Acúrcio Pereira |
Só um mês e meio depois de saber que estava infectado ficou a pertencer ao grupo das pessoas recuperadas. A sua esposa, apesar de também ter ficado infectada, não manifestou qualquer sintoma, o que facilitou e ajudou na recuperação de Ernesto. “Confesso: se estivesse sozinho tinha sido um problema grande. Houve uma altura que deixei de comer, não tinha apetite, não tinha gosto, não tinha cheiro. Nessa altura, a companhia foi o melhor que me pôde acontecer”.
Susana Monteiro vive em Vila de Ala, no concelho de Mogadouro, e também testou positivo para a Covid-19. Havia alguns dias que já estava a ser medicada, mas os sintomas não melhoravam. No dia de Páscoa, dirigiu-se ao centro de saúde da vila e de lá foi reencaminhada para o hospital de Bragança, onde esteve internada durante 12 dias. “Segundo um médico distrital, o meu caso foi muito grave. Fui atingida nos pulmões, nos rins e no fígado. Tinha uma anemia muito grande”.
Depois do internamento no hospital, ficou isolada em casa de um familiar durante 24 dias e era o marido que lhe comprava o que precisava e deixava à porta de casa. Susana Monteiro admitiu que foi “difícil” suportar os sintomas e estar sozinha fechada dentro de casa, mas estar longe da família também. “Foi difícil eu estar metida naquela casa sozinha. Passava o dia sozinha. Não tinha com quem falar”, disse a mulher, que falava com os netos e com a família pela janela.
Acúrcio Pereira vai fazer 80 anos no final do ano e pode dizer-se que é o rosto da esperança. Enganam-se aqueles que pensam que a idade determina o fim de uma história. Esteve internado no hospital de Bragança, por apenas 10 dias. Conta ter feito vários tratamentos e nunca perdeu a mobilidade. “Estive lá mas não tinha nada de especial. Movimentava-me bem. Fiz alguns tratamentos com a equipa do hospital mas não alterou muito ao meu ritmo. Depois de vir do hospital não tomei absolutamente nada”.
Sempre acreditou que não era “nada de preocupante” e foi isso que o fez “resistir facilmente à situação”. A maior dificuldade foi estar longe da família e dos amigos. “Recebi vários telefonemas todos os dias. Foram atitudes simpáticas que me ajudaram”.
Desconfia que terá apanhado o vírus numa visita familiar a Vila Nova de Gaia e a Matosinhos, visto que uma semana depois começou a ter febre. Foi o único da família a ficar infectado.
Histórias diferentes de três pessoas que sofreram o mesmo mal.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais
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