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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Capela do Senhor dos Perdidos, Vale Churido, Bragança Deixamo-la perder, ou recuperamo-la?

A capela do Senhor dos Perdidos está inscrita no itinerário da piedade popular das gentes de Bragança, faz parte da memória cultural e devocional, bem único, portadora duma mensagem que compete legar às gerações futuras.

Reza a lenda que, nos limites de Bragança, para lá do rio Fervença, se travou uma dura batalha, em tempos da reconquista cristã. Os Sarracenos liderados por Sá, à frente de mil homens, investem contra as tropas cristãs do conde de Ariães, vindo estes últimos a ser derrotados no sítio da Perdida, onde mais tarde se edificou a Capela.

Adérito Gino Gomes, vizinho, diz que na Perdida, para lá da ponte do Fervença, em tempos a propriedade era indivisa. Terá pertencido a uma Oblata, de apelido Pires, residente na Casa das Beatas a quem os fervores republicanos expropriaram e venderam os seus bens em hasta pública. Os terrenos foram adquiridos por quatro militares: o Capitão Matos, o Alferes Fernandes, o Capitão Mário Fernandes e, o Tenente Benjamim Santos Lopes, este último tio de Gino Gomes, para quem transitou em herança a parte junto à capela.

A capela confronta a nascente com Benjamim Lopes, sul e poente com o caminho público e, foi reclamada pela Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Nossa Senhora da Assunção de Samil ao Estado Português, em 17 de julho de 1942, sendo-lhe atribuída “a bem da nação”.

Por debaixo da caliça vê-se uma pequena pintura a fresco, mas só uma prospeção às paredes poderá revelar o resto. A urna do altar é decorada com motivos vegetalistas dourados em relevo, purpurinados. O restante retábulo é pintado sobre a madeira, com pigmentos de policromia. Ainda possui a “pedra d’ara”, pois aqui, pese a exiguidade do espaço, celebraram-se eucaristias, casamentos e, batizados. Ao centro uma pequena cruz e, as imagens do Calvário, nas peanhas a Sra. de Fátima, São José e, por perto Santo Expedito. A toda a altura, na parede nascente, uma enorme cruz das almas policromada.

No exterior, a cornija de granito lavrado em papo de rola, duas cruzes e, 4 jarrões, na cobertura. A porta é em madeira sólida e, com janelão, gradeado em ferro forjado. As paredes do edifício encontram-se em degradação, devido às fortes infiltrações da água da chuva. O muro que cerca o exíguo adro também ele  manifesta incúria, com o tijolo à vista, por falta de revestimento.

Esta pequena jóia dos afetos devocionais dos Brigantinos, no Vale Chorido, zona nobre da cidade, é um exemplar da arte e espiritualidade barroca encontrando-se em acelerada degradação. Deixamo-la perder, ou recuperamo-la?

Pe. Estevinho Pires

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