domingo, 11 de outubro de 2020

31ª Cimeira Ibérica: mais estradas, menos ligações ferroviárias

 No território fronteiriço transmontano e duriense os governos dos dois países preferem investir na rede rodoviária, prevendo-se a construção da ligação entre Bragança e Puebla de Sanabria, a ligação da A4 a Zamora a partir de Quintanilha, e a ligação pelo IC5 da cidade de Miranda do Douro a Zamora.


Realizou-se hoje na cidade da Guarda mais uma cimeira ibérica. Do conjunto das decisões e conclusões tomadas ficou clara a ideia  de que a ligação a Espanha pela linha do Douro não é um projeto que interesse aos atuais governos de Portugal e Espanha. A decisão de não incluir esta via férrea como uma prioridade de investimento estratégico para a próxima década caiu como um balde de água fria entre os autarcas dos dezanove municípios que integram a CIM Douro.

Num comunicado público, a CIM Douro disse lamentar tal decisão e anunciou que que não baixará os braços e “continuará a reivindicar junto das entidades competentes a concretização da ligação transfronteiriça através da linha do Douro, na certeza de que esta será determinante para o desenvolvimento consolidado de ambos os territórios”.

O Vice-Presidente do Conselho Intermunicipal e Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, esteve presente na 31ª Cimeira Ibérica, tendo aproveitado o momento para reiterar o desapontamento da CIM Douro pela não inclusão da Linha do Douro nos investimentos estratégicos transfronteiriços.

No território fronteiriço transmontano e duriense os governos dos dois países preferem investir na rede rodoviária, prevendo-se a construção da ligação entre Bragança e Puebla de Sanabria, a ligação da A4 a Zamora a partir de Quintanilha, e a ligação pelo IC5 da cidade de Miranda do Douro a Zamora.

No que concerne à região transmontana essas foram as decisões mais importantes tomadas no âmbito da mobilidade terrestre, mas a Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço (ECDT) prevê ainda um conjunto de outras iniciativas que visam melhorar a vida das pessoas e dos territórios de fronteira, como é exemplo o estatuto do trabalhador transfronteiriço, ou o cartão de saúde que irá possibilitar que qualquer pessoa que habite na zona da raia seja tratada indiferenciadamente nos dois lados da fronteira.

Um conjunto de outras propostas visam a cooperação entre os serviços públicos de Portugal e Espanha, como no caso da rede 112 que responderá em emergência quem estiver em melhores condições para o fazer. Com esta cooperação, pretende-se uma maior coordenação nos serviços como Saúde, Educação, Serviços Sociais e Proteção Civil.

Segundo a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, o objetivo da ECDT é “colocar o interior do país no centro do mercado ibérico, para criar uma nova centralidade económica e diminuir o abandono destes territórios”.

A estratégia geral é, segundo o governo português “impulsionar as regiões da fronteira para reforçar a resiliência da Península Ibérica”. O Primeiro-Ministro, António Costa, afirmou que Portugal e Espanha sairão da Cimeira Luso-Espanhola com melhores e mais fortes ferramentas para ajudar as comunidades que vivem na região raiana.

Sem comentários:

Enviar um comentário