delrrey dom Affomsso, e depois foy casada com dom Gill Vasques o que matarom na lide de Gouvea e vemcerom os seus a lide... e fez em ella dona Guiomar Gill de dona Marquesa Gill que forom casados... E esta dona Tereyia Pirez sobredita ouvea Lourenço Martins de Breda, e fez em ella dona Alda Louremço que foy casada com Martim de Barvosa e depois foi freyra de Cistell. E dona Tereyia Pires irmaã do sobredito dom Garcia Pirez Ladraão e filha dos ditos Pero Fernandez o Braganção e de dona... ouvea o iffante de Molina por barregaã e fez em ella dona Berimgueira e dona Leanor. E esta dona Berimgueira ouvea eirrey dom James d’Aragom, e delles deziam que a rrecebera e delles que nom. E dona Leanor sua irmaã foy casada com dom Affonso Garcia de Cellada, e fez em ella dom Joham Affomsso e dona Enês Affomsso.
Esta dona Enês Affomsso foy casada com Pero Diaz de Castanheda, e fez em ella Diego Gomez, e Affomsso Garcia que morreo sem semel, e dona Berimgueira Pirez filha de Pera Diaz de Castanheda que foy casada com Lopo Rodriguez de Villalobos e fez em ella Ruy Pires e dona Tareyia, e dona Mayor, e dona Marqueza, e dona... e estas todas quatro foram freyras e nom ouverom semel. E o dito Diego Gomez filho de Pero Diaz de Castanheda e de dona Enês Affomsso foi casado com dona Johana Fernandéz filha de Fernam Pirez de Gozmam e ouverom semel.
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De Nuno Pirez de Bragamça filho de dom Pero Fernandez o Bragamçaão.
Este Nuno Pirez de Bragamça seemdo casado com dona Elvira Meemdez filha de dom Meem Moniz de riba de Doyro, depoys que fez em ella dona Orraca Nuniz, leixoua e nom curou mais della, e roussou dona Maria Fogaça e tevea por barregãa depois da morte de Fernão Guedaz seu marido, e fez em ella Ruy Nuniz e dona Froilhi. Este Ruy Nuniz Coldre foy casado com dona... e fez em ella Companha Avizimaa. E donna Froilhe Nuniz sua irmaã foy casada com Martim Pirez de Chacim, e fez em ela D. Nuno Martins de Chacim, e dona Maria Martins, e dona Sancha Martins. Este Nuno Martins de Chacim filho dos sobreditos Martim Pirez e dona Froylhe foy homem muito homrrado e privado delrrey dom Dinis de Portugall e seu adeantado antre Doyro e Minho e na Beyra, e foy casado com dona Sancha Correa filha de Pero Paaez Correa e de dona Dardia Pirez filha de dom Pero Meemdez d’Aguiar, e fez em essa dona... Nuniz, e dom Gomez Nuniz que foy creligo muy boo e muito homrrado. E dona Maria Nuniz foi casada com Fernamdesteves Pintalho, e fez em ella dona Sancha Fernandez e dona Maria Fernandez que foram casadas e ouverom semel... Esta dona... Nuniz irmãa da sobredita dona Maria Nuniz e filha dos ditos Nuno Martins de Chacim e de dona Samcha foy casada com Gonçalle Anes de Revreda, e fez em ella Joham Macia da Revreda que foy casado.
De como Nuno Martins de Chacim foi casado a segunda vez.
Este Nuno Martins de Chacim dêsque lhe morreo dona Samcha Corrêa a primeira molher com que foy casado, casou despois com dona Tareyia Nuniz, filha de Nuno Meemdez Queixada irmaão d’Estevam Meemdez Petite, e fez em ella Gill Nuniz, e Eytor Nuniz, e Samcho Nuniz, e dona Orraca Nuniz, e Alvaz Nuniz o samdeu que morreo sem semel.. E dona Samcha Nuniz e dona Tareyia outrossy morreram sem semel. – E a sobredita dona Samcha Paaez d’Alvarenga desque lhe morreo dom Nuno Méemdez Queixada seu primeiro marido casou depois com dom Fernam Gomez Barreto, e ouverom semel... E dom Gill Nuniz filho dos sobreditos Nuno Martins de Chacim e de dona Tareyia Nunez foy casado com dona Maria Martins, filha de Martim Pirez Zote e de dona Maria Vicente filha de Vicente Pirez Dulquezes e de dona Moor Pirez do Pereyra... e fez em ella dona Samcha Gill e dona Guiomar Gill. Esta dona Samcha Gill foi casada com dom Pero Pomce das Esturas de terra de Leom filho de dom Fernam Pirez Ponço e de dona Orraca Goterrez, e ouverom semel...E dona Guiomar Gill sua irmãa foi casada com Lopo Affonso de Merloo, o Avizimaao, e fez em ella huuma filha que foy freyra em Santa Clara de Coymbra; E Eitor Nuniz filho de Nuno Martins de Chacim suso dito e de dona Tareyia Nunez foy casado com dona Marquesa Gill filha de dom Gill Vaasquez de Soverosa, o que morreo na lide de Gouvea, e de dona Aldomça Anes, e nom ouverom semel. E Sancho Nuniz irmaão do dito Eytor Nuniz e filho dos sobreditos foy casado com dona Tareyia Vaasquez, filha de Vaasco Gomez Zagomba e de dona Maria Pirez filha de dom Pero Homem de Pereyra, e fez em ella huuma filha que ouve nome D. Orraca Samchez que se pagou dos homeens e nom ouve semel como quer que muito fezesse polla aver. ..............................................................................................
