O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, afirmou que aceita a proposta de os espanhóis avançarem com um estudo prévio do possível traçado da ligação a Puebla de Sanábria, reivindicada há 20 anos.
A questão foi levantada esta semana pela associação transfronteiriça Eixo Atlântico que, num comunicado inicial, anunciava que a estrada estava desbloqueada e esclareceu mais tarde tratar-se apenas de um passo para tentar desbloquear o processo.
O presidente da Câmara de Bragança recusou, na altura, comentar a questão, mas explicou hoje, à margem de uma conferência de imprensa do PSD, partido de que faz parte, que a proposta espanhola surgiu numa reunião para definir uma estratégia relativamente a esta ligação, que continua de fora dos planos de investimento do governo português.
O conselheiro de Fomento e Meio Ambiente de Castela e Leão, Juan Carlos Suárez-Quiñones y Fernández, propôs agora a assinatura de um memorando com a Câmara de Bragança para fazer um estudo informativo prévio da obra.
A proposta foi feita numa reunião em que estiveram também presentes o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, e o presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), António Laranjo e cujos resultados foram divulgados pelo Eixo Atlântico.
A Câmara de Bragança anunciou hoje que aceita a proposta da junta de Castela e Leão de financiar o estudo para saber quais as melhores opções de traçada para apresentar aos governos dos dois países.
“Ainda estamos muito longe de dizer que a estrada está desbloqueada”, ressalvou o autarca de Bragança.
A maior parte do traçado de cerca de 30 quilómetros entre Bragança e Puebla de Sanábria fica do lado português e a ideia das entidades dos dois lados da fronteira é melhorar a atual estrada de curva contra curva municipal portuguesa.
Para isso, explicou o presidente da Câmara de Bragança, terá de haver um entendimento entre o município e o Governo português no sentido de estrada passar de municipal para nacional
O estudo servirá para mostrar qual a opção mais benéfica do traçado que atravessa o Parque Natural de Montesinho. A estrada já foi reprovada por causa dos impactos ambientais e retirada do Plano Nacional Rodoviário português, mas as entidades dos dois lados da fronteira não desistiram do projeto.
Defendem uma ligação com perfil de itinerário principal, com uma terceira faixa em algumas zonas e projetada com a possibilidade de alargamento no futuro, como indicou Hernâni Dias, ressalvando que sabem que não é possível executar uma autoestrada.
Esta ligação transfronteiriça é apontada como uma alternativa ao transito para o norte da Europa e a sua defesa tem sido sustentada com o anúncio de uma estação do comboio de alta velocidade espanhol nesta zona da fronteira.
A associação Eixo Atlântico defende que “esta ligação, estimada em 20 minutos, terá um forte impacto económico tanto para a província de Zamora (Espanha), como para a região de Trás-os-Montes, tanto no âmbito industrial, como no turismo, impacto que se estima se estenderá também à província de Leão”.
Agência Lusa
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