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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

ENTREGA DO PRÉMIO PESSOA A TIAGO RODRIGUES

Da história dos judeus em Torre de Moncorvo, que tenho estudado, o pormenor que mais me impressionou foi a utilização da palavra justo – referida a André Dias, líder da comunidade local em meados do século de 1500.
Dezenas de anos depois de morto, ainda era recordado pelos seus concidadãos, com esta expressão – O Justo. Foi também esta a palavra que me pareceu mais apropriada para recordar o meu compatriota, jornalista Rogério Rodrigues, recentemente falecido. Talvez por isso mesmo, gostei muito de ouvir o Sr. Presidente da República repetir por 3 ou 4 vezes a palavra justo, referindo- -se a Tiago Rodrigues, filho do Rogério, dizendo-o: - Justo vencedor do prémio Pessoa; justo vencedor enquanto encenador; justo vencedor enquanto dramaturgo; justo vencedor enquanto autor e promotor teatral (…) e sobretudo, um justo vencedor enquanto ativíssimo agregador de talentos e vontades. 
Gostei também de ouvir a rápida conversa entre a locutora da SIC, Débora Henriques e Tiago Rodrigues, salientando este “o caráter coletivo e simbólico” do prémio, que distingue “a qualidade e diversidade do teatro português”. Vem tudo isto a propósito da cerimónia de entrega do Premio Pessoa 2019 a Tiago Rodrigues, ator, dramaturgo, encenador, produtor teatral e diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, realizada no passado dia 9 de Junho, na Fortaleza de Cascais. Trata-se do maior galardão atribuído em Portugal a uma pessoa que anualmente se distingue na vida científica, artística e literária do país, instituído pelo jornal Expresso. 
É um prémio não estatal e, talvez por isso, Tiago disse acreditar que haja uma mudança “na forma como a sociedade civil, em Portugal, está atenta à cultura” e acrescentou com um recado ao poder político: - É urgente que a cultura seja um desígnio prioritário. Palavras simples, mas que devem ser bem pesadas, sobretudo nestes tempos de pandemia em que a o setor da cultura é mais atingido do que qualquer outro. 
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o premiado esteve quase para ser jornalista. Na verdade, foi como jornalista que eu o conheci, bem jovem ainda, em Torre de Moncorvo, escrevendo um texto sobre Jorge Luís Borges para o extinto jornal “Primeiro de Janeiro”. 
Mas foi em 2009, na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo, que fui tocado pela magia poética e de ator, de Tiago Rodrigues, ao recitar a sua “Biografia”, inserta num pequeno/grande livro – “TORRE DE MONCORVO Março de 1974 a 2009” e que termina deste moto: E em último lugar Gostava de ser enterrado, sem missas nem cruzes No talhão dos bombeiros No cemitério dos prazeres E se os bombeiros não deixarem Ou já não houver espaço Então quero ser cremado sem missa à mesma E ser colocado dentro de um pote aos pés da campa de Fernando Assis Pacheco Que também lá está nos prazeres E no pote uma inscrição: “está aqui porque os versos dele não chegavam aos calcanhares dos versos do Assis” em baixo um nome umas datas e obrigados. 
Tiago Rodrigues e Campos Monteiro são os dois nomes de “Filhos de Moncorvo” – perdoe-se-me a expressão – que ganharam nome a nível nacional, em termos de Teatro. Tiago é um jovem, Campos Monteiro faleceu há muito e celebrizou-se no primeiro quartel do século XX. Depois de morto, erigiram-lhe um busto em um Largo a que deram também o seu nome. 
Curiosamente, enquanto Portugal distinguia Tiago Rodrigues com o Prémio Pessoa, na Torre de Moncorvo retiraram do seu sítio aquele busto e o seu pedestal! Certamente o fizeram com a melhor das intenções (para escoar águas ou limpar as pedras de granito e o bronze! – ouvi dizer), mas com tremenda falta de respeito para com gerações de Moncorvenses. Bom: sejamos compreensivos. Errar é humano. Espero que rapidamente o pedestal e o busto regressem ao seu sítio, sob pena de encarar o ato como um atentado a História e à Cultura da Minha Terra. 
Ps. Utilizei a letra maiúscula para escrever Minha, não por vaidade nem por considerar mais minha do que dos outros, mas porque queria recordar o livro mais querido dos Moncorvenses – Ares da Minha Serra – escrito por Campos Monteiro.


António Júlio Andrade

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