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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Três Ovelhas Negras

 Bragança é a que maior investimento requer. O canal da Linha do Tua permanece lá – alvo de uma tentativa, felizmente frustrada, de transformação numa ecopista de 80 km até Mirandela.

O Governo elaborou um Plano Ferroviário na proposta de Orçamento de Estado para 2021, com um objectivo ambicioso: ligar todas as capitais de distrito. Um objectivo não só lúcido, como exequível, e justo. Três capitais de distrito não têm serviço ferroviário: Viseu – perdeu as Linhas do Vouga e do Dão em 1990; Bragança – perdeu a do Tua em 1991/92; e Vila Real – perdeu a do Corgo em 2009.

De Viseu à Linha da Beira Alta em Mangualde vão uns meros 10 km. Se é discutível reabrir a Linha do Dão ou a do Vouga, já se torna mais difícil compreender porque uma concordância em Mangualde para servir Viseu ainda não foi construída. Veja-se o caso do serviço ferroviário de Saragoça a Canfranc, que liga Huesca através de uma concordância de 6 km.

Já Vila Real, elaborei um estudo de reabertura, disponível no YouTube, ao qual nem a autarquia nem a CIM Douro se têm mostrado interessados, que aponta um custo de reabertura de 11 milhões de euros; apenas 1,6 milhões a serem suportados pelo Estado. A autarquia vai investir um milhão na enésima ponte pedonal da cidade, portanto é um investimento que até uma câmara municipal conseguiria suportar. São 25 km até à Régua e suas interfaces ferroviária e fluvial, num tempo de viagem igual ao da rodovia, só que mais próximo, barato, e sustentável.

Bragança é a que maior investimento requer. O canal da Linha do Tua permanece lá – alvo de uma tentativa, felizmente frustrada, de transformação numa ecopista de 80 km até Mirandela.

Mas este não é o trajecto dos fraguedos do Baixo Tua: a correcção do traçado é aqui fácil de efectuar, e até a reconexão com a Linha do Douro na foz do Tua é possível através de um novo canal de 16 km a partir de São Lourenço, e uma descida ou em zigue-zague – como a ferrovia peruana do Nariz del Diablo – ou em sucessivos cotovelos – como a ligação italo-helvética de Tirano a Saint Moritz – até à estação do Tua.

Tem ainda a proximidade da linha de Alta Velocidade Madrid – Corunha, com o seu aeródromo de permeio. Uma nova via por Montesinho e entrando no canal da linha convencional em Pedralba de la Pradería até à Sanábria poria um passageiro – e mercadorias – em Bragança em meia hora – em Madrid em menos de duas horas, o mesmo tempo de viagem até ao Porto. A intenção avançada pelo Primeiro-Ministro de construir uma ligação rodoviária de Bragança à fronteira não chega: não se sabe quando essa estrada avançará, nem está garantida a sua extensão do lado espanhol – e lembrando o atraso de décadas do prolongamento do IP4/A4 até à Autovia de la Plata, não auspicia muito de bom.

Que fique bem claro: as verbas existem, e tanto a coesão territorial como a mobilidade sustentável defendem de forma categórica a reconexão histórica destas cidades à rede ferroviária nacional. Resta que as autoridades políticas locais tenham lucidez e coragem para o reivindicar, sem pequenez ou megalomanias, e que o Poder Central aja de forma coordenada e decisiva. Enquanto cidadão trasmontano, não espero menos que isso.

Daniel Conde

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