Dada a situação epidemiológica, a Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses, conjuntamente com a Fencaça e a ANPC, entregaram à Direção-Geral da Saúde um plano com sugestões para o setor, dada a situação pandémica, e sobre o qual ainda se aguarda resultado.
As mais afetadas são as montarias, principalmente no que toca aos convívios associados e ao número de participantes, adianta Fernando Castanheira Pinto, presidente da confederação:
“Estamos habituados, especialmente no Norte, às grandes montarias e grandes concentrações de caçadores. Essas situações, provavelmente, não iremos ter mas a caça, propriamente dita, desde que sejam cumpridas as regras, poderá acontecer mas sem grupos superiores a dez pessoas. O ideal será que se desloquem para as manchas nas suas viaturas próprias e que haja um registo das próprias pessoas que levam consigo para que se houver um problema, a rastreabilidade das pessoas que estiveram seja mais fácil. Terão de se organizar os sorteios de uma forma diferente e não haverá pequenos almoços nem almoços.”
No entanto, Fernando Castanheira Pinto lembra que é importante que a caça não pare dada a importância económica para a região:
“É um ano atípico mas não é por isso que deixaremos de caçar. Iremos ter em atenção que há-de haver forma de minimizar os aspetos económicos que isto, especialmente para as regiões do Interior, trouxe. Haverá um grande prejuízo e se podermos minimizá-lo, melhor.”
Quanto à atividade da caça menor, os efeitos colaterais da pandemia são praticamente inexistentes mas há outras preocupações.
Além do coelho, agora também as lebres já começam a ter doença:
“Temos uma situação de extrema gravidade para a qual alertamos e até avisamos as zonas de caça, para que em função dos efetivos populacionais, tivessem em consideração se deveriam ou não caçar à lebre este ano.
A lebre também já está sujeita à mixomatose que já foi bastante fulminante na lebre o ano passado.
Algumas zonas do país têm nichos e pequenos núcleos com uma boa quantidade de efetivos de lebre, mas, genericamente, tem perdido bastante pelo país todo.
O coelho tem recuperado alguns nichos, mas propusemos ao Secretário de Estado a continuação do projeto + Coelho que tem precisamente a ver com o combate da doença hemorrágica víral e que vai para o terceiro ano.
Esperamos que, a qualquer momento, haja uma homologação.”
Um problema que parece ainda não ter chegado aos efetivos da região, no entanto, se vier a acontecer, o presidente da Federação das Associações de Caçadores da 1ª Região Cinegética, João Alves, não tem dúvidas que vai prejudicar a atividade e, por isso, já estão a ser pensadas estratégias para reverter a situação:
“Se vier a ocorrer algum surto aqui é problemático pois com a diminuição do coelho muita gente caça à lebre, e é lógico que quanto menos caça houver mais dificuldades e desânimo os caçadores terão.
Estamos a tentar ver se encontramos algumas estratégias no sentido de inverter a situação.
Queremos ajudar as associações locais a fazer um melhor ordenamento e mais repovoamento.”
Outro dos problemas que se mantém são as questões burocráticas associadas à atividade cinegética. Mas há esperança de dias melhores:
“Por vezes encontramos um feedback positivo, outras vezes nem tanto. Nesta última reunião tivemos uma boa receção e vontade de colaborar.
O processo de uso e porte de arma, registo e controle das armas em si, que passou para a PSP há uns anos, também veio complicar muito o setor da caça. Houve uma série de mudanças e aumento de taxas que fizeram com que muitos caçadores ficassem mais retraídos. No entanto, continua a haver alguns teimosos que têm o bichinho e vão tentar continuar a atividade.”
Os efeitos da pandemia, as doenças e burocracias a afetar o setor da caça.
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