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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Gimonde

 A aldeia de Gimonde fica localizada na orla do Parque Natural de Montesinho, no concelho de Bragança, a pouco mais de meia-dúzia de quilómetros desta cidade.


Inserida na região da Terra Fria Transmontana, Gimonde é uma terra genuína onde as pessoas sabem receber como, aliás, é característico das gentes de Trás-os-Montes – sei do que falo, pois conheço algumas famílias transmontanas e sei a “festa” que é ir a casa delas… 

A aldeia está inserida num vale bastante próspero onde convergem três rios: o rio Onor, o rio Igrejas e o rio Frio que, por sua vez, vão confluir no rio Sabor. Gimonde brinda-nos com magníficas paisagens, com riqueza patrimonial e com bons restaurantes, alguns conhecidos a nível nacional.

Sabe-se que a região é povoada desde tempos remotos. Existem vestígios de um castro antigo – conhecido como castro de Arrabalde –, onde foram encontrados sinais de um povoado fortificado, localizado num cabeço de xisto sobranceiro ao rio Sabor. Calcula-se que, na época Romana, este povoado se terá estendido para fora da muralha. São inúmeros os achados do tempo da ocupação Romana que comprovam a sua presença na região, entre eles um marco miliário do século III. Outra indicação, bem visível, da sua presença por aqui é a Ponte Romana de Gimonde, também conhecida, entre os locais, como “Ponte Velha”.


Mas o ideal para conhecer a aldeia é estacionar o carro e percorrer as suas ruas. Deixe o carro junto à N218, num pequeno largo com recuperadas e vistosas casas tradicionais, onde existe um dos afamados restaurantes. Não pense em ir já meter os pés debaixo da mesa e dê antes uma volta a pé pelas ruas da aldeia. Visite a igreja de Gimonde, igreja de Nossa Senhora da Assunção. Um templo muito simples e belo, que fica estrategicamente no ponto mais alto da aldeia com uma vista privilegiada sobre toda a localidade. Não consegui saber ao certo a data da construção da primitiva igreja, mas há referências a esta igreja em 1320 / 1321, no “Catálogo de todas as Igrejas, Comendas e Mosteiros que havia nos reinos de Portugal e Algarves”. É provável que a igreja tenha sido restaurada e ficado com o aspecto actual durante o século XVIII.


Dada a volta pelas ruas do centro da aldeia, é provável que termine junto ao rio Onor e à ponte Romana. A Ponte Romana de Gimonde está classificada como “imóvel de interesse público” e fica junto a uma outra, bem mais recente, datada do século XIX, que agora a substitui na circulação rodoviária. A ponte Romana estaria integrada numa via importante na época, a denominada “Via XVII” que ligava Bracara Augusta (Braga), Aquae Flaviae (Chaves) e Asturica Augusta (Astorga, em Espanha). A bonita ponte de seis arcos, originalmente seria construída em xisto (matéria prima existente na zona) argamassado com barro. Ao longo do tempo a ponte sofreu sucessivas recuperações até ter o aspecto actual em cantaria de xisto.

Entre as duas pontes, podemos atravessar o rio saltitando entre as poldras ali instaladas que permitem uma travessia apeada… Eu tentei, mas achei melhor voltar pela ponte novamente… A travessia pelas poldras não é tarefa fácil, pois a distância entre pedras não é tão curta quanto possa parecer e requer alguma atenção e equilíbrio. 

Junto ao rio e ao parque de festas existe a famosa torre em ferro com um ninho de cegonha, outro ex-libris da aldeia. O enquadramento paisagístico junta à ponte romanda e às poldras é lindíssimo e certamente que irá fazer aqui muitas fotografias. 

Do outro lado do rio, um pouco retiradas do centro da aldeia, ficam as capelas de Santo António e de Santa Colombina.

Não deixe de passar na padaria (à face da N218) e pedir o famoso Pão de Gimonde. Ao que parece, ali ainda seguem as receitas e métodos antigos, que terão começado no forno comunitário da aldeia. Hoje é uma indústria de panificação moderna mas que respeita as tradições ancestrais com a cozedura em forno a lenha e usando levedura natural. Prove o Pão de Gimonde, o Pão de Figo (com nozes e passas) ou o Pão de Castanha.

Gimonde é uma das mais características aldeias do distrito de Bragança. Uma aldeia que deve ser visitada todo o ano, pelo contacto com a natureza e pela famosa gastronomia da região, onde se destacam a posta e os fumeiros. Porta de entrada para o Parque Natural de Montesinho, Gimonde é uma aldeia pitoresca, de pessoas simples e genuínas. É uma aldeia sossegada, num ambiente bucólico e de grande beleza. «



João Pais - Blog: Linha da Terra

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