"Parece que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Aqui só somos iguais para pagar impostos e depois é tirar o pouco que nós temos. Eles [Governo] não têm a noção do que é este concelho e muito menos o que é distrito de Bragança, já que nos estão tirar serviços públicos todos os dias", disse hoje à Lusa José Mesquita, um dos manifestantes presentes na ação reivindicativa.
No meio dos populares que aderiram à chamada, estavam alguns dos eleitos para órgãos autárquicos do concelho empunhando bandeiras espanholas em sinal "de repúdio pelo esvaziamento do interior de serviço públicos".
Os manifestantes empunhavam cartazes onde figuravam algumas palavras de ordem mostrando o "descontentamento" pelo encerramento de diversos serviços públicos no concelho como escolas, Serviço de Atendimento Permanente do Centro de Saúde, o possível encerramento do Tribunal, repartição de Finanças e os serviços da Segurança Social.
A anunciada retirada do helicóptero do INEM de Macedo de Cavaleiros foi uma das questões referidas, já que a deslocação para aeronave para Vila Real afasta Miranda do Douro do seu raio de ação.
Apesar de serem apenas algumas dezenas de manifestantes, os avisos ao Governo não faltaram e os manifestantes prometeram que este dia será o primeiro de uma série de ações programadas contra o encerramento dos serviços públicos.
Cortes de estrada, com incidências nas duas vias que ligam a região do Planalto Mirandês com Espanha e o resto da Europa, ou ações junto das centrais hidrelétricas de Miranda e Picote não estão colocadas de lado, segundo muitos dos manifestantes.
Domingos Martins, um dos munícipes presentes, afirmou que a manifestação deve-se à degradação da oferta pública, como o "encerramento de escolas, de serviços como o Tribunal e as Finanças e tudo o que se vem anunciando".
"Há um esvaziamento das aldeias e das sedes de concelho. Numa palavra só: o esvaziamento do interior. Uma situação que em dói na alma já que as estruturas estão feitas", frisou.
No meio dos populares que aderiram à chamada, estavam alguns dos eleitos para órgãos autárquicos do concelho empunhando bandeiras espanholas em sinal "de repúdio pelo esvaziamento do interior de serviço públicos".
"Estou com a bandeira espanhola, já que neste momento sentia-me mais orgulho em ser espanhol, do que mirandês ou mesmo português", explicou Alberto Raposo, um dos manifestantes.
Para o presidente da Câmara de Miranda do Douro (PS), Artur Nunes, a manifestação serviu para chamar a atenção ao país de que Portugal começou nestes territórios a nordeste.
"Nós somos portugueses e por isso não há cidadãos de primeira, segunda ou terceira. O interior faz parte do país. E queremos denunciar a tentativa que está a ser feita desde de Lisboa para destruir o Estado de Direito em todo o interior e quisemos chamar a tenção que nós também fazemos parte de Portugal", concluiu.
Do lado do PSD, o dirigente Nuno Rodrigues explicou que primeiro está o concelho para além das cores políticas do PSD, PCP ou do PS, tendo sido essa a razão que o levou a juntar-se aos manifestantes.
A manifestação foi convocada pela Assembleia e Câmara Municipal e juntou pessoas e autarcas representantes de diversas forças políticas do concelho sob o lema " A Europa começa aqui!"
Lusa
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