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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

SUSPENSOS NO MIRADOURO DA FRAGA DO PUIO NO TERRITÓRIO SELVAGEM DAS ARRIBAS DO DOURO

 Estamos numa plataforma de madeira e vidro. Suspensos sobre uma encosta de granito. Da altura em que estamos a vista projeta-se a 2, 3 km de distância e no fundo de um vale profundo passa o rio Douro. Suspensos fisicamente e com a respiração suspensa pela força da Natureza.


O Douro corre apertado, sereno, depois de ter deixado para trás a barragem de Picote. Reflete cores intensas da luz do sol, reflexos de nuvens ou sombras escuras, silhuetas em movimento das enormes encostas ingremes e rochosas.

Depois de uma longa passagem pelo vale que o nosso olhar tem dificuldade em perceber a extensão, por ser muito estreito, o rio Douro faz uma curva apertada, mas não se alarga muito porque uma frente rochosa teima em resistir à erosão da água.

créditos: andarilho.pt

É nesta encosta que nos encontramos, suspensos na parte de vidro do Miradouro da Fraga do Puio e suspensos também pela beleza da paisagem, “é fantástica. Da altura em que estamos a vista projeta-se a 2, 3 km de distância. O Douro que passa no fundo das arribas e a vista das áreas floridas é deslumbrante”.

Fase da construção do miradouro créditos: andarilho.pt

"Este território do final do planalto mirandês é propriedade da Junta de Freguesia onde em cada pedaço de terra foram plantadas oliveiras e amendoeiras. As árvores são dos camponeses e a propriedade é comunitária”. A descrição é de António Ramos Preto. Nasceu em Picote (ou Picuote, em Mirandês), quase todas as vezes que regressa à terra natal vai ver a Fraga do Puio.

créditos: andarilho.pt

O território é selvagem com pequenas marcas da intervenção humana: oliveiras e amendoeiras - há uma replantação de cerca de uma dezena de hectares, após um incendio em 2017 -, postes de eletricidade e uma pequena estrada de terra batida.

Fraga do Puio @Eduardo Domingues créditos: @Eduardo Domingues

Para além do brilho das águas do Douro, conforme ilustra a foto de Edurado Domingues, o que domina é a aridez. Vegetação rasteira, blocos de granito e encostas enrugadas que se escondem nos vales. São o santuário das aves ao longo do Douro Internacional, como nos disse Margarida Telo Ramos,  engenheira florestal, vive em Picote e foi colaborada do Parque Natural. "O vale é muito encaixado e cria as condições adequadas para muitas aves escolherem as rochas para ninhos".

O grupo de penedos onde havia um ninho créditos: andarilho.pt

"As escarpas funcionam como proteção do homem para muitas espécies que ali nidificam como por exemplo águias, abutres e cegonha preta”.

Picote está inserida no Parque natural do Douro Internacional. A aldeia fica a dois passos do miradouro e é também de visita obrigatória. Vai notar de imediato que a toponímia, a informação dos monumentos e sítios e o curso da vida se expressa em Mirandês.

créditos: andarilho.pt

Como também a hospitalidade das gentes, a arquitetura e igualmente a economia tradicional familiar de subsistência com pequenas hortas. “As arribas do Douro são graníticas e mais para o planalto o solo não é muito fértil e chove pouco. Mesmo assim, em muitas aldeias vemos as picotas, poços, as hortas que são espaços muito importantes para as pessoas".

créditos: andarilho.pt

"São cultivos em terrenos mais férteis e em Picote”, na opinião de  Margarida Telo Ramos "tem a particularidade de haver pequenos pedaços no interior da aldeia".

No passeio por Picote vemos as picotas, as fontes e no Ecomuseu Terra Mater encontramos alguns instrumentos associados à agricultura, como também a outras práticas tradicionais.

Ecomuseu da Frauga créditos: andarilho.pt

O projeto é da iniciativa da Frauga, uma associação de desenvolvimento local que aposta igualmente na salvaguarda do rico património cultural e natural de Picote.

créditos: andarilho.pt

Era bom que outros tivesse o mesmo zelo na outra aldeia da Freguesia, em Barrocal do Douro, onde se encontra ao abandono um fabuloso património arquitetónico.

São vários edifícios do tempo da construção da barragem, entre 1954 e 1958. O conjunto é designado por Moderno Escondido.

Pousada créditos: andarilho.pt

A arquitetura é moderna, com forte influência da escola de arquitetura do Porto. Algumas eram as moradias dos quadros mais qualificados que participaram na construção da barragem ou, nos anos seguintes, na manutenção do complexo hidroelétrico.


A arquitetura surpreende-nos, o enquadramento paisagístico no topo da montanha com vista para a barragem supera o nosso espanto e, depois, levamos um choque aos constatarmos o abandono e a degradação da criação humana.

Capela de Barrocal do Douro, faz parte do conjunto do Moderno Escondido, edificado quando da construção da barragem créditos: andarilho.pt

Como sucedeu em muito outros projetos fronteiriços – de Portugal e Espanha – os recursos locais são aproveitados quase em exclusivo para benefício das grandes e distantes urbes.

Arqueiro da Fraga do Puio @Eduardo Domingues créditos: Edurado Domingues

Razão tem o arqueiro gravado nas rochas da Fraga do Puio, mesmo em frente ao rio Douro, que não diz a ninguém para onde lançou a seta. A presa ninguém a leva e é um segredo que os especialistas calculam que terá entre 4 a 7 mil anos.

créditos: andarilho.pt

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