Igreja Matriz |
Extensa freguesia raiana, Deilão localiza-se na orla ocidental bragançana distando uns 22 quilómetros para noroeste da capital concelhia. Em termos de conexões viárias à referida cidade, é a freguesia servida pelas EN 218 (até Gimonde) e 308. O seu território paroquial confronta com a vizinha Espanha pelos flancos oriental e nordestino. Delineando esta linha fronteiriça, a nascente e ao longo de alguns quilómetros, estende-se o pequeno Rio Maças (com seu curso orientado de norte para sul).
Abrangendo extensa área montanhosa, com altitudes médias acima dos 600 metros (e máxima de 958, mesmo junto ao povoado principal), a freguesia integra o perímetro do Parque Natural de Montesinho, registando belíssimos trechos de paisagem natural e uma riqueza patrimonial assinalável aos níveis arqueológicos e etnográfico. Residem ali actualmente cerca de 260 pessoas, distribuídas por três aglomerados populacionais: Deilão, Vila Meã e Petisqueira. A pastorícia e o amanho das terras são, por esta ordem, os principais sustentáculos de um débil economia local, ainda à escala da auto-subsistência. Embora não surjam arrolados, em áreas desta freguesia, quaisquer possíveis povoados castrejos nas obras da especialidade (Neto e A.C.F. Silva), tudo leva a crer que por aqui se sediariam já pequenas comunidades proto-históricas, escolhendo para seu abrigo e defesa as eminências topográficas destacadas, sobre o ondulado dorso planáltico desta faixa raiana.
Um notável achado fortuito, ocorrido no sítio de Valbom desta freguesia, terá vindo, de certa forma, em reforço daquela suspeita. Trata-se do célebre “esconderijo de fundidor” de Deilão, constituído por seis braceletes e um machado de talão e anel único, objectos metálicos atribuíeis ao Bronze Final. Os braceletes em questão surgem decorados com espécie de “denticulado”. Para Armando Redentor, “a itinerância dos artesãos” daquele complexo período da pré-história recente, “poderá justificar este tipo achados isolados”. Em boa verdade se digna que a colocação daqueles conjuntos de artefactos em esconderijos naturais (fendas nos rochedos, geralmente) poderá corresponder a atitudes posteriores àquela época, pelo que não será muito seguro tirar aquele tipo de ilações. A própria noção de “esconderijo de fundidor” pode ser, aliás e no mesmo sentido, também posta em causa. Resta aguardar por eventuais prospecções sistemáticas do terreno, as quais possam detectar os locais de implantação de presumíveis habitats. Obscuras serão também as origens paroquiais, supondo o articulista da “ Grande Enciclopédia” que os “ velhos topónimos Deilão e Vila Meão”, já documentados dos sec. XII paro o XIII, testemunhem a sua “ascendência” pré-nacional.
O facto desta região confrontar, à época, com o vizinho reino leonês criaria naturais condicionalismos de posse, sendo indecisa a inclusão paroquial daqueles “Villares”. Quanto a valores patrimoniais de índole arquitectónica e cariz religioso, contam-se, para além da Igreja Matriz, as Capelas de S. Sebastião e de Sta. Eulália.
Relativamente às danças e cantares destaca-se a jota e os cantares dos Reis, na altura do Natal e Ano Novo. Tradicionalmente, nas festas da aldeia de Deilão, o gaiteiro desempenha um papel muito importante, considerando-se indispensável a sua presença.
É costume dizer que uma festa sem gaiteiro não é festa e, antigamente, quando não havia nenhum, recorria-se mesmo aos gaiteiros das aldeias espanholas (de Riomanzanas, particularmente) que vinham de véspera e eram pagos com grão-de-bico. Eduardo Francisco Veiga, nascido em 1940 em Deilão, também conhecido por “Gaiteiro Dias” ou “Gaiteiro de Deilão”, será provavelmente o último gaiteiro tradicional da freguesia. Actualmente nasceu uma nova geração de gaiteiros em Vila Meã, com o apoio da extensão educativa de adultos de Bragança, conjuntamente com o Sr. João Francisco Fernandes. Proporcionaram um curso de Gaita de Foles a jovens na freguesia, não havendo assim, pelo menos para já, a ameaça da extinção da Gaita de Foles.
Quanto aos trajes típicos da região, estes são constituídos pela capa de pardo ou capa dos pastores e a capa de lã “batida” utilizada nos Invernos mais rigorosos.
Sempre que o dia-a-dia assim o permitia, sobretudo nos domingos e dias santos, jogava-se o jogo do fito, da relha, do ferro e da pedra. Actualmente, estes jogos realizam-se nas festas populares e durante o verão com a presença dos emigrantes.
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