A médica Cristina Nunes, que pertence à equipa do Conselho Sub-Regional de Bragança da Ordem dos Médicos, explica que o programa contempla várias especialidades mas vinca que era necessário que abrangesse outras para as quais faltam médicos em Bragança. “Este programa abrange algumas especialidades, nomeadamente Medicina Interna, Cirurgia Geral, Anestesiologia, Pediatria, Ortopedia. Ginecologia, Obstetrícia, Psiquiatria e Radiologia. No entanto, gostaríamos de ver o programa alargado a outras especialidades. Existe um número de especialidades ao qual este programa poderia ser alargado, nomeadamente cardiologia, gastroenterologia, neurologia, entre muitas outras, que são consideradas nucleares e que, de facto, estes locais, onde vai ser aplicado o programa, fariam falta para tratarmos ainda com mais qualidade a nossa população”.
Ainda assim, considera que a medida vai dar frutos. “Este programa baseia-se numa formação partilhada entre hospitais do Interior e Litoral. Por exemplo, um médico que queira iniciar formação no Centro Hospitalar do Porto, no Hospital de Santo António, poderá terminar a sua formação no Hospital de Bragança. Penso que este programa é uma excelente iniciativa e penso que conseguiremos obter resultados em uma ou duas décadas. Aqui, no Hospital de Bragança, penso que iria beneficiar o hospital e a saúde em geral, no nosso distrito”.
Cristina Nunes aplaude a medida do Governo mas considera que é necessário fazer-se ainda mais por Bragança. “Haverá necessidade de tomar algumas iniciativas no que diz respeito, por exemplo, à requalificação de infraestruturas, uma modernização tecnológica e, associado a estas medidas, a promoção da carreira científica e académica, que poderia ser um factor chave para a fixação de médicos na nossa região. Obviamente que o Conselho Sub-Regional de Bragança da Ordem dos Médicos quer fazer parte destas soluções para que a nossa região consiga, de facto, incrementar e combater a falta de médicos que existe na região”.
Muitos jovens saem do nosso território para estudar e depois acabam por não regressar. A criação de uma Faculdade de Medicina na região poderia resolver o problema. “O distrito de Bragança e Trás-os-Montes, em geral, é, neste momento, a par do Alentejo, a única região que não tem uma faculdade de medicina. Bragança e Trás-os-Montes formam muitos médicos nas faculdades que estão na Covilhã, em Braga, em Lisboa, no Porto, em Coimbra. Fará todo o sentido que Trás-os-Montes tenha também faculdade de medicina. A carreira médica é prolongada. Um profissional forma-se, habitualmente, em 10 a 12 anos. As pessoas, nessa altura, já têm, normalmente, a sua vida familiar estabelecida e é difícil depois conseguir que aqui se fixem precisamente por isso”.
Este programa de formação partilhada, que prevê atrair médicos para territórios menos povoados, chegará ainda a outras seis unidades hospitalares, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Santiago do Cacém e Beja.
O programa é uma parceria entre o Governo e a Ordem dos Médicos.
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