Esta Avó leu todos os clássicos. Mas não só. Leu também os românticos, os modernos e os contemporâneos. Delira com Pessoa, Faulkner e Lorca. As obras destes grandes vivem com ela. Livros, livros, livros. Mas não só. Esta Avó curte todos os clássicos da música. E el Flamenco. E a Bossa Nova. E todos os de la Movida Madrileña. Os discos também não faltam na casa da Avó. Nem um gira-discos. Nem uma salamandra a arder por dentro. Também há uma salamandra, da família dos anfíbios, seca por dentro e por fora, guardada nas páginas de um livro para mostrar à neta quando ela vier de longe para a visitar. Fotografias dos netos. Os filhos dos quatro filhos. Duas garrafas de gás penduradas estrategicamente, e com sentido aparentemente estético, na escada exterior que sobe ao primeiro andar. Uma retrete embutida num exíguo compartimento. Uma vassoura de piaçaba presa com fita-cola ao autoclismo.
Esta Avó move-se lentamente. Ouve a música altamente. Lê Samuel Beckett ao som dos filmes de Pedro Almodóvar que guarda em VHS. Por trás do aparentemente absurdo ambiente por onde se move há explicações. Nem sempre simples. Nem sempre só explicações.
Criação e interpretação: Noelia Domínguez e Sérgio Agostinho
Iluminação: Pedro Pires Cabral
Produção executiva: Sara Casal
Direcção, co-criação e dramaturgia: José Carlos Garcia
CM de Macedo de Cavaleiros
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