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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Miranda do Douro: Arqueólogos descobrem esqueletos da Guerra do Mirandum

 Uma equipa de arqueólogos acredita ter colocado a descoberto os primeiros esqueletos das vítimas resultantes da explosão do paiol do castelo de Miranda do Douro, que ocorreu há 258 anos durante a Guerra do Mirandum, indicou o município.
Esta descoberta, tida pelos arqueólogos como relevante para melhor se compreender a história da cidade de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, decorreu após sondagens arqueológicas na antiga Rua do Castelo, um espaço que se encontra em obras de requalificação.

"No acompanhamento arqueológico da execução da obra, e com a abertura de uma vala para implantação de um muro, foram exumados vestígios osteológicos humanos, o que obrigou a uma paragem e a consequente realização de uma sondagem arqueológica de avaliação da área", disse à Lusa a arqueóloga municipal Mónica Salgado.

Segundo a responsável, foi possível aferir algumas valas onde foram depositados corpos humanos. O "número pode chegar às 70 pessoas enterradas naquela área".

"Os materiais arqueológicos exumados estabelecem uma cronologia moderna, séculos XVII e XVIII. A deposição dos enterramentos demonstra uma certa desordem, por assim dizer, do tipo vala comum", indicou a arqueóloga que acompanha o processo.

Mónica Salgado adiantou que numa vala foram exumados dois indivíduos de sexo masculino e duas crianças.

"Uma das crianças estava colocada de ventre para baixo e com um braço apoiado no crânio de um dos indivíduos, denunciando uma falta de cuidado e a rapidez com que se pretendia enterrar os mortos", concretizou.

Neste local, é realçada "a não existência de um espaço de culto", como uma capela ou um cemitério.

"Este espaço de enterramento trata-se somente de um espaço aberto e utilizado como área de cultivo, analisando incluso plantas modernas (séculos XVIII). Podemos aferir que se tratam de valas decorrentes do rebentamento do paiol a 08 de maio de 1762, há 258 anos", vincou a técnica.

Por seu lado, o arqueólogo José António Pereira, responsável pelas sondagens arqueológicas no terreno, refere que há o conhecimento histórico da Guerra do Mirandum, mas como pouco vestígios.

"Tenho o conhecimento histórico do evento, mas com poucos vestígios histórico, a não a destruição do castelo e não havia a notícia de enterramentos. Estas descobertas estão repletas de significado histórico", vincou.

Segundo uma investigação da arqueóloga Mónica Salgado e de outros historiadores, a Guerra do Mirandum decorre da participação de Portugal na Guerra dos Sete Anos, que opôs Portugal e Espanha.

"A disputa em Miranda do Douro ficou conhecida como a Guerra do Mirandum, na qual a 08 de maio de 1762, o exército do Marquês de Sárria invade a cidade, devido a um acidente ou outra ação, na qual o paiol do exército português explode, originando a morte de cerca de 400 pessoas", segundo a arqueóloga.

"Derrotados com este acontecimento, a cidade de Miranda do Douro rende-se facilitando a entrada do exército franco-espanhol", enfatizou.

Segundo o presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, a vala foi selada e no futuro proceder-se-á a novas sondagens para melhor se compreender o valor deste espaço, "numa perspetiva antropológica".

Objetivo é criar um "espaço iconográfico de recuperação da memória coletiva", assim como um enquadramento paisagístico da muralha medieval/moderna do Castelo de Miranda do Douro.

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