Via atravessa o Parque de Montesinho, o que tem levantado problemas - ADRIANO MIRANDA / PUBLICO |
A inclusão da ligação rodoviária entre Bragança e Puebla de Sanabria no Plano de Recuperação e Resiliência que o país vai entregar em Bruxelas foi recebida com expectativa em Bragança. O município há muito que vem reivindicando o prolongamento do IP2 para a fronteira, garantindo um melhor acesso àquele concelho espanhol que vai ser servido pela ligação de alta velocidade entre a Galiza e Madrid. Se a obra avançar, Bragança ficará a três horas da capital espanhola.
Com o apoio do Eixo Atlântico, o município de Bragança procurou nos últimos anos resolver um impasse de duas décadas em torno desta via, que tem um troço a passar em pleno Parque Natural de Montesinho, o que foi levantando, sempre, impedimentos ambientais à sua concretização. As opções entretanto trabalhadas pela empresa Infra-estruturas de Portugal e pela Junta de Castela-Leão, após protocolo assinado no ano passado, resolverão, segundo o autarca Hernâni Dias, esta questão. Mas o projecto ainda terá de ser submetido a estudo de impacto ambiental. Em Fevereiro, num Conselho de Ministros realizado na região, o próprio primeiro-ministro assumira, contudo, a importância desta obra.
No entanto, o autarca considera que “o que tem travado a ligação de Bragança à Puebla de Sanabria é “a falta de vontade política. Desde há muitos anos a esta parte que os sucessivos governos têm prometido uma ligação que permitiria um acesso rápido à Rede Ferroviária de Alta Velocidade, situada a apenas 30 quilómetros de Bragança, assegurando à região Norte de Portugal um reposicionamento estratégico extremamente relevante, numa óptica de desenvolvimento do país e desta região, em particular, resultando numa importante porta de entrada e saída do nosso país. Efectivamente nunca houve vontade para dotar financeiramente esta obra. Foi sempre o Município de Bragança a impulsionar e reivindicar a sua construção”, lembra Hernâni Dias, em resposta ao PÚBLICO.
A obra tem um valor estimado de 30 milhões de euros. Se o seu orçamento concreto ainda tem de ser calculado, em função do projecto que venha a ser adoptado, as suas repercussões são evidentes na relação de Trás-os-Montes com o país vizinho, e mesmo no seu “posicionamento” em Portugal, onde só nesta década viu desencravado o acesso ao Atlântico, com a abertura da auto-estrada Transmontana, obra que era aguardada há décadas.
Na verdade, com o país a adiar o desenvolvimento de uma rede ferroviária de alta velocidade, Bragança, com esta via para Sanabria, seria a primeira cidade portuguesa a ter acesso a este serviço, que a coloca, e a todo o Nordeste transmontano, a escassas três horas da capital espanhola. A partir desta, a região teria um acesso privilegiado a outras cidades espanholas importantes, também servidas pelo AVE, e, obviamente, à Europa. Já para os espanhóis, este investimento significa uma aproximação a 200 mil potenciais clientes que vivem do lado português, algo que não é de somenos.
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