Bombeiros voluntários: espírito de missão mas também crescimento pessoal

 Os Bombeiros Voluntários desempenham um papel fundamental na sociedade, mas nem sempre são suficientes para os serviços que prestam.

A Rádio Brigantia ouviu o testemunho de dois bombeiros de Bragança, que realçaram o espírito de missão mas também o crescimento pessoal que a experiência lhes deu.

Maria José João tem apenas 21 anos e a sua profissão em nada tem a ver com prestar serviço à comunidade. Lida com números diariamente, mas é nos tempos livres que se sente mais útil, quando veste a farda dos bombeiros voluntários de Bragança. Para já está ainda em fase de formação, mas diz já ter aprendido coisas que usou fora do serviço.

“As formações que temos aqui são importantes para todas as pessoas. Há coisas que eu já usei

fora do meu horário. Por exemplo o meu irmão desmaiou e eu pensei ‘nos bombeiros aprendi que devia fazer este procedimento’ e então antes de chegar lá o INEM eu já estava a ajudá-lo para o tentar estabilizar”, afirmou.

Enganam-se aqueles que pensam que ser bombeiro é apenas dar, porque muitas vezes também é enriquecimento pessoalmente. E Maria José João é a prova disso.

“Além de aprender, ajuda-me a crescer, porque quando venho para aqui, sei que vou fazer uma coisa interessante, sei que vou ajudar alguém. Sei que venho gastar o meu tempo de forma útil. Sinto-me bem e é uma sensação boa quando saio daqui a pensar que ajudei pessoas, ‘eu estava lá, eu dei o meu melhor, eu conseguir fazer isto’. É óptimo”, salientou.

E assim os mais velhos transmitem conhecimento aos mais novos que chegam à corporação. João Alves está há 19 anos nos Bombeiros de Bragança e conta que já aprendeu muito com a experiência. Mas um dos maiores choques foi enfrentar uma realidade mais dura.

“Uma vez fui socorrer uns ocupantes de um veículo que tinha tido um acidente e eram dois jovens, um casal espanhol, e já tinham falecido e custou-me imenso constatar esta realidade. Foi a primeira vez que assisti”, contou.

Um estágio para a vida, que contribui para um crescimento pessoal e pelo qual João Alves considera que todos os jovens deviam passar.

A corporação de Bragança tem 56 bombeiros efectivos, 96 voluntários formados e 12 em formação. Mas de acordo com o Segundo Comandante, Carlos Martins, não é suficiente e começa a ser difícil recrutar jovens. “Ultimamente o que se tem passado é que não temos conseguido fixar pessoas no quadro de voluntários. Não percebemos porquê, deve ser um problema estrutural. O concelho está a perder população”, referiu Carlos Martins.

Para ser bombeiro voluntário basta ter entre 17 a 45 anos. A formação é de um ano. O voluntariado é prestado ao fim-de-semana, em horário pós-laboral, durante 24 horas, uma vez por mês.

O testemunho de dois bombeiros que querem ajudar os outros e aprender mais com aqueles que os rodeiam.

Escrito por Brigantia