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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

INFORMAÇÃO, LIBERDADE E DIGNIDADE

A imprensa, como técnica de reprodução e difusão rápida do texto escrito, foi uma conquista da Europa no século XV, potenciando antiga invenção chinesa.

Quando Gutenberg adaptou a técnica oriental aos caracteres móveis, a que associou a utilização do papel, outra invenção da velha China, os europeus passaram a dispor de um meio poderoso de disseminação da literatura, da ciência, do pensamento crítico sobre a vida, as sociedades e a política. Rapidamente apareceram mecanismos de controle da produção e circulação do papel impresso, com diligentes poderes políticos e religiosos a encontrar formas de censura ou de repressão pura e dura para autores, impressores e livreiros.

Lembremos, em Portugal, Damião de Goes, Garcia de Horta e o próprio Camões, que lidaram com manobras, pressões e chantagens relativas às suas criações, reflexões e estudos, antes e depois de passarem pelas prensas.

Mas a Europa haveria de tornar-se o espaço de sociedades guiadas pela racionalidade, que criou condições para o florescimento das liberdades, suporte fundamental da dignidade humana.

Os primeiros títulos de jornais apareceram há pouco mais de três séculos. A imprensa de actualidade viria a atingir ponto alto na segunda metade do século XX, com méritos reconhecidos na democratização das sociedades, contribuindo para a transparência da política, trazendo para o espaço público as grandes ou mais pequenas questões dos presentes e dos futuros.

Conviveram algum tempo com a informação que também se foi fazendo na rádio e na televisão, embora se insinuassem riscos para a informação em papel impresso, associados às tentativas de manter públicos, o que levou a confundir a função de informar com a alimentação da suspeição e do boato, com a procura do escandaloso e do sórdido, sobrevalorizando a anormalidade, contribuindo para confundir e enjoar os leitores.

Caminho paralelo têm feito rádios e televisões, agora acossadas pelas redes sociais, espaços de aparente facilitação da comunicação, logo do esclarecimento e da partilha.

Na verdade, o que se percebe é que a informação tem vindo a perder-se, apesar de parecer que nunca houve tanta. Está a desaparecer o jornalismo, actividade de recolha, análise e divulgação serena dos factos, parente da história do presente, que nunca será confundível com o rumor, o esgar preconceituoso, a cuspidela porca, o grito altissonante, o descaro que é o luxo da ignorância.

No turbilhão que já se instalou, a informação regional, nomeadamente os jornais, poderão ter condições para resistir até que assente o pó. Geralmente, os órgãos que apostam na informação superficial, descontextualizada, emocionalmente manipuladora, consideram que a informação sobre problemas regionais e locais não vende e, por isso, relegam-na para segundo plano ou condenam-na simplesmente à omissão.

Só precisamos de dar força a quem se dedica todos os dias a procurar informar com clareza, profundidade e isenção sobre as questões que se colocam nas nossas terras. Doutra forma mergulharemos alegremente na condição miserável da indignidade.


Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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