Começou esta segunda-feira a vacinação contra a gripe, mas só para grupos específicos: lares de idosos, Unidades de Cuidados Continuados, utentes e funcionários, profissionais de saúde, grávidas e reclusos. Para a população em geral, principalmente maiores de 65 e doentes crónicos, a vacina da gripe só começará a ser disponibilizada a partir do dia 19 de outubro.
Em tempos de pandemia, as autoridades pedem que se vacine o maior número de pessoas, mas também pedem serenidade e calma. No distrito de Bragança, para que as pessoas não se desloquem, em massa, aos centros de saúde, farmácias e hospitais, todas as Juntas de Freguesia vão servir de local para tomar a vacina.
"Antes de o utente ir procurar a vacina, vai a vacina ter com o utente." Quem o diz é Maria Adelaide Batista, dos Cuidados de Saúde Primários da Unidade Local de Saúde de Bragança. Acrescenta que "os grupos de enfermagem de todos os Centros de Saúde fizeram um plano para cada Centro. Vão marcar datas para irem às juntas de freguesia, vacinar os seus utentes, para que seja pacífico, para que não haja alarmismos".
E esta é a mensagem mais importante que a saúde pública de Bragança quer fazer chegar aos habitantes. Em todas as juntas de freguesia do distrito haverá equipas de profissionais a dar vacinas. Maria Adelaide Batista pede serenidade.
"As pessoas devem estar calmas, as vacinas vão ser para todos, vão ser vacinados na sua junta de freguesia. Não corram aos Centros de Saúde porque vai também prejudicar o trabalho normal do Centro de Saúde e não se beneficia a população."
A vacinação, pelo distrito e no país só começará, na segunda fase, dia 19 de outubro. Inácia Rosa, delegada de Saúde de Bragança, pede às pessoas que se vacinem porque o diagnóstico da gripe e da Covid-19 é muito semelhante.
"Quantos mais se vacinarem, mais facilita o diagnóstico diferencial, dada a situação que estamos a viver. Para se fazer uma vacina para este ano teve por base o tipo de vírus que ocorreram no hemisfério sul. Há quatro vírus que vão estar cobertos por esta vacina, o que nos facilita o diagnóstico diferencial entre gripe e coronavírus."
E quanto menos gente, nesta fase de pandemia, tiver que ir aos hospitais, melhor. Inácia Rosa acrescenta que obtenção da vacina é fácil e não é só gratuita para os maiores de 65 anos.
"Abaixo dos 65 anos existem grupos com patologias que entram na gratuitidade. E para outras pessoas, que não estejam nesses grupos mas que acham que se devem vacinar podem pedir uma receita ao médico de família e que é dispensada nas farmácias comunitárias com comparticipação de 37%. O objetivo é sempre o de que as pessoas não tenham consequências, que não apanhem a gripe e depois, os serviços de saúde."
A vacina da gripe pode ser tomada até ao fim deste ano. Sem comparticipação custa 7 euros
Com chá de cebola, carões de abóbora, figos e mel
Mas se os serviços de saúde apelam à vacinação, há muita gente que não quer ouvir falar dela. Celeste Silva é a proprietária do café Términus à saída de Bragança. Tem uma doença crónica nos ossos. Nunca tomou a vacina da gripe nem a vai tomar.
"Não! Porque acho que isso ainda traz mais vírus do que os que temos. Nunca a levei. O ano passado a médica ainda me disse mas eu não quis tomá-la, por causa dos problemas de saúde e tinha medo que me constipasse mas mesmo assim não a tomei."
Noutro bairro da cidade, na esplanada da gelataria Sabores do Céu, Maria da Conceição com 72 anos também não quer saber da vacina. "Eu não, nunca tomei. Porque não gosto e não gosto porque também não preciso. Tenho passado bem sem a vacina. Nunca me constipo e quando me constipo, tenho que a curar."
E cura-a com um remédio caseiro. "Com chá de cebola e carões de abóbora e figos, tudo fervido com cascas de cebola e mel e depois bebo. E está a gripe curada!"
Ao lado a amiga Maria Alice tem também uma cura barata para a gripe. "Olhe vou para a cama (risos)." E aos 74 anos continua a não querer vacinar-se. "Porque acho que isso não é eficaz. Quem tem tendência a gripar-se, gripa-se de qualquer maneira e quanto menos medicamentos a gente meter para o organismo, melhor."
Guilhermino Morais foi ali tomar um café e toma a vacina da gripe há quatro anos. Este ano vai fazer o mesmo, ele e a esposa. "Espero, logo que que elas venham, ser dos primeiros. É que realmente sinto-me bem em tomá-la, eu e em casa a patroa também faz a mesma coisa. Ela ainda mais porque é doente de risco. E fico bem com el (vacina)."
Com ou sem mezinhas caseiras, em ano de pandemia, as autoridades de saúde pedem e sugerem que se tome a vacina da gripe.
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