Ao longo dos últimos dias, nos concelhos de Bragança, Vinhais e Mirandela, os mais pequenos têm estado a aprender a arte, através de oficinas de cinema. As crianças assumem vários papéis, nas filmagens, produção, realização e até mesmo na pele de actores. Em Bragança, onde no sábado decorreu a segunda sessão, os mais pequenos mostraram-se fascinados com este mundo, já que não imaginavam que fosse tão grande o trabalho que há por detrás do que veem no ecrã.
“Nós estivemos a fazer uma curta-metragem que era o ‘Macaquinho do Chinês’ e que falava sobre três crianças e também abordava o bullying na escola e dá muito trabalho, porque temos que posicionar tudo e também ter cuidado com os figurantes”, disse uma das crianças participantes.
O projecto cultural foi pensado por Tiago Fernandes. O vinhaense estudou Cinema na Universidade da Beira Interior, onde agora também dá aulas, e diz-se surpreendido, uma vez que as crianças revelam já bastante cultura cinematográfica. Assim, o objectivo passa mesmo por lhes mostrar que tudo aquilo que consomem é trabalhoso.
“As crianças consomem muito audiovisual nas redes sociais, no Youtube principalmente, mas muitas vezes não estão sensibilizadas para aquilo que acontece por trás, como é que é feito, os efeitos especiais”, referiu.
Numa primeira fase, o “Cinema dos 8 aos 80” foi para o terreno nos meses de Julho e de Agosto, com sessões de cinema ao ar livre, também nos concelhos de Bragança, Vinhais e Mirandela. O projecto levou a sétima arte ao distrito, que tem pouca oferta a este nível. Satisfeito com a adesão às sessões, Tiago Fernandes revela que a ideia é criar um festival de cinema.
“O objectivo do projecto é valorizar a arte cinematográfica enquanto arte que no nosso distrito acaba por não ter grande representatividade, há poucas salas de cinema, não temos acesso muitas vezes a outro tipo de cinematografias, e então a ideia foi trazer filmes um pouco diferentes daqueles que vemos na sala de cinema. Queremos avançar para algo maior, como por exemplo, um festival de cinema transconcelhio”, disse.
O projecto do vinhaense Tiago Fernandes teve o apoio do programa “Garantir Cultura” e foi o único que durante a pandemia permitiu a exibição de filmes nestes três concelhos da região.
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