"Com as restituições atualmente existentes em Espanha, principalmente nas zonas de Madrid e Barcelona, os cogumelos silvestres deixaram de ter tanta procura nos restaurantes, porque reduziram a sua atividade devido à pandemia, havendo perda de rendimento paras os proprietários de floresta e soutos portugueses", explicou à Lusa Manuel Moredo.
Segundo o dirigente desta associação com sede em Mogadouro, no distrito de Bragança, pode chegar aos sete euros um quilo de boletos (cogumelos silvestres comestíveis), levados frescos e "diretamente" para o país vizinho.
"Há muitos produtores [de cogumelos silvestres] que são proprietários de vários hectares de soutos e pinhais, locais onde abundam estes fungos nesta altura do ano e que não conseguem escoar os seus cogumelos devidos às restrições impostas pela covid-19”, acrescentou.
O mesmo acontece com “outras pessoas que procuram os cogumelos no seio da economia familiar, e a quem atividade pode render algumas centenas de euros", vincou o também micológico.
Este especialista prevê um ano "proveitoso" para a apanha de diversas espécies de cogumelos silvestres, porque as chuvas das últimas semanas, associadas a dias de sol, têm feito aparecer em quantidade e qualidade os primeiros exemplares por todo o Nordeste Transmontano.
Apesar de o ano ser propício para a apanha de cogumelos silvestres, a Associação Micológica "A Pontorra" cancelou o XXII encontro micológico agendado para a primeira semana de novembro, em consequência das restrições impostas pela Direção Geral da Saúde (DGS).
"Este encontro junta mais de uma centena de pessoas de várias idades, vindas um pouco de todo o país, e esse foi um fator que pesou na decisão de cancelar o encontro", vincou Manuel Moredo.
O dirigente lembrou que as Associações Micológicas transmontanas reclamam há cerca de 15 anos legislação que regulamente a apanha de cogumelos silvestres, tendo mesmo sido apresentada ao Governo uma proposta de lei que acabe com a apanha "indiscriminada" deste tipo de fungos.
"Esta é uma forma de regulamentar o setor micológico e acabar com uma certa anarquia existente nesta atividade ", disse.
"A Pantorra" já identificou mais de 400 espécies de cogumelos no Nordeste Transmontano nos últimos 22 anos, mas os seus especialistas estão convencidos que há muitas mais por identificar, um trabalho que os micólogos continuam a fazer tanto no Nordeste Transmontano como na província espanhola de Castela e Leão, territórios com características semelhantes.
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