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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Portugal e Espanha vão ter estratégia comum contra o despovoamento

Foi há 40 anos que Mário Soares e Adolfo Suarez substituíram o Pacto Ibérico das ditaduras e abriram o espaço das cimeiras luso-espanholas.

António Costa e Pedro Sanchés LUSA/MIGUEL A. LOPES

Lisboa e Madrid vão definir uma estratégia comum contra o despovoamento da zona da raia. Este é um dos pontos da 30.ª cimeira luso-espanhola que decorre na tarde desta quarta-feira em Valhadolid, em Castela e Leão, uma das quatro regiões de Espanha de fronteira com Portugal.


Este propósito tem um método, protagonistas e calendário. Vai ser criado um grupo de trabalho dirigido por Anselmo Castro, vice-reitor da Universidade de Aveiro, e Isaura Leal, comissária do Governo espanhol para o desafio demográfico, com um timing apertado: até finais de Abril de 2019.

O despovoamento é óbvio dos dois lados da fronteira e o diagnóstico está feito. “É um problema estrutural dos dois países, é necessário investimento em vias de comunicação, serviços públicos locais e isenções fiscais à instalação de empresas para fixar a população”, descreveu em Setembro, ao PÚBLICO, o secretário de Estado da Política Territorial e Função Pública de Espanha quando, em Lisboa, preparou a cimeira.

A reunião desta quarta-feira em Valhadolid parte da constatação de que é preciso um esforço comum para o desenvolvimento para beneficiar de fundos comunitários e atrair investimentos. A cimeira dará o impulso político num terreno já desbravado pela normalidade dos contactos ministeriais e o hábito do diálogo técnico.

Simbolicamente são comemorados este ano o 40.º aniversário do Tratado Bilateral de Amizade e Cooperação entre os dois países, assinado por Mário Soares e Adolfo Suárez, que substituiu o Pacto Ibérico das ditaduras, e os 20 anos da Convenção de Albufeira sobre os rios internacionais Douro, Tejo e Guadiana.

A primeira efeméride foi aprofundada por cimeiras e um ambiente de normalidade diplomática, que levou o primeiro-ministro, António Costa, a destacar à Lusa que a reunião de Valhadolid é a continuidade da do ano passado, de Vila Real. Contudo, não deixa de ser a primeira cimeira com o Governo espanhol liderado por Pedro Sanchéz, que vive um conturbado momento político com a perspectiva de eleições antecipadas.

Por outro lado, a cimeira de Valhadolid tem lugar a 72 horas do Conselho Europeu sobre o "Brexit", com a Espanha descontente com o artigo 184 do acordo entre Bruxelas e Londres, ameaçando com o veto, se não houver uma referência explícita de que as conversações sobre Gibraltar ficam fora do âmbito da União Europeia. Um tema a ser abordado por Costa e Sanchéz e os dois chefes da diplomacia.

As posições do novo executivo de Madrid sobre energia nuclear, com o fim das centrais que terminem o seu ciclo, resolvem a questão de Almaraz. Já a implementação da Convenção de Albufeira no quadro da directiva europeia da água, a situação dos caudais do baixo Guadiana e da qualidade da água do Tejo estão em negociação.

Delinear com a Espanha as ligações ferroviárias da próxima década também está em jogo. Nos actuais três eixos, a norte, sul e na linha do Minho há progressos. A electrificação desta última foi adjudicada no derradeiro troço de Viana a Valença e está a terminar na ligação de Nine, na área de Famalicão, a Viana. Quanto ao corredor de Sines à fronteira do Caia, foi lançado o concurso público entre Évora e o Caia.

As delegações constituídas pelos chefes do Governo, nove ministros e quatro secretários de Estado assinarão vários acordos. É contemplado o alargamento da protecção civil até 25 quilómetros da fronteira. Na cooperação científica, a Espanha vai aderir ao projecto Air Center para o estudo dos oceanos, há um protocolo dotado de fundos comunitários para adquirir um supercomputador para a Península Ibérica e o lançamento da rede ibérica para a computação avançada.

Com a comunidade de Castela e Leão, anfitriã da 30.ª cimeira, é estabelecido um protocolo para a introdução do português no ensino, fechando a coroa nas zonas de fronteira, que inclui já a Galiza, Andaluzia e Estremadura espanhola. Se nas escolas portuguesas, no ano lectivo 2016-17 havia mais de 91 mil alunos de espanhol, só na Estremadura há 20 mil a estudar português.

Nuno Ribeiro
Jornalista fundador do PÚBLICO. Comecei como jornalista no Diário de Lisboa, onde fui enviado à guerra civil de Angola. Mais tarde integrei a equipa de investigação do semanário O Jornal que, entre outros casos, revelou as fraudes do Fundo Social Europeu e do Ministério da Saúde. Durante 20 anos fui correspondente permanente do PÚBLICO em Espanha. Nessa função entrevistei, entre outros, Felipe González, José Maria Aznar e Rodriguez Zapatero, e assinei semanalmente a crónica de futebol La Cancha. Co-autor do livro Vaya País, volume de crónicas de correspondentes estrangeiros sobre a realidade espanhola. Integro actualmente a editoria de Política.

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