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De Ruy Nuniz filho de dom Nuno Martins de Chacim e de dona Maria Gomez de Briteiros filha de dom Gomez Meendez de Briteiros.
Este Ruy Nunez foy casado com Aldomça Martins, filha de Martim Tavaya e de dona Aldomça Paaez irmaã de dom Pero Paaez Marinho, e fez em ella Nuno Rodriguez Bocarro e dona Maria Rodriguez. Este Nuno Rodriguez Bocarro filho de Ruy Nuniz suso dito mataromno em riba Doyro sobre Miramda apar de huuns moynhos hu amdava em companha de dom Alvaro Nuniz de Lara e hia em partimento de huuma pelleja. E este Nuno Rodriguez Bocarro foy casado em Lixboa com dona Maria Migueez filha de Miguell Fernandez colaço delrrey dom Affomso, e nom ouverom semel.
E dona Maria Rodriguez irmãa do sobredito Nuno Rodriguez e filha dos ditos Ruy Nunez e Aldoniça Martins ouvea elrrey dom Diniz de Portugal por barregãa e depois cazou com Martim Fernandez Barreto, e ouverom semel» (65). ...............................................................................................................
Do que fica transcrito podemos concluir quanto a linhagem dos Bragançãos se desenvolveu durante a primeira dinastia da monarquia portuguesa, a grande influência de que dispunham e quanto os seus costumes deixavam muito a desejar, sendo uns dos mais depravados aqueles a que se referem os livros de linhagens mencionados, o que significa muito, pois estão cheios de iniquidades expostas em claro estilo realista.
Pelos apelidos destes fidalgos – Chacim, Urroo, Ladrom, etc., sem dúvida tomados de povoações destes nomes ainda hoje existentes em terras de Bragança e Miranda, podemos concluir que nelas tiveram os seus solares ou notáveis propriedades.
Os mesmos Livros de Linhagens, no título II, pág. 175, dizem que os filhos-dalgo do reino de Portugal provêm de cinco troncos. Um deles é de «D. Alam que foi clerigo filho-dalgo, e filhou a filha d’elrey de Armenia quando foi em oração a Santiago e foi sa hospeda em São Salvador de Crasto de Avelaãs, e filhouha com seu linhagem, e enviou as companhas suas para sa terra, e ficou elle com ella, e fege nella dous filhos donde vieram os linhagens dos Bragançãos».
Se atendermos a que as gerações nobres de Portugal nos princípios da monarquia precedem de cinco troncos que se cruzam por recíprocos casamentos – e que entre esses nobres se encontram os apelidos Bragançãos e Chacins, como já vimos, e Sarracins(66), Romeu (67) Laedra (68), Ladrão (69) e Urróo (70) [10], somos naturalmente levados a supor que os solares destes fidalgos seriam nas terras de onde lhe vieram os apelidos, situadas no distrito de Bragança. É curioso o que se lê na pág. 344 do mesmo livro: «Este Ruy Dias d’Urróo... ouve humma filha de gaamça em humma molher filha d’algo e avia nome dona Tareyia Rodriguez, e chamaromlhe por sobrenome quando era moça Tareyginha porque bailava bem». Em Bragança há um local chamado Tereijinha; se este nome lhe não provêm da bailadeira acima citada, serve pelo menos para nos explicar a sua proveniência etimológica.
Relativamente aos Chacins, diz Baena: «A familia dos Chacins foi illustradissima como descendente por varonia de D. Mendo Alão, senhor de Bragança [11]. Tomou o appellido do logar de Chacim de que foi primeiro senhor Ruy Mendes de Bragança, O Bravo, que foi casado com D. Thereza Affonso, filha do primeiro rei deste reino, e nelle fez solar para seus descendentes que delle se appellidaram de Chacim.
São suas armas, em campo de arminhos, três bandas de vermelho que vem a ser o campo semeado de arminhos de negro; timbre um javali de sua cor, bandado de arminhos, em três faxas» (71).
«Ha tradição fora dos Chacins a torre de Santa Apolonia, limite de Bragança, e na igreja de Castro de Avelãs ha um tumulo desta familia» (72).
(Já atrás aludimos ao morgadio de Santa Apolónia e adiante nos referiremos ao túmulo de Castro de Avelãs.)
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(65) Livros de Linhagens, já citados, p. 326, onde pode ver-se a geração completa dos Bragançãos, que foi numerosa e entroncou nas primeiras casas de Portugal.
No volume I destas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, p. 295, mencionamos os tenens que a família dos Bragançãos deu por governadores a Bragança.
(66) Livro de Linhagens, p. 170.
(67) Ibidem, p. 153.
(68) Ibidem, p. 183.
(69) Apelido de um dos Bragançãos.
(70) Livro de Linhagens, p. 344.
(71) SANCHES DE BAENA, Arquivo Heráldico Genealógico, 2ª parte, artigo «Chacim».
(72) BORGES, José Cardoso – Descrição Topográfica da Cidade de Bragança, notícia X, «Solar dos Chacins», fol. 213 (mihi).
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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