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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 2 de novembro de 2014

A OLIVEIRA

SÍMBOLO DE PAZ, FECUNDIDADE, FORÇA E PURIFICAÇÃO

No tempo em que os vegetais falavam, as árvores reuniram-se em assembleia para eleger a sua rainha. Após longa discussão, todos concordaram em escolher a oliveira. Todavia, esta recusou o honroso cargo, argumentando que a sua nobre missão em prol do bem da humanidade era por demais importante, não podendo desperdiçar o seu tempo em ocupações de governo.

Segundo a mitologia grega, Atenas, a deusa da sabedoria e da paz e Poseidon, o deus dos mares, discutiram sobre quem daria o seu nome à nova cidade da região de Ática. Zeus, o rei dos deuses, decidiu que ganharia quem apresentasse a melhor oferta. Então, Poseidon espetou o seu tridente num rochedo e logo fez brotar uma fonte de água cristalina. Atenas, por sua vez, brandiu a sua lança no solo e imediatamente surgiu uma oliveira. Esta foi considerada a oferta mais valiosa, pois proporcionava iluminação, aquecimento, alimentação, medicamentos, cosméticos, etc. Assim, de acordo com a lenda, nasceu a cidade de Atenas que, ainda hoje, possui a oliveira como seu símbolo hierárquico.

Os cientistas, com base nos estudos efectuados sobre folhas petrificadas, concluíram que a oliveira possui uma história de 60 mil anos, em que a realidade se confunde com a lenda. Conhecida dos assírios e babilónios, teria sido apresentada no Egipto pela deusa Isis e na Grécia por Minerva. Os hebreus já a conheceriam desde o tempo de Adão. Mas, fosse qual fosse a sua origem, sempre foi um símbolo de paz, fecundidade, força e purificação.

A Olea europaea L., ou a sua variedade selvagem “sylvestris” (zambujeiro), é claramente oriunda da bacia mediterrânica, dando-se em solos alcalinos e soalheiros com clima idêntico ao da citada região. Abro um parêntesis para recordar que, na última viagem à Madeira, fui encontrar em Câmara de Lobos, várias oliveiras muito viçosas. Logo indaguei se davam azeitonas. Responderam-me que serviam apenas como espécie ornamental, pois jamais frutificavam.

Creio que não vale a pena descrever, em pormenor, as características botânicas desta árvore milenária, pois toda a gente a conhece com o seu tronco acinzentado e as suas folhas coriáceas, lanceoladas e verde-claras. Também todos conhecem as azeitonas que começam por ser verdes e gradualmente vão escurecendo. E até “vão à mesa do rei”!

Pondo de parte os aspetos culturais, sociais, etnográficos, mitológicos, religiosos, históricos e económicos da oliveira que, só por si, dariam para elaborar volumosos tratados, iremos deter-nos, apenas e resumidamente, nos atributos da área da saúde, já que se trata de uma planta medicinal das mais preciosas, embora, por vezes, seja injustamente subavaliada.

Comecemos pela casca que é adstringente e febrífuga. Usa-se o seu cozimento na proporção de 50g para um litro de água.

As folhas são vasodilatadoras e diuréticas, sendo adequadas para o reumatismo, a gota, a arteriosclerose, a diabetes e sobretudo, a hipertensão arterial. Fervem-se lentamente 200g de folhas num litro de água, até reduzir o líquido para metade do seu volume inicial.

O azeite deve ser tomado em jejum (duas colheres de sopa) como laxativo, ou usado em clisteres evacuadores (50cl para um litro de água, adicionado duma substância emulsionante). Para queimaduras, é eficaz a aplicação de uma mistura de duas colheres de azeite com uma clara de ovo bem batida.

Da dieta mediterrânica em que o azeite é ingrediente central, também não iremos falar, dada, felizmente, a sua atual divulgação, mas valerá a pena referir os benefícios deste salutar óleo vegetal para atenuar conhecidas enfermidades.

