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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 5 de setembro de 2021

Hélia Correia lamenta iniciativas literárias que apenas servem para exibir escritores

 A escritora portuguesa Hélia Correia defendeu no sábado que as várias iniciativas literárias espalhadas pelo país são cópias de outros festivais dedicados a escritores que não têm raízes nas terras onde estes eventos acontecem e apenas servem para “os exibir”.


Hélia Correia, foi a vencedora da edição de 2021 do Prémio Literário Guerra Junqueiro, que  disse que fica “repugnada” quando “há um sentido de exibição do escritor, enquanto figura interessante”.

A autora portuguesa falava  à margem do Freixo Festival Internacional de Literatura (FFIL) que aconteceu este fim de semana em Freixo de Espada à Cinta, terra natal do poeta Guerra Junqueiro, patrono do prémio  literário  com o mesmo nome.

“As pessoas que frequentam estas iniciativas ficam a olhar para os escritores como se fossem atores, ou seja, como quem precisasse de reconhecimento para escrever”, vincou Hélia Correia.

A escritora vencedora do Prémio Camões em 2015 disse que iniciativas como o FFIL, que aconteceu na vila de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, nascem  de um nome próprio, neste caso o poeta Guerra Junqueiro, um autor natural desta terra transmontana.

“São iniciativas que não têm o gosto do espetáculo gratuito que se vê noutros lugares. Eu acompanho muito o Festival de Poesia de Vila Velha de Ródão [Castelo Branco] que decorre em circunstância de grande criatividade semelhante ao FFIL, que tem uma ligação extraordinária ao mundo da lusofonia”, concretizou a galardoada com o Prémio Guerra Junqueiro 2021.

A escritora assume que não gosta da palavra lusofonia, que a usa  "por comodidade”, mas defende  as iniciativas literárias que promovem “uma ligação aos países de língua oficial portuguesa”.

“Em todos os sítios deveria haver ligações com as literaturas de outros países de língua oficial portuguesa, uma coisa admirável porque enraíza na terra uma cultura que vai procurar os seus laços mais longe, trazendo consigo outras formas de escrita e com mesma língua que nos une ”, concretizou a escritora.

Questionada  sobre o que significa receber um prémio literário, a autora disse que se trata de uma oferta de amigos, mesmo “que não sejam conhecidos”.

“Vejo a entrega de um prémio como quem oferece um ramo de flores, não como um reconhecimento de mérito. É assim que eu vejo. A maior parte das vezes a atribuição de prémio [literário] depende de fatores de circunstância como a composição do júri que tem preferência por variadas formas de escrita”, frisou Hélia Correia.

Contudo, quanto à atribuição do Prémio Guerra Junqueiro a escritora disse que é sempre uma “ prenda bonita, assumindo relevância quando está ligada a atividades culturais menos conhecidas”.

Quanto ao futuro literário, a escritora preferiu não responder às questões da Lusa, afirmando que é um tema que não aborda enquanto está em fase criativa.

Vencedora do Prémio Camões em 2015, Hélia Correia (1949) licenciou-se em Filologia Românica, foi professora de Português do Ensino Secundário, e destacou-se de imediato com as primeiras obras, a poesia de "O Separar das Águas" (1981), a que se seguiu "O Número dos Vivos" (1982) e a novela "Montedemo" (1984), que a companhia de teatro O Bando pôs em cena.

É de poesia o seu mais recente livro, "Acidentes", editado no final do ano passado, e foi com a poesia de "Terceira Miséria" que venceu o prémio Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa, na Póvoa de Varzim, em 2013.

"Um Bailarino na Batalha", "A Teia", "A Chegada de Twainy", "Adoecer", "Insânia", "Soma", "A Casa Eterna", "Bastardia", "Lillias Fraser", "Villa Celeste" e os contos de "Vinte Degraus" são outros títulos da escritora, numa carreira literária de 40 anos.

Hélia Correia revelou, desde cedo, o gosto pelo teatro e pela Grécia Antiga, o que a levou a representar "Édipo Rei", a escrever "Rancor - Exercício sobre Helena", e a revisitar "As Troianas" (com Jaime Rocha) e "Medeia", de Eurípides, que transpôs para "Desmesura", e "Antígona", de Sófocles, para "Perdição", textos que companhias como A Comuna, Espaço das Aguncheiras e A Escola da Noite puseram em cena.

Foi também a Grécia que a levou a escrever "A Coroa de Olímpia" e "Mopsos - O Pequeno Grego", para leitores mais novos, a quem também dedicou "A Ilha Encantada", versão da "Tempestade", de Shakespeare, "A Luz de Newton" e "Os Papagaios de Natal", livro de contos, com ilustrações de Manuel Botelho, o seu título mais antigo, publicado em 1977, pela Cooperativa de Acção Cultural - Vozes na Luta.

Hélia Correia recebeu o PEN Club e o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco e o Grande Prémio de Romance e Novela, ambos da Associação Portuguesa de Escritores.

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