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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A Pandemia e o futuro próximo

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

A Barca de Dante (Museu do Louvre, Paris)
 de: Eugène Delacroix
Mesmo nas piores circunstâncias e privações o homem possui uma capacidade de adaptação ao que desconhece e não consegue controlar, que é inata e tem sobrevivido a todas as anteriores catástrofes e pragas que se interpuseram no seu caminho. Mas em tempo de normalidade tende a pensar que a última já lá vai e que a vida é apenas o "dolce fare niente " que ele idealizou, o que não passa de uma UTOPIA.
Parece-me que temos em mãos algo de muito sério e imprevisível.
Ora bem, neste meu tempo de vida, reformado e condicionado, tento aproveitar o tempo que me resta da forma que mais me apraz; lendo os meus livros, ouvindo a minha música, escrevendo as minhas crónicas e tentando passar o meu tempo em sintonia com aquilo que desde muito novo desejei para mim, quando o trabalho deixasse de ser a coisa mais importante da minha vida.
Assim passei a dar atenção ao raiar da Aurora e ao Por do Sol e sem que dê muita atenção à previsão meteorológica dos "media", passei a dedicar alguma atenção ao Sol e à Chuva.
Ora estava eu quase contente com tal estado de coisas, eis que desaba sobre este mundo algo que é definido por um vocábulo quase desconhecido que dá pelo nome de Pandemia. E de repente a minha caminhada serena sofreu um percalço que pôs tudo em estado de sítio.
Há mais de sete meses que a abertura dos noticiários da TV ou da Rádio, bem assim como os títulos dos jornais se faz invariavelmente com algo que passou a ser o assunto tão falado e de tal abrangência que todo o mundo desde os países mais pobres aos mais poderosos lhe estão submetidos. E eu passei de um estado de quase Felicidade para outro de Inconformismo e angústia.
Não fará sentido eu repetir o que de tão recorrente, é de todos conhecido; o ritual da informação de casos vários de Hospitais e Lares de Idosos que fazem lembrar cenas que o próprio Dante Alighieri teria dificuldade em descrever. O caminho que era liso e que serpenteava pelo prado em Flôr, onde dava prazer sentir a Natureza passou de idílico a tenebroso, os livros têm as palavras ao acaso e o que dizem deixou de fazer sentido, a música é agora cansativa e impertinente e a gente vagueia pelas ruas ensimesmada, de máscara que a torna estranha e irreconhecível. Somos um grupo de gente desconhecida, até para os mais chegados, havendo casos de rejeição por falta de diálogo que as máscaras impedem e que nos torna em fantasmas vagabundos.
Os políticos nunca foram um exemplo, mas agora estão também assustados e não dizem coisa com coisa. Pudera, a Economia está a afundar-se e os privilégios podem erodir-se. 
Continuam no seu posto, os Médicos e Enfermeiros, mais o Pessoal Técnico que têm travado um duelo de vida ou morte que nós vagamente reconhecemos. Somos uns mal-agradecidos.
É a guerra química que as grandes inteligências, vulgo, crânios puseram em marcha ou será apenas a Natureza que está a proceder a pequenos arranjos nas peças avariadas da sua máquina Suprema? Seja o que for a mim já me estragou os dias. Os Livros  deixaram de ter o poder de me encantarem, a Música soa a barulheira e o Sol  e a  Lua, deixaram de me seduzir.
No telejornal, o pivot disse agora que o governo decretou o Estado de Emergência e os números já atingem cifras elevadíssimas, a Ministra não sabe o que fazer e a Diretora de Saúde, pequenina mas tesinha, lá se tem aguentado.
É mais um dia que nos faz pensar porque é que a nós nos toca sempre "dançar com a feia?".
Era agora tempo de mudarmos de paradigma, mas parece-me que não teremos tal discernimento, pois quem manda no mundo quer que seja assim e as lições que Deus nos dá, entram-lhes por um ouvido e saem-lhes pelo outro.
É esta uma crónica inquinada, escrita num tempo de chuva e Covid19 que me confundem e desesperam!
Quanto tempo poderá durar esta incerteza, este destruir da Humanidade que espera ansiosa pelos dias felizes de um passado recente que nos permitia andar de cara destapada e reconhecer as gentes que falavam sem panos na boca?
( GÉNESIS - E o Senhor deu ao homem esta ordem: -Podes comer do fruto de todas as árvores do Jardim, mas não comas o da árvore da ciência, do bem e do mal, porque no dia em que o comeres certamente morrerás. (Genesis 2/11 e 12.)




Bragança, 27/X/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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