sexta-feira, 4 de setembro de 2020

EM BICOS DE PÉS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Sempre que há acontecimento, que envolve politico ou figura pública, aparecem intelectuais e pseudointelectuais, em bicos de pés, na mass-media.
Para marcarem opinião? ou para aparecerem?
Creio, na maioria das vezes, é apenas vaidade. Só vaidade; para se tornarem conhecidos…
Joaquim Letria, quando faleceu Jorge Amado, escreveu interessante crónica intitulada: “Abutres” (24Horas-20/8/01), nela refere-se ao desaparecimento de figuras conhecidas, e assegurando que logo surge quem afirme ser amigo, e narra curioso episódio ocorrido com ele:
“ Morre uma personalidade – escreve Joaquim Letria, – um vulto, uma figura, como lhes querem chamar, e aí estão eles a voar baixinho, prontos a dizerem o que mais aprouver, sempre politicamente corretos, sem risco dum desmentido, pois o cadáver não reclama e parece mal à família protestar, em vez de estar entregue à sua dor.
“ Surgem assim as grandes frases dos mortos, as controvérsias tardias, as confissões íntimas, a última entrevista, as palavras no leito de morte, as amizades desconhecidas, os amores escondidos, os murmúrios extemporâneos, as vivências exclusivas. Pobres mortos, que nem assim conseguem descansar!”
Fazem por amizade e admiração? Não! Fazem-no, para se tornarem importantes. Para se porem em bicos de pés, e serem conhecidos.
Do mesmo jeito, muitos militam nos partidos políticos; bajulam os líderes; berram na praça pública; assinam abaixo-assinados e petições… Por convicção? Não! Apenas para obterem lugar rendoso, ou satisfazerem a vaidadezinha.
Todavia, há – mas poucos, muito poucos, – que se dedicam a uma causa. Que servem, e não se servem.
Se o Mundo não está ainda pior, é devido a esse punhado de homens e mulheres, que abnegadamente se entregam, a obras meritórias, como a Irmã Teresa de Calcutá.
Mas, infelizmente, são poucos, muito poucos A maioria, buscam apenas benesses…

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Sem comentários:

Enviar um comentário