Fotos do Arquivo de Roberto Afonso |
"Apareceu em Vinhais no início do século XX. Vinha numa viagem, de autocarro, e parou ali para dormir numa das pensões da vila. Gostou da forma como foi recebido e entendeu, por isso, passar mais uns dias. Os dias foram passando e ele decidiu instalar-se na vila de Vinhais". Quem o diz é o professor Roberto Afonso, ex-vereador da cultura da câmara de Vinhais, que acrescenta que o médico Álvaro Leite passava vários dias nas aldeias a fazer consultas. Ia a cavalo.
"Andava de aldeia em aldeia a prestar os serviços médicos que conseguia e que podia e as pessoas gostavam tanto dele e era tão acarinhado pela população que, nos anos 40 (do século passado), as pessoas fizeram um peditório e com o dinheiro reunido, foi-lhe oferecido um carro, uma coisa que era nova na altura e, ele, claro, deixou de andar a cavalo, passou a andar de carro pelas aldeias e continuou a seguir e a tratar a população."
Álvaro Leite era tão adorado e respeitado que chegou a presidente de câmara e a outros cargos no distrito de Bragança. "Era tão popular e uma pessoa tão bem vista que, rapidamente, chegou a governador Civil do distrito de Bragança. Continuou a exercer como médico e depois delegado de Saúde."
E por ter tido uma relação tão intensa, em vida, com as gentes de Vinhais, fez, na hora da morte, um pedido muito particular, refere Roberto Afonso. "Deixou expressa a vontade de ser enterrado com terra de Vinhais. E então as pessoas que foram ao funeral, foram de autocarro, isto já nos anos 50, levaram sacas de terra com a qual foi coberto no cemitério, lá na zona de Fafe."
Álvaro Leite foi, nas primeiras décadas do século passado, mais do que um médico do povo que o povo de Vinhais nunca esquecerá.
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