Se pretende explorar o património histórico-cultural e deliciar-se com a gastronomia regional, qualquer estação do ano é perfeita.
Castelo de Bragança |
Na gíria popular transmontana é comummente utilizada a expressão “nove meses de inverno e três de inferno” para caracterizar o clima das Terras Frias e dos planaltos transmontanos que imperam no distrito de Bragança. É verdade que a região tem fama (e proveito) de invernos frios prolongados e verões curtos e quentes.
Para degustar uma boa Posta Mirandesa, todas as estações são boas! |
As temperaturas são mais amenas no final da primavera e início do outono, alturas do ano que aconselhamos para fazer caminhadas.
Na primavera, a chuva e o degelo enchem rios, ribeiros e riachos que correm selvagens. Somos brindados com os montes ondulantes pintados de tons florais dominados pela esteva, giesta, carqueja e urze. As amendoeiras em flor, entre março e abril, proporcionam um espetáculo raro revestindo o território dum manto branco. Um manto branco diferente do que podemos ver no inverno, quando a neve caída sobre a cidade a torna mais cintilante.
Na primavera, os cursos de água estão em todo o seu esplendor no concelho de Bragança. |
O outono traz a frescura ansiada dos quentes dias de verão, que aqui podem ser inclementes. A paisagem reveste-se de tons quentes outonais apaixonantes: o restolho pinta os campos rurais de ouro, a terra lavrada faz uma paleta completa de tons avermelhados, os amieiros traçam linhas amarelas ao longo dos cursos de água, laranjas, marrons e bordeaux dominam as vinhas e vestem carvalhos, a folhagem dourada das faias… Permeados pelos dois verdes intensos distintos dos castanheiros, em extensões de soutos a perder de vista: o verde escuro da folhagem e o verde claro dos ouriços das castanhas. Com a queda da folha, a natureza “tece” fofos tapetes de folhagem multicolorida, onde até apetece rebolar.
Trilho no outono? É no Parque Natural de Montesinho. |
As temperaturas baixas não demovem os brigantinos de celebrar o ciclo da vida e da natureza, o principal mote das suas tradições e costumes mais identitários. Aliás, variadíssimas manifestações populares e culturais preenchem as Festas de Inverno (geralmente, de novembro a fevereiro/março) e são, provavelmente, as mais desconhecidas da maioria dos portugueses, mas vividas mais intensamente pelas gentes da terra.
Se apanhar os Caretos, o melhor mesmo é colocar logo uma moedinha na maçã… Senão, vai “sofrer” muitas travessuras. |
Anote estas datas na sua agenda se quiser visitar Bragança num dos seus eventos mais marcantes.
Festas de Bragança (agosto): A época alta para visitar Bragança é no verão, quando os dias são longos e a agenda de eventos está preenchida de festas e atividades. O destaque vai obviamente para as Festas de Bragança, dedicadas à padroeira, Nossa Senhora das Graças, culminando no feriado municipal de 22 de agosto.
De 25 de Dezembro ao Dia de Reis: Desde o dia de Santo Estevão ao Dia de Reis não há parança nas aldeias de Bragança, quando acontecem as Festas dos Rapazes. Afinal, os Caretos não saem à rua só no Carnaval. Cada aldeia tem as suas tradições ancestrais para celebrar o solstício de inverno, cuja origem já se perdeu na memória, mas cruzam os ritos solsticiais Celtas, costumes Zoelas, juvenálias e calendas romanas.
Caretos motards abrilhantam este roteiro para visitar Bragança. |
Queima do Diabo (Carnaval): O Entrudo é sempre uma excelente altura do ano para visitar Bragança e arredores. No sábado antes do dia de Carnaval, as ruas da cidade enchem-se de Caretos vindos das aldeias vizinhas, e até de Léon e de Zamora. Envergando os seus trajes tradicionais e revivendo costumes antigos, correm, saltam, chocalham e brincam pelas ruas acima, até ao Castelo de Bragança onde o dia culmina com a Queima do Diabo. Nos dias seguintes, até à Quarta-Feira de Cinzas, é ir vê-los às respetivas aldeias.
Brama do Veado (setembro e outubro): Ok, não é uma festa! Mas é uma experiência e os amantes da natureza sabem o espetáculo singular que é a Brama dos Veados (chamada de acasalamento). Com alguma sorte, é possível ouvir uma dezena de machos da população de veado vermelho do Parque Natural do Montesinho bramir, alto e bom som, para atrair as fêmeas.
Brama dos Veados, sugestão de outono num roteiro para visitar Bragança. |
Novembro: Com o findar das colheitas, as atenções viram-se para inúmeros mercados e feiras, as festas e magustos em que a castanha é rainha (produto fundamental em Trás-os-Montes) e as rotas micológicas (para quem queira aprender mais sobre cogumelos silvestres).
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