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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A estratégia desigual de desenvolvimento transfronteiriço

 Se pretendemos desenvolver as regiões de baixa densidade populacional, a receita não pode incidir somente em subsídios de semi-sobrevivência.

O Douro é internacional, mas as infraestruturas não! Decorreu no dia 10 de Outubro, na belíssima cidade da Guarda, a 31ª Cimeira Luso-Espanhola, que teve como objectivo primordial apresentar uma estratégia comum de desenvolvimento transfronteiriço em território ibérico. Contudo, o documento apresentado pelos dois governos não contempla o desenvolvimento da ligação ferroviária na linha do Douro.

Actualmente, esta linha – que já se encontra obsoleta – liga a cidade do Porto ao Pocinho, apresentando-se como um motor de desenvolvimento económico e turístico, mas também de coesão territorial e social. Hoje, esta linha necessita de um update integral ao nível de infraestruturas, assim como é premente a sua integração na Rede Transeuropeia de Transportes. Esta via ferroviária é hoje utilizada de forma recorrente como plataforma turística (Porto-Pocinho), mas pode servir também como ligação comercial e de transporte de mercadorias – para tal bastaria a implementação dos denominados “portos-secos” em território luso ou espanhol, que serviriam de forma fulcral para a exportação de produtos portugueses para a Europa, assim como para a circulação célere – e menos poluente – de mercadorias em território nacional português.

A par da necessidade da ligação da linha do Douro a Espanha, seria igualmente primordial realizar a electrificação do caminho ferroviário em toda a sua extensão. A zona do Douro é hoje contemplada com diversos investimentos de índole turística, exploração mineira, assim como de energias renováveis, que contribuem de forma direta para a fixação de pessoas e para o aumento da produtividade da região. Todavia, e se pretendemos desenvolver as regiões de baixa densidade populacional, a receita não pode incidir somente em subsídios de semi-sobrevivência, mas sim em infraestruturas que acelerem e optimizem a circulação de mercadorias, bens e pessoas e que contribuam para a captação de investimento crucial para a manutenção do nível demográfico e posterior aumento de população na região do interior.

Portugal vai receber fundos europeus — não reembolsáveis — que irão permitir apostar em vários aspectos da economia nacional e, sem dúvida, que o Douro é essencial para o desenvolvimento da região do interior e dos concelhos raianos. São inacções governamentais como estas, que contribuem para aumentar o fosso entre o interior  e o litoral de Portugal.

O Douro apresenta-se com um património natural que atravessa fronteiras de forma secular e as infraestruturas e as ligações importantes para o desenvolvimento do território apresentam-se somente nos documentos estratégicos. Ressalva-se, também, que o memorando apresenta soluções que são essenciais ao nível da cooperação transfronteiriça do Douro e Trás-os-Montes, tais como o cartão de saúde transfronteiriço e a ligação do IC5 de Miranda do Douro a Zamora (via Sayago) e do IP2 entre Bragança e Puebla da Sanabria. Para o documento fechar com chave de ouro faltou somente a ligação ferroviária da linha do Douro de Barca D´Alva até Espanha (província de Salamanca). Afinal, o Interior de Portugal é o litoral da Europa.

João Pavão

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