Problemas cardíacos – Está comprovado que o azeite reduz o nível das gorduras de baixa densidade, ou seja o “mau colesterol”, aumentando o teor das gorduras proteicas de alta densidade – o “colesterol bom”. Desta maneira, evita a formação de gordura nas artérias e reduz os riscos de enfartes de miocárdio. 

Úlceras – O azeite não irrita o estômago, reduz os líquidos gástricos e ajuda na cura das úlceras.

Pele – O azeite contém vitaminas B e E e provitamina A, protegendo a pele das radiações solares nocivas e das queimaduras.

Sistema nervoso – A clorofila existente no azeite contribui para o aumento das células e reforça o metabolismo e o dinamismo do sangue.

Cancro – O consumo regular de azeite reduz até 25% as probabilidades de cancro na mama, segundo estudos da conceituada universidade americana de Harvard.

Velhice – As substâncias antioxidantes contidas no azeite protegem as células do cérebro e ajudam a envelhecer bem.

Bílis – O azeite contribui para o bom funcionamento da bílis.

Ossos – O azeite tonifica o esqueleto e o desenvolvimento dos ossos. É particularmente importante para a prevenção da osteoporose e para o fortalecimento da estrutura óssea das crianças.

Pâncreas – O azeite activa o funcionamento do pâncreas, pelo que os diabéticos que o consomem, necessitam de menos insulina.

Finalmente, não devemos menosprezar o uso externo do azeite no fortalecimento das unhas, no alívio de pés cansados, no brilho e saúde capilar, na suavidade das mãos e da pele, nos preparados contra as rugas e em imensos tratamentos cosméticos.

Nos últimos tempos temos menosprezado o cultivo da oliveira, ao contrário do que acontece em Espanha, na Itália, na Grécia e na Turquia. Nestes dois últimos países, como tivemos recentemente ocasião de comprovar, as oliveiras são adoradas e protegidas legalmente, sendo as suas virtudes alimentícias e curativas ensinadas às crianças, desde os jardins-de-infância. No México, país que não tem oliveiras, o azeite é vendido nas farmácias, como valioso medicamento.

Com este modesto escrito, mais não se deseja do que aumentar a sensibilidade dos cidadãos face a um património natural vivo que urge estudar, enaltecer, intensificar a produção e utilizar de forma adequada e criteriosa.

Miguel Boieiro

Nota: Miguel Boieiro nasceu na «Margem Sul do Tejo – Seixal», com Curso de Contabilidade e Administração. Tem um currículo muito rico, de que destaco, ter sido Presidente do Município de Alcochete durante 19 anos, é Presidente da Assembleia Municipal e foi Presidente da Assembleia Municipal do Seixal. É Presidente da Sociedade Portuguesa de Naturologia e especialista em Esperanto. Publica textos em vários jornais e editou o livro «As Plantas, nossas irmãs». Vai apresentar o seu novo livro «Plantas para curar e para comer»: 19OUT2014 na Sociedade Portuguesa de Naturalogia (Lisboa), 07NO2014 na UNICEPE (Porto), 10NOV2014 na Biblioteca Municipal dos Coruchéus (Lisboa) e 15NOV2014 na Biblioteca Municipal de Alcochete. Este texto foi produzido no âmbito da comunicação que fez na Universidade Sénior dos Coruchéus. Pelo que a Oliveira representa para Mirandela e a nossa região dá-se a conhecer aos amigos leitores este texto. Conheci (e sinto-me honrado) o Miguel Boieiro por intermédio de uma amiga comum e investigadora, Teresa Perdigão. (Jorge Lage)

Na foto, de Jorge Lage, a «Oliveira de Tavira» a árvore mais antiga de Portugal com cerca de 2.000 anos. Coeva de Jesus Cristo. Situa-se no aldeamento turístico Pedras d’El Rei, concelho de Tavira.

Miguel Boieiro
in:diario.netbila.net

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