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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

A chave ferrugenta do palheiro...


Pudesse eu assim cantar meu fado 
E dizer: "sou Engenheiro dos de certo!" 
Que depressa um padrinho mais prendado 
Me faria passar a efectivo 
De uma Câmara pouco ou nada exigente... 
E então também eu me passearia 
Em carro mais ou menos reluzente, 
Como vem fazendo aqui e agora 
Muito homúnculo a que por bizarria 
Damos desde há tempo o epíteto de "gente"!
Mas -ai de mim!- que não sou Sousa 
Nem bacharel nem engenheiro... 
Que não me inscrevi à pressa numa Independente 
Universidade de trazer por casa... 
Nada tenho e é pouca a cousa 
Que faz de mim um cidadão honrado: 
Como muitos pago imposto e sou roubado... 
Quando era estudante fui chumbado 
Por não dizer "amen" como o restante gado 
E ter mantido o nariz bem empinado!
Agora aqui estou -pobre de Deus!- 
Faço versos que dou aos meus amigos... 
Bebo copos de vinho rasca e baptizado 
Rio-me do mundo e deste povo esfarrapado 
Que leva no toutiço e 'inda ri e bajula 
O semp'eterno, escrevendo no caderno 
Avé Marias cheias de graça e de dinheiro... 
Esse bruto, cabeça oca, esse farsola que aceita 
Ser governado por um pseudo-engenheiro, 
Porque, ao que parece, já não há quem queira 
A chave velha e ferrugenta do palheiro!

Veríssimo Ramos
(num dia em que, como Bocage, se achou mais pachorrento!)

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