Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
O termo Avatar a que nos começámos a habituar depois do sucesso do filme com esse nome do cineasta americano James Cameron, deriva de um conceito hindu de reencarnação divina tendo hoje um significado ligado ao mundo virtual, normalmente associado ao Metaverso. É usado em jogos de computador onde se pretende mergulhar o utente num ambiente digital imersivo. É uma espécie de um alter ego que, assumindo as características próprias e personalizadas, se submete a experiências que, pelas suas fantasias, excentricidades ou “perigosidade”, se submete a experiências, normalmente virtuais, que poderiam representar algum perigo (ou mesmo impossibilidade) para o próprio. A medicina contemporânea foi buscar o termo e a respetiva abstração para, recorrendo a tecnologias atuais, muitas vezes com apoio da Inteligência Artificial, usar outras “entidades” para exponenciar as técnicas de tratamento.
Frequentemente com a ajuda de cientistas que, felizmente, cada vez mais, na investigação translacional, gravitam na órbita de hospitais e clínicas. É o que acontece na Fundação Champalimaud nas várias áreas em que atua, seja no Centro Clínico, seja no Centro de Investigação. Em concreto, o grupo de Rita Fior está a desenvolver e levar à prática um projeto que, espera-se, vai revolucionar o tratamento do cancro, sobretudo as formas líquidas desta doença.
Frequentemente com a ajuda de cientistas que, felizmente, cada vez mais, na investigação translacional, gravitam na órbita de hospitais e clínicas. É o que acontece na Fundação Champalimaud nas várias áreas em que atua, seja no Centro Clínico, seja no Centro de Investigação. Em concreto, o grupo de Rita Fior está a desenvolver e levar à prática um projeto que, espera-se, vai revolucionar o tratamento do cancro, sobretudo as formas líquidas desta doença.
O tratamento oncológico passa pela remoção dos tumores (mais fácil nas formas sólidas) e eliminação das células cancerígenas que não foram extraídas por dificuldade acrescida ou mesmo, impossibilidade. Para esta última operação usam-se várias tecnologias, sendo as mais conhecidas a quimioterapia e radioterapia, em- bora várias outras, menos invasivas e, quiçá, mais eficazes, estejam a ser investigadas e experimentadas. Algumas delas promissoras porém, embora sendo seguras, não é ainda evidente qual ou quais delas são as mais eficazes e com menores efeitos secundários indesejáveis. E é aqui que o grupo de Fior pretende assumir um papel de relevo.
A investigadora propõe-se recolher uma amostra das células cancerígenas de cada um dos doentes, reproduzi-las em laboratório e injetá-las em várias dezenas de peixes zebra que, a partir de então, ficam marcados como os Avatares do paciente em causa. Os modelos são divididos em vários grupos, tantos quantos o médico entender que são os tratamentos possíveis e indicáveis para o doente. As tecnologias são transferidas para os peixinhos e estes passam a ser monitorizados para avaliar a progressão do tratamento em cada um dos grupos. Nesta primeira fase é possível informar, em tempo real, qual dos tratamentos em curso é mais eficaz orientando o clínico para uma atuação mais célere, eficaz e, sobretudo, menos dolorosa para o utente.
Sabendo do sofrimento, físico e também psicológico que estas terapias têm em quem delas precisa e sendo óbvio que num indivíduo, optando por uma delas, é preciso esperar pela avaliação da sua eficácia, para passar à seguinte, a possibilidade de poderem ser feitas em modelos, todas ao mesmo tempo e proceder a uma comparação sincronizada dos seus resultados, constitui um ganho enorme para quantos recorrem aos cuidados médicos. Ganha-se em bem estar, confiança e, sobretudo, em tempo que em algumas vezes pode representar a diferença entre sobreviver ou não.
Porém, o intuito da investigadora é ir mais longe. A partir de um universo maior de doentes, que extravasa muito a Champalimaud, criar uma extensa e bem documentada base de dados que, manipulada por tecnologias de Inteligência Artificial, possa restringir as tecnologias a adotar e, em casos mais graves e urgentes, selecionar logo uma!
